Ainda que não receba tanta atenção quando Nitrogênio, Fosforo e Potássio, o Enxofre (S) é considerado um macronutriente essencial para a soja. Em média, são requeridos cerca de 14,4 kg de enxofre para cada tonelada de grãos produzidos (Oliveira Junior et al., 2020).
Mesmo sendo encontrado naturalmente na maioria dos solos, a baixa disponibilidade do enxofre, e/ou sua disponibilidade abaixo do requerido pela soja, pode limitar a produtividade da cultura ainda que os demais nutrientes estejam disponíveis nas quantidades exigidas pela soja, fato popularmente conhecido como Lei do Mínimo ou Lei de Liebig.
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Sendo assim, dependendo da situação e dos níveis de fertilidade do solo, a adubação com enxofre por meio do emprego de fertilizantes pode ser necessária para a obtenção de altas produtividades de soja. Atualmente, há inúmeras fontes de fertilizantes com S disponíveis para uso na agricultura. Entretanto, é preciso atentar para as características dos fertilizantes.
Os fertilizantes contendo sulfato solúvel o (SO4 2-) fornecem S imediatamente disponível para a nutrição das plantas. Já os fertilizantes que contêm S elementar insolúvel, necessitam conversão para sulfato antes que as raízes das plantas possam absorvê-lo, entretanto, dependendo de fatores como as condições climáticas e técnicas, a conversão de S elementar para sulfato pode levar de semanas a anos (IPNI).
Apesar das características do fertilizante, a fonte de S exerce influência sobre a produtividade da soja?
Levando em consideração que algumas fontes de enxofre não estão prontamente disponíveis para a planta, o manejo do nutriente deve respeitar as particularidades do fertilizante, a fim de suprir as exigências nutricionais da cultura durante o período requerido. Em relação à particularidade das fontes, aquelas com S na forma de sulfato (SSP, gesso, sulfato de amônio etc.) fornecem o nutriente na forma prontamente disponível às plantas, mas ao mesmo tempo estão mais propensas a lixiviação no perfil do solo (Minato et al., 2022).
Por outro lado, Minato et al. (2022), destacam que fontes com quantidades parciais de S via sulfato e elementar tendem a equilibrar a velocidade de fornecimento do nutriente, mas devem respeitar particularidades, geralmente atreladas à relação P/S e à capacidade de oxidação do S elementar contido no fertilizante pelos microrganismos do solo. Essa capacidade de oxidação deve receber mais relevância quando a fonte for exclusivamente o S elementar, pois sua eficiência depende exclusivamente dos fatores: contato com o solo, tamanho das partículas e atividade microbiana (Minato et al., 2022).
Na prática, utilizando da metodologia correta para o fornecimento do enxofre, dependendo da fonte, há diferenças com relação a produtividade da soja?
Analisando as repostas produtivas da soja em função de diferentes fontes de enxofre aplicadas na cultura da soja, Minato et al. (2022) observaram que nenhuma fonte de enxofre apresentou diferenças estatisticamente significativas de produtividade acumulada e teor foliar nas condições estudadas, diferindo apenas do tratamento sem adubação com S (Controle).
Figura 1. Produtividade acumulada de soja ao longo de seis cultivos (2016/17 a 2021/22) em função de diferentes fontes de enxofre em um solo de textura média. CTECNO/Campo Novo do Parecis-MT.

Logo, pode-se dizer que quando aplicados de forma correta, respeitando as características e particularidades de cada fonte de S, não há diferença significativa de produtividade da soja em função da fonte empregado do nutriente.
Confira o Trabalho completo de Minato e colaboradores (2022) clicando aqui!
Referências:
IPNI. INFORMAÇÃO AGRONÔMICA SOBRE NUTRIENTES PARA AS PLANTAS: ENXOFRE. IPNI, Nutri-Fatos, n.04. Disponível em: < https://www.npct.com.br/publication/nutrifacts-brasil.nsf/book/NUTRIFACTS-BRASIL-4/$FILE/NutriFacts-BRASIL-4.pdf >, acesso em: 22/02/2023.
MINATO, E. A. et al. MANEJO DA ADUBAÇÃO COM ENXOFRE EM SOLOS ARENOSOS: ENXOFRE, O NUTRIENTE ESQUECIDO. Circular Técnica, n. 01, Aprosoja Mato Grosso, 2022. Disponível em: < http://www.aprosoja.com.br/storage/comissoes/arquivos/ctecno—vitrine-de-cultivares-de-soja-safra-2022-2023.pdf >, acesso em: 22/02/2023.
OLIVEIRA JUNIOR, A. et al. FERTILIDADE DO SOLO E AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DA SOJA. Embrapa, Tecnologias de Produção de Soja, cap. 7, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 22/02/2023.