As cotações do trigo, em Chicago, recuaram para US$ 7,36/bushel no dia 22/02, sendo o mais baixo valor em praticamente 30 dias. No dia seguinte, 23/02, o fechamento, para o primeiro mês cotado, ficou em US$ 7,38/bushel, contra US$ 7,65 uma semana antes, lembrando que no dia 13/02 o bushel chegou a bater em US$ 7,92.

Esta forte volatilidade no mercado internacional do cereal estaria assustando os compradores internacionais, levando a uma redução na demanda. Na Ásia, Oriente Médio e África os compradores estão adquirindo trigo antecipadamente para apenas dois a três meses à frente, contra aquisições para até seis meses anteriormente.

Lembrando que os preços futuros do trigo recuaram mais de 40% desde o pico do ano passado, provocado pelo estouro da guerra entre Rússia e Ucrânia. Em 3 de março do ano passado, por exemplo, o bushel de trigo, em Chicago, bateu em US$ 12,89. Comparando com os US$ 7,36 deste dia 22/02, o recuo é de 42,9% no valor do cereal.

Hoje haveria muito trigo disponível na região do Mar Negro e na Austrália, e os preços podem ficar mais baixos daqui a três meses. Mas se a Rússia parar de exportar, a situação muda radicalmente, com a tonelada podendo ficar 50 dólares mais cara. (cf. IKON Commodities)

Assim, os moinhos e compradores internacionais estariam reduzindo seus estoques. Os estoques no Egito, o maior importador mundial de trigo, devem cair para 3,4 milhões de toneladas até o final de junho, o menor nível em 18 anos, segundo dados do USDA. Estima-se que a Indonésia, segundo maior comprador, tenha menos de dois meses de consumo em estoque quando chegar junho. Já os estoques na Índia, o segundo maior consumidor mundial de trigo, são estimados em 12,6 milhões de toneladas em junho, menos da metade dos estoques de dois anos atrás. Se, por um lado, tal estratégia reduz os preços mundiais do cereal na atualidade, por outro lado, podem gerar um grave problema de elevação nestes preços, com pressão inflacionária mundial, caso haja, logo adiante, problemas na produção global de trigo.

Dito isso, nos EUA os embarques de trigo, na semana encerrada em 16/02, ficaram em 373.400 toneladas, chegando um pouco acima do intervalo mínimo esperado. No total do ano comercial, até agora, o volume embarcado é de 14,6 milhões de toneladas, ou seja, cerca de 2,8% a menos do que o realizado no ano anterior, neste mesmo período.

E no Brasil, os preços do trigo se mantiveram estáveis, com a média gaúcha fechando a semana em R$ 78,00/saco, enquanto no Paraná a mesma se fixou em R$ 90,00.

Segundo a Anec, o Brasil deverá exportar, em fevereiro, algo entre 400.000 a 670.000 toneladas de trigo. Somente na semana do 12 ao 18 de fevereiro o país exportou 170.392 toneladas do cereal. Para esta atual semana (19 a 25/02) a expectativa era de exportações atingindo a 241.720 toneladas de trigo. (cf. Broadcast)

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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).



 

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