Em nova avaliação da safra, efetuada em 458 municípios, a cultura apresenta uma redução de 39,49% na produtividade inicial de 7.337 kg/ha, que foi recalculada em 4.440 kg/ha. As áreas implantadas consistiam em 831.786 hectares, mas foram reavaliadas em 810.380 hectares, ou seja, 2,57% inferior à inicial. Considerando todos os fatores, a produção no Estado foi revista para 3.597.897 toneladas, representando um decréscimo de 41,05%.
A redução de produtividade é decorrente, majoritariamente, da insuficiência de umidade nos solos entre dezembro e fevereiro, período que culminou, em grande parte dos plantios, a fase reprodutiva, crítica para a manutenção de potencial produtivo das lavouras. A irregularidade das chuvas provocou desigualdade em relação à perda no potencial produtivo entre as regiões do Estado. A época de plantio também interferiu no índice de perdas, como é possível observar nas lavouras semeadas no início do período recomendado, que foram as mais prejudicadas. A ocorrência de chuvas entre 02 e 04/03 beneficiou os cultivos em desenvolvimento vegetativo, floração e enchimento de grãos, que totalizam 26% das lavouras. No período, a colheita evoluiu para 61% da área cultivada.
Em termos fitossanitários, houve prosseguimento no monitoramento e no controle das cigarrinhas do milho e da lagarta do cartucho.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, a área cultivada totaliza 56.720 hectares. A estimativa de produtividade atual é de 2.312 kg/ha, sendo 57,91% inferior aos 5.493 kg/ha esperados inicialmente. Os danos são mais concentrados na Fronteira Oeste, principal produtora regional e onde a colheita foi praticamente finalizada. Já na Campanha, a colheita está em fase inicial. Em Hulha Negra, 5% das lavouras foram colhidas. As lavouras sem irrigação apresentam muito baixo potencial, e as irrigadas, de maneira geral, não sofreram perdas significativas. As lavouras implantadas em novembro e que não foram abandonadas devido à estiagem estão em fase de enchimento dos grãos, e a colheita só acontecerá no final do outono, estratégia comumente adotada pelos produtores como forma de manter as plantas a campo para maior perda de umidade. Em Dom Pedrito, 10% das lavouras já foram colhidas, e a produtividade está adequada, considerando que a irrigação é largamente utilizada no município e que a disponibilidade de água durante o ciclo de cultivo foi suficiente. Na região, as lavouras de sequeiro implantadas mais tardiamente, em fevereiro, ainda apresentam bom desenvolvimento. As condições climáticas foram propícias para o controle de ervas daninhas e para a aplicação de fertilizantes nitrogenados em função das chuvas registradas no período.
Na de Caxias do Sul, embora as chuvas tenham ocorrido de modo mais regular, estima-se uma redução de 13,85% na produtividade de 7.871 kg/ha, projetada inicialmente. A nova projeção indica produção de 6.781 kg/ha em 97.060 hectares cultivados. Apesar dessa diminuição, a safra é considerada satisfatória pelos produtores. No período, a colheita avançou lentamente, mas deverá se intensificar nos próximos dias, pois as maiores lavouras, situadas em torno de Vacaria, estão em final de maturação. Na de Erechim, a estimativa de produtividade é de 4.904 kg/ha, representando redução de 48,36% dos 9.497 kg/ha projetados. Os cultivos totalizam 49.500 hectares. Estão 10% em fase de floração/pendoamento, 30% em enchimento de grãos e 60% foram colhidos.
Na de Frederico Westphalen, são cultivados 88.459 hectares. A estimativa de produtividade, inicialmente de 8.073 kg/ha, foi reduzida para 3.993 kg/ha, consistindo em 50,54% de perdas. A ocorrência de chuvas, mesmo que melhor distribuídas, não alterará o cenário, pois 85 % das lavouras já foram colhidas. Na de Ijuí, a área de cultivo é de 83.549 hectares. A produtividade apresenta redução de 44,05% em 9.205 kg/ha, estimados inicialmente, mas reavaliados em 5.150 kg/ha. A cultura está em final de colheita, atingindo 97% de área. Restam áreas marginais e lavouras implantadas em dezembro e janeiro. A incidência de insetos é baixa, e não há contaminação de fungos, conforme os padrões requeridos pela indústria.
Na de Lajeado, a redução estimada é de 33,24%. A produtividade inicial é de 6.031 kg/ha e a atual, de 4.026 kg/ha. A área de cultivo do cereal é 32.853 hectares.
Na de Passo Fundo, a reestimativa aponta produção de 5.824 kg/ha, representando uma redução de 37,18% em 9.271 kg/ha projetados inicialmente. As perdas estão consolidadas, pois cerca de 50% das lavouras já foram colhidas, 30% estão maduras e 20% em processo de maturação. A área de cultivo totaliza 73.730 hectares.
Na de Pelotas, a área de cultivo é de 47.537 ha, e a produtividade foi reavaliada em 2.326 kg/ha, significando redução de 53,47% em relação à expectativa inicial de 4.999 kg/ha. A colheita alcançou 12% das áreas, e 8% estão maduros. A ocorrência de chuvas mais abrangentes resultou na manutenção da umidade nos solos, possibilitando a continuidade no desenvolvimento das lavouras implantadas entre dezembro de 2022 e fevereiro de 2023. Essas lavouras são em sequeiro e predominantemente para o autoconsumo em propriedades da agricultura familiar.
Na de Porto Alegre, a estimativa inicial de produtividade decresceu de 4.432 kg/ha para 3.812 kg/ha, representando redução de 13,99%. A cultura ocupa 34.597 hectares.
Na de Santa Maria, a projeção atual é de 2.636 kg/ha, significando uma redução de 54,57% em 5.802 kg/ha projetados. É a cultura mais prejudicada pela estiagem, chegando a 80% nos municípios mais atingidos. Cerca de 55% dos 47.466 hectares cultivados já foram colhidos.
Na de Santa Rosa, a produtividade atual está estimada em 4.928 kg/ha, representando quebra de 40,26% em 8.249kg/ha projetados. A região detém a maior área do Estado, e foram implantados 120.317 hectares. Destes, já foram colhidos 85%. As chuvas ocorridas entre 03 e 05/03 foram muito importantes para as lavouras de milho safrinha, uma vez que também foram afetadas pelo quadro de déficit hídrico.
Na de Soledade, a produtividade inicial estimada era de 5.074kg/ha, e a atual é de 3.290 kg/ha, consistindo em redução de 35,48%. A área de plantio totalizou 75.595 ha. As lavouras com semeadura entre agosto e setembro estão em colheita, alcançando 55% da área. Os resultados são muito variáveis: algumas apresentam altas produções, superando 10.000 kg/ha, e outras sofreram perdas significativas, necessitando de acionamento de cobertura do Proagro. As lavouras com semeadura no período intermediário do Zoneamento Agrícola e as lavouras com semeadura tardia (pós-tabaco e pós-feijão safra e milho safra silagem) estão predominantemente em desenvolvimento vegetativo e apresentam boa recuperação, beneficiada pelo retorno das chuvas mais abrangentes.
Comercialização (saca de 60 quilos)
De acordo com o levantamento semanal de preços realizado pela Emater/RS-Ascar no Estado, a cotação média do milho apresentou redução na semana, passando de R$ 83,75/sc. para R$ 82,27/sc., representando um decréscimo de -1,77%.
Fonte: Informativo Conjuntural n° 1753- Emater/RS