O preço do algodão em pluma subiu 9,46% no acumulado de fevereiro/24, a alta mais intensa em um mês desde julho/23, que registrou aumento de 9,73%. O avanço nos valores domésticos foi observado sobretudo na segunda quinzena de fevereiro, quando vendedores, atentos às fortes valorizações externas, passaram a ficar mais firmes nos preços de negociação.

Ainda, cotonicultores estão atentos ao bom desenvolvimento do algodão da safra 2023/24, enquanto os que ainda detêm a pluma da temporada 2022/23 buscam boas oportunidades de venda.

No geral, a maioria dos vendedores se mostra capitalizada. Além disso, a demanda interna pela fibra também se aqueceu ao longo do mês, com parte das indústrias mais ativa – muitas precisaram ofertar valores maiores para conseguir atrair vendedores, especialmente para adquirir lotes de qualidade superior. Outra parcela das empresas seguiu utilizando a matéria-prima estocada e/ou de recebimento de contratos a termo, cautelosas em novas negociações, devido ao receio do repasse dos recentes aumentos aos manufaturados.

No geral, a liquidez foi melhor em fevereiro, mas o desacordo de preço e/ou qualidade dos lotes limitou um movimento ainda maior. Assim, no acumulado de fevereiro, o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, subiu 9,46%, fechando a R$ 4,3345/lp no dia 29. A média do Indicador em fevereiro ficou em R$ 4,1464/lp, a maior desde abril/23 (R$ 4,2343/lp), sendo 4,28% acima da de janeiro/24, mas 18,31% inferior à de fevereiro/23, em termos reais (deflacionamento pelo IGP-DI de jan/24).

Mesmo com o movimento de alta, o Indicador ficou, em média, 3,3% abaixo da paridade de exportação em fevereiro.

CONAB

Relatório divulgado pela Conab no dia 8 de fevereiro indicou que a área nacional de algodão na safra 2023/24 deve somar 1,877 milhão de hectares, 12,8% acima da temporada 2022/23 e alta de 8,22% frente aos dados de janeiro/24. A produtividade brasileira, contudo, deve cair 8,2% em relação à safra passada, para 1.752 kg/ha – os dados se mantiveram estáveis frente aos do relatório anterior. Assim, a produção no Brasil teve reajustes positivos de 6,1% no comparativo mensal e de 3,6% em relação à temporada 2022/23, podendo chegar ao maior volume já produzido na história, de 3,288 milhões de toneladas.

COMERCIALIZAÇÃO

Segundo registros de negócios da Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM) tabulados pelo Cepea, até o dia 29 de fevereiro, do total da temporada 2022/23, foram registradas 1,234 milhão de toneladas, equivalentes a 38,9% da produção nacional estimada, sendo 49,6% para o mercado interno; 10,1% para o externo e 10,3% para contratos flex (exportação com opção para mercado interno). Para o mercado interno, as indústrias já estariam com 90% da demanda suprida por meio de contratos na safra 2022/23.

Já para a próxima temporada, 651,68 mil toneladas foram comercializadas também até o dia 29 de fevereiro, sendo assim, ao menos 19,8% da safra brasileira 2023/24 já estaria comprometida, sendo 228,5 mil toneladas para o mercado interno; 340,35 mil toneladas, para o externo; e 82,8 mil toneladas para contratos flex.

Para Mato Grosso, dados divulgados no dia 12 de fevereiro pelo Imea apontam que 83,98% da temporada 2022/23 já foi comercializada no estado. Para a próxima safra, o Instituto indica que 54,93% já foram negociados em Mato Grosso, próximo ao da temporada passada (58,29%), mas inferior à média dos cinco anos (64,04%).

MERCADO INTERNACIONAL

Em relação às paridades de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), cálculos do Cepea apontam elevação de significativos 14% entre 31 de janeiro e 29 de fevereiro, para R$ 4,5619/lp (US$ 0,9173/lp) no porto de Santos (SP) e R$ 4,5724/lp (US$ 0,9195/lp) no de Paranaguá (PR) no dia 29. No mesmo período, houve valorização de apenas 0,53% do dólar frente ao Real, a R$ 4,973/lp no dia 29, enquanto o Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente) subiu 12,81%, para US$ 1,0525/lp também no dia 29.

Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), os primeiros contratos aumentaram com força em fevereiro, impulsionados pelo melhor desempenho das exportações norte-americanas, pelo aumento do valor do petróleo no mercado internacional e pela expectativa de menor estoque dos Estados Unidos. Entre 31 de janeiro e 29 de fevereiro, o vencimento Mar/24 se valorizou expressivos 19,24%, a US$ 1,0156/lp; Maio/24 subiu 15,23%, a US$ 0,9957/lp; Jul/24, 12,21%, a US$ 0,9777/lp; e Out/24, somente 5,1%, para US$ 0,8570/lp.

Vale considerar que esses aumentos nos valores internacionais estimularam agentes a fixar preços nos contratos abertos e a realizar novos negócios. Dados do Cepea captados em fevereiro/24 indicam que as comercializações para embarque ao mercado externo no curto prazo tiveram média de US$ 0,9095/lp, considerando-se os valores FOB (Free on Board) no porto de Santos (SP), 6,9% acima do registrado em janeiro/24 (US$ 0,8509/lp), ainda referente à pluma da safra 2022/23. Para exportação envolvendo a próxima temporada 2023/24, a média das informações captadas para o segundo semestre de 2024 foi de US$ 0,8462/lp no mês, alta de 6,9% frente à de janeiro/23 (US$ 0,8462/lp).

ICAC

Dados divulgados no dia 1º de março pelo Icac estimam produção mundial da safra 2023/24 em 24,308 milhões de toneladas, recuo de 0,71% frente às informações do início de fevereiro/24 e baixa de 2,16% sobre as da temporada anterior.

O consumo mundial de algodão, por sua vez, ficou praticamente estável de um mês para o outro e ligeiramente maior que o da temporada 2022/23 (+0,33%), para 23,755 milhões de toneladas. Assim, o consumo pode ficar 2,27% inferior à oferta. Para a exportação mundial, projeta-se aumento de 12,5% frente à safra anterior, com reajuste positivo de 1,88% frente aos números divulgados no mês anterior, para 9,066 milhões de toneladas na temporada 2023/24.

Dessa forma, o estoque final deve somar 21,814 milhões de toneladas, com elevação de 2,77% em relação à temporada 2022/23, mas recuo de 0,9% sobre os dados de fevereiro/24.

Para o Brasil, especificamente, o Comitê estima produção recorde de 3,3 milhões de toneladas na safra 2023/24, com o consumo interno previsto para chegar a 700 mil toneladas. Já as exportações brasileiras devem aumentar significativos 55,32% frente às da temporada 2022/23, sendo o segundo maior volume da história. Nesse cenário, o estoque final deve ficar em 3,43 milhões de toneladas, 11,48% maior que o da safra anterior e também um recorde.

CAROÇO DE ALGODÃO

Mesmo com cautela de compradores em novas aquisições no spot, os preços do caroço de algodão encontraram suporte na posição firme de alguns vendedores. Ainda assim, os valores de fevereiro operaram em patamares bem abaixo dos registrados há um ano.

As negociações foram pontuais ao longo do mês, já que o período chuvoso limita a demanda pelo produto por parte de pecuaristas. Além disso, os menores patamares dos produtos substitutos, como soja e milho, também influenciam os valores do caroço.

Levantamento do Cepea mostra que a cotação média do caroço no mercado spot em fevereiro/24 em Primavera do Leste (MT) foi de R$ 758,48/t, alta de 9,1% em relação à do mês anterior, porém, forte retração de 39,3% sobre fevereiro/23 (R$ 1249,56/t), em termos reais – as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI de janeiro/24.

Em Campo Novo do Parecis (MT), a média aumentou 6% na comparação mensal, mas caiu 38% na anual, indo para R$ 678,03/t em fevereiro/24. Em Lucas do Rio Verde (MT), a média foi de R$ 648,39/t, alta de 3,2% frente à do mês anterior; no entanto, recuou expressivos 43,3% se comparada à do mesmo período de 2023. Em São Paulo (SP), a média avançou apenas 0,4% no mês e teve baixa de 26,8% no ano, a R$ 1.179,53/t em fevereiro/24.

Já em Barreiras (BA), a média foi de R$ 1.354,17/t, recuos de 10,2% frente à de janeiro/24 e de 13,7% em relação à de fevereiro/23.

Fonte: Cepea



 

FONTE

Autor:Cepea

Site: Agromensais Algodão

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