Boro na planta
Embora requerido em pequenas quantidades, o Boro (B), desempenha funções essenciais na cultura do milho. Esse micronutriente está envolvido com constituintes das paredes celulares, participando da elongamento celular e do metabolismo de ácidos nucleicos (Taiz et al., 2017).
Plantas deficientes em boro podem exibir uma ampla variedade de sintomas, dependendo da espécie e da idade da planta (Taiz et al., 2017). No milho, os sintomas típicos da deficiência de Boro incluem o surgimento de listas longitudinais estreitas de coloração branca a transparente nas folhas, produção de múltiplas espigas (pequenas e anormais), com estilo-estigmas (cabelos) muito curtos; a formação de pendões pequenos, sendo que, alguns deles já emergem mortos; anteras desprovidas de pólen, entre outros sintomas (IPNI).
Na cultura do milho, sabe-se que o Boro está relacionado a formação do tubo polínico, germinação do pólen e na formação das espigas, podendo, sua deficiência, resultar na má formação das espigas, afetando principalmente a granação delas, e por consequência, a produtividade do milho.
Necessidade e Respostas
Segundo Coelho (2006), para uma produtividade de 9 t de grãos/ha, são extraídos em média 170 g de Boro. Embora considerada medianamente responsiva (IPNI), estudos demonstram que a cultura do milho responde positivamente a adubação com Boro.
Fageria (2000), destaca que o Boro influencia a produção de matéria seca da parte aérea e de raízes e o comprimento das raízes de milho. Gitti & Rizzato (2019) demonstram que respostas produtivas positivas são observadas em milho em função da adubação com Boro, principalmente em solos arenosos.
Conforme observado pelos autores, no sistema de cultivo do milho safrinha, a aplicação de 2,0 kg ha-1 de Boro, parcelado em 50% em pré-semeadura da soja e 50% no milho safrinha, pode proporcionar aumento da produtividade do milho safrinha pelo aumento do número de fileiras por espigas e grãos por fileiras.
Tabela 1. Componentes de produção e produtividade do milho safrinha 2018 em função de doses de Boro em aplicação única e parcelada em pré-semeadura da soja e do milho safrinha em Naviraí, MS, 2018.

Orientações de manejo
Conforme recomendações de manejo, por apresentar baixa mobilidade na planta, o Boro deve ser aplicado via solo, preferencialmente na semeadura. As quantidades exigidas pelo milho, para altos rendimentos, variam entre 3 e 10 kg ha-1 de B, como adubação corretiva (a lanço), e 0,2 a 0,8 kg.ha-1 de B, na semeadura, valendo-se de fontes de solubilidade média a baixa (ulexita e seus derivados) (Fancelli & Almeida, 2015).
Vale ressaltar que o excesso de Boro é prejudicial à cultura, podendo causar efeito fitotóxico sobre as plantas, sendo assim deve-se avaliar a necessidade de adubação desse nutriente, bom base nos resultados obtidos na análise química da fertilidade do solo. O sintoma visual típico de toxidez de Boro na maioria das espécies é a queima das folhas, ou seja, clorose e necrose, frequentemente nas bordas e pontas das folhas mais velhas (Lima et al., 2007).
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Referências:
COELHO, A. M. NUTRIÇÃO E ADUBAÇÃO DO MILHO. Embrapa, Circular Técnica, n. 78, 2006. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CNPMS/19622/1/Circ_78.pdf >, acesso em: 25/03/2024.
FAGERIA, N. K. NÍVEIS ADEQUADOS E TÓXICOS DE BORO NA PRODUÇÃO DE ARROZ, FEIJÃO, MILHO, SOJA E TRIGO EM SOLO DE CERRADO. R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, 2000. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/rbeaa/a/HMmqCNnKLxXy98Yby5rksyB/?format=pdf&lang=pt >, acesso e: 25/03/2024.
FANCELLI, A. L.; ALMEIDA, E. M. PROGRAMA RACIONAL PARA FERTILIZANTES DEVE CONSIDERAR FATORES QUE AFETAM CULTIVO. Visão Agrícola, n. 15, 2015. Disponível em: < https://www.esalq.usp.br/visaoagricola/sites/default/files/VA_13_Manejo_solo-artigo4.pdf >, acesso em: 25/03/2024.
GITTI, D. C.; RIZZATO, L. A. MANEJO DA NUTRIÇÃO E SEUS EFEITOS NA PRODUTIVIDADE DO MILHO SAFRINHA. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Milho Safrinha, 2019. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/wp-content/uploads/2021/02/Tecnologia-e-Producao-Milho-Safrinha-2019.pdf >, acesso em: 25/03/2024.
IPNI. BORO. International Plant Nutricion Institute. Disponível em:< https://www.npct.com.br/publication/nutrifacts-brasil.nsf/book/NUTRIFACTS-BRASIL-7/$FILE/NutriFacts-BRASIL-7.pdf >, acesso em: 25/03/2024.
LIMA, J. C. P. S. et al. NÍVEIS CRÍTICOS E TÓXICOS DE BORO EM SOLOS DE PERNAMBUCO DETERMINADOS EM CASA DE VEGETAÇÃO. R. Bras. Ci. Solo, 2007. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/rbcs/a/6yYVPjfWwxm4XZTHYDDMN3M/?format=pdf >, acesso em: 25/03/2024.
TAIZ, L. et al. FISIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO VEGETAL. Porto Alegre, ed. 6, 2017.