Comentários referentes à 04/04/2025, por T&F Agroeconômica
FECHAMENTOS DO DIA 04/04
O contrato de soja para maio, referência para a safra brasileira, fechou em baixa de -3,41%, ou $ -34,50 cents/bushel a $ 977,00. A cotação de julho, fechou em baixa de -3,24% ou $ -33,25 cents/bushel a $ 993,00. O contrato de farelo de soja para maio fechou em baixa de -1,70 % ou $ -4,9 ton curta a $ 283,1 e o contrato de óleo de soja para maio fechou em baixa de -2,59 % ou $ -1,22/libra-peso a $ 45,84.
ANÁLISE DA BAIXA
A soja negociada em Chicago fecho o dia e a semana em forte baixa. A guerra comercial, com a retaliação da China com os mesmos 34% de tarifas, atingiu duramente a soja americana. Mesmo em um período de pouca negociação de grãos entre os dois países, a perspectiva de inviabilizar novas compras e quem sabe aumentar os cancelamentos.
A China volta suas compras para o Brasil esse momento de colheita. Com a escalada tarifaria, o real se desvalorizou frente o dólar, o que estimula o produtor brasileiro a vender e melhora a competitividade da soja nacional. Nesse sentido a Anec elevou a seus perspectiva de exportação de soja em março em 3,47%. Se realizado o amento terá sido de 18,82% em relação a mesma data do ano passado.
Com isso a soja caiu o acumulado da semana em baixa de -4,50% ou $-46,00 cents/bushel. O farelo caiu -3,54% ou $ – 10,6 ton curta. O farelo de soja subiu 1,51 % ou $ 0,68 libra-peso no período.
Análise semanal da tendência de Preços
FATORES DE ALTA
a) As tarifas poderão, futuramente, beneficiar o Brasil: No momento, ainda não, porque a elevação dos prêmios nos portos brasileiros, ainda que fortes, não compensaram exatamente as quedas em Chicago. E, como a safra americana ainda está longe (6 meses), muita coisa poderá acontecer neste período. O direcionamento das compras chinesas para o Brasil viria com ou sem tarifas, nos próximos seis meses, porque é, sazonalmente, o período em que o Brasil é o grande fornecedor mundial de soja. É por isso que os prêmios não subiram na mesma proporção da queda das contações da CBOT. Mas, “o Brasil será de longe o principal beneficiário, o maior fornecedor que pode substituir a soja dos EUA para a China” como disse o chefe de Pesquisa de Mercado Agrícola do Rabobank, Carlos Mera à Reuters.
FATORES DE BAIXA
a) China 1-A reação do mercado à resposta chinesa: A soja encerrou a sessão e a semana de Chicago com perdas significativas, em meio às repercussões da escalada tarifária global após a imposição de tarifas recíprocas pela Casa Branca. A notícia que atingiu duramente o complexo da soja hoje e levou o preço da oleaginosa ao menor nível desde meados de dezembro foi a decisão do governo chinês de aplicar tarifa de 34% sobre as importações de produtos dos Estados Unidos a partir de 10 de abril, em resposta às tarifas de 54% impostas pelo governo Trump aos produtos chineses (20+34);
b) China 2-A resposta chinesa foi maior do que as tarifas: Mas a retaliação da China não terminou aí, pois também incluiu restrições às exportações de terras raras, um fornecimento essencial para a indústria de tecnologia dos EUA; a cessação da exportação de itens de dupla utilização (bens, software e tecnologia que podem ser usados tanto para fins civis quanto militares) da China para 16 entidades dos EUA que foram adicionadas a uma lista de controle de exportação, e a inclusão de 11 empresas dos EUA — algumas delas fornecedoras de alimentos e produtos agrícolas — na categoria “não confiáveis”, o que as impediria de negociar com a China;
c) China 3-Queixa na OMC: Além disso, um porta-voz do Ministério do Comércio disse que a China apresentou uma queixa à Organização Mundial do Comércio (OMC) alegando que as tarifas dos EUA “violam seriamente as regras da OMC, prejudicam os direitos e interesses legítimos de seus membros e prejudicam o sistema de comércio multilateral baseado em regras e a ordem econômica e comercial internacional”, disse o porta-voz.
d) Nesta época do ano, o comércio de soja dos EUA com a China é quase inexistente — concentrando- se de outubro a janeiro — por razões sazonais. Atualmente, o comércio com o principal comprador mundial da oleaginosa está concentrado no Brasil e, nas próximas semanas, com o avanço da colheita, a Argentina pode ser adicionada. No entanto, se essa guerra comercial continuar, como aconteceu durante o primeiro governo Trump, o que afetou as relações entre os dois países entre 2018 e 2020, os Estados Unidos poderão continuar a perder participação de mercado nesse mercado-chave, como aconteceu durante o conflito comercial anterior, quando perderam o título de principal fornecedor de soja da China. Segundo dados oficiais, em 2024 os Estados Unidos exportaram cerca de 27 milhões de toneladas para a China; Brasil, 74 milhões, e Argentina, 3,70 milhões. Esta, também, foi a causa pela qual os prêmios no Brasil não aumentaram na mesma proporção das quedas da semana em Chicago, o que significa dizer que o Brasil também perdeu com a guerra de Trump, por enquanto.
e) Desvalorização do real: Outro fator que impactou negativamente os preços da soja em Chicago hoje foi a desvalorização do real frente ao dólar, que no fechamento do pregão do mercado de grãos estava em torno de 3,5%. Isso não só melhora a competitividade das exportações brasileiras, mas também incentiva os produtores a venderem mais grãos para obter mais reais, logo no início da colheita.
f) Maiores exportações brasileiras: em sua revisão semanal das estimativas de exportação brasileira, a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais do Brasil (ANEC) elevou sua previsão para os embarques de soja em março de 15,56 para 16,10 milhões de toneladas, valor acima dos 9,73 milhões embarcados em fevereiro e dos 13,55 milhões do terceiro mês de 2024. Em relação ao farelo, a entidade reduziu os embarques em março de 2,30 para 2,17 milhões de toneladas, ante 1,50 milhão em fevereiro e 1,80 milhão em março de 2024.
g) EUA-redução da área sob seca: Em outras notícias, poucos dias antes do início da temporada de plantio de soja 2025/2026 no Centro-Oeste dos Estados Unidos, o USDA reduziu ontem a proporção de solos normalmente usados para a cultura da oleaginosa que sofrem algum grau de seca de 36% para 33%, um número maior do que o nível de 22% do ano passado.
Fonte: T&F Agroeconômica