Por T&F Agroeconômica, comentários referentes à 08/08/2025
FECHAMENTOS DO DIA 08/08

O contrato de soja para setembro, referência para a safra brasileira, fechou em baixa de -0,68% ou US$ -6,50 cents/bushel, a US$ 967,38. A cotação de novembro fechou em baixa de -0,65% ou US$ -6,50 cents/bushel, a US$ 987,25. O contrato de farelo de soja para setembro fechou em alta de 0,18% ou US$ 0,50/ton curta, a US$ 276,60. O contrato de óleo de soja para setembro fechou em baixa de -1,48% ou US$ -0,79/libra-peso, a US$
52,71.

ANÁLISE DA BAIXA

A soja negociada em Chicago fechou o dia e a semana em baixa. As cotações da oleaginosa fecharam pela terceira semana em queda, pressionada pela grande safra que será colhida e pela ausência de demanda da China. Parte dos operadores de mercado dão como certo que o USDA revisará para cima os dados de produtividade e volume colhido na nova safra americana. O clima tem beneficiado as lavouras que estão na fase mais crítica de crescimento.

Apesar de uma boa demanda de diversas origens nesta última semana, a ausência da China nos relatórios de vendas preocupa, visto que os portos chineses são normalmente o maior destino da soja americana. Com isso a soja fechou o acumulado da semana em baixa de -0,18% ou $ -1,75 cents/bushel. O farelo de soja subiu 2,20% ou $ 5,9 ton curta. O óleo de soja caiu -3,58% ou $ -1,96 libra-peso no período.

Análise semanal da tendência de preços
FATORES DE ALTA

a) Um Bom Relatório Semanal de Vendas dos EUA Apesar do ambiente comercial adverso, especialmente devido à ausência da China entre os compradores de soja nova dos EUA, pelo menos nominalmente, o relatório semanal de exportação do USDA divulgado na quinta-feira foi positivo, neste caso para o período de 25 a 31 de julho. O relatório reportou vendas de soja 2024/2025 de 467,8 mil toneladas, acima das 349,2 mil toneladas do relatório anterior e da faixa esperada pelos traders entre 100 mil e 300 mil toneladas. Em relação às vendas 2025/2026, o relatório reportou transações de 545 mil toneladas, acima das 429,5 mil toneladas da semana anterior e da faixa estimada pelos traders privados, que era entre 200 mil e 500 mil toneladas. Destinos desconhecidos lideraram a lista de compradores, com 179,2 mil toneladas.

b) No Brasil, ao contrário, a boa demanda chinesa está mantendo os preços elevados. Apesar do insucesso do programa de elevação do consumo de óleo de soja para biodiesel, de B14 para B15, as boas exportações para a China, em substituição às não-compras nos EUA, devido à briga tarifária de Trump, estão sustentando os internos, que, se não fosse isto, estariam muito negativos neste momento, pelo tamanho grande da safra.

FATORES DE BAIXA

a) Projeção de maior safra nos EUA: No início da semana, a consultoria StoneX estimou a produtividade média da soja nos EUA em 3605 quilos por hectare e o volume de produção em 120,43 milhões de toneladas. À medida que a semana avançava, a Reuters realizou uma pesquisa com diversos analistas privados para compilar o que chamamos de “Prévia do USDA”.

Essa pesquisa resultou em um volume médio de 118,80 milhões de toneladas, com base em uma produtividade média de 3558 quilos. Em ambos os casos, os números foram superiores à previsão de julho do USDA, de 117,98 milhões de toneladas e 3531 quilos por hectare. Na terça-feira, a agência publicará seu relatório de agosto, no qual deixará de considerar a produtividade tendencial utilizada desde maio para basear suas projeções nas condições da cultura e em pesquisas realizadas por seus técnicos junto aos produtores. Na quinta-feira, após a atualização do mapa de monitoramento da seca nos Estados Unidos, a agência reduziu a área de soja em situação de seca de 5% para 3%, ante 4% no mesmo período em 2024.

b) “O inimigo do meu inimigo é meu amigo” Na quarta-feira, entrou em vigor a tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil, enquanto foi formalizada a ordem executiva assinada por Trump para impor uma tarifa adicional de 25% sobre as importações da Índia a partir do dia 27 deste mês — além dos 25% estabelecidos como tarifa recíproca —, já que a Índia é uma grande compradora de petróleo russo. O mesmo destino pode aguardar a China, uma das principais importadoras de petróleo bruto russo. Enquanto isso, o Brasil continua focando sua atenção na demanda chinesa por soja, com o objetivo de garantir o fornecimento regular da oleaginosa nos próximos meses. E o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, anunciou que visitará a China pela primeira vez em mais de sete anos no dia 31 deste mês.

A Reuters observou que “os gigantes asiáticos vizinhos estão gradualmente reduzindo as tensões que dificultavam as relações comerciais” entre os dois países do BRICS. Assim, o governo dos Estados Unidos está conseguindo reafirmar o provérbio árabe de que “o inimigo do meu inimigo é meu amigo”. O setor agrícola americano terá que arcar com as consequências da política externa do candidato que, em sua maioria, optou por retornar à Casa Branca, mesmo após a guerra comercial com a China, que lhe causou dores de cabeça entre 2018 e 2019.

c) China Prolonga a Vida Útil das Vendas do Brasil Dando ainda mais peso ao exposto, de acordo com dados da Administração Aduaneira Nacional da China divulgados na quinta-feira, as importações de soja em julho totalizaram 11,67 milhões de toneladas, um recorde para o sétimo mês do ano, superando as 9,85 milhões de toneladas em 2024 e a média de 10,48 milhões de toneladas esperada pelos comerciantes. “Isso sugere que o mercado está se preparando para possíveis incertezas decorrentes das tensões comerciais entre China e Estados Unidos”, disse Rosa Wang, analista da consultoria agrícola JCI, à Reuters. Ela espera que as importações permaneçam acima de 10 milhões de toneladas em agosto e setembro. Por sua vez, Wan Chengzhi, analista da Jingdu Futures Capital, afirmou à agência que o Brasil continuará sendo o maior fornecedor nos próximos meses. “A abundante produção de soja do Brasil proporcionou uma base sólida de oferta. Devido à sua safra recorde, o período de pico de oferta da soja brasileira deverá ser mais longo do que em anos anteriores, permanecendo em um nível elevado até o quarto trimestre”, observou.

Nos primeiros sete meses do ano, as importações chinesas de soja acumularam 61,04 milhões de toneladas, 4,6% a mais que no mesmo segmento de 2024. Por sua vez, a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais do Brasil (ANEC) estimou que as exportações brasileiras de soja durante agosto totalizarão 8,15 milhões de toneladas, acima dos 7,98 milhões do mesmo mês de 2024. Assim, segundo esta entidade, nos primeiros oito meses do ano o Brasil exportará 87,91 milhões de toneladas de soja em grão, 4,79% acima dos 83,89 milhões embarcados no mesmo segmento de 2024. Este aumento tem um nome: Donald Trump.

d) Crescimento Projetado para a Safra 2025/2026 no Brasil: Em sua primeira estimativa para a próxima temporada, a subsidiária brasileira da StoneX projetou a colheita de soja do Brasil na segunda-feira em 178,20 milhões de toneladas, 5,6% acima da temporada anterior. Isso provavelmente se deve ao aumento da área plantada e da produtividade. O plantio, que começará em meados de setembro, deverá cobrir 2% a mais de área do que na temporada 2024/2025, informou a empresa.

A empresa baseia o aumento da produtividade na expectativa de recuperação da colheita no Rio Grande do Sul, que foi afetada por problemas climáticos na temporada anterior. “Questões geopolíticas e tarifárias podem beneficiar a soja brasileira, especialmente devido à possibilidade de atrito entre os Estados Unidos e a China”, afirmou Ana Luiza Lodi, analista da StoneX, em comunicado.

Na mesma linha, a consultoria brasileira Céleres projetou o volume de produção de soja para a nova temporada em 177,20 milhões de toneladas, enquanto as exportações de grãos não processados foram estimadas em 110 milhões de toneladas. Menos otimista, na quinta-feira, a consultoria Pátria AgroNegócios projetou a produção brasileira para a próxima temporada em 166,56 milhões de toneladas, com uma área plantada de 48,13 milhões de hectares, o que representaria um aumento de 1,43% em relação à temporada anterior, mas a menor taxa de crescimento desde a temporada 2006/2007. Vale destacar que o USDA projeta a produção brasileira em 175 milhões de toneladas, abaixo dos 169 milhões de toneladas previstos para a temporada 2024/2025.

e) Atrasos nas Compras de Soja e Farelo da UE: A Comissão Europeia informou nesta terça-feira que as importações de soja da UE acumularam entre o início do ciclo comercial 2025/2026 (1º de julho) e o dia 3, atingindo 970 mil toneladas, ficando 26% abaixo do volume adquirido um ano antes. Brasil e Estados Unidos lideraram as vendas, com 651.326 e 179.174 toneladas, respectivamente. Em relação às importações de farelo de soja, o bloco recebeu 1,51 milhão de toneladas, 21% a menos que no mesmo período de 2024. A lista de fornecedores também é liderada pelo Brasil, com 776.997 toneladas, seguido pela Argentina, com 494.925 toneladas.

Fonte: T&F Agroeconômica



 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.