Por T&F Agroeconômica, comentários referentes à 19/09/2025
FECHAMENTOS DO DIA 19/09
O contrato de soja para novembro fechou em baixa de 1,16% ou $ -12,00 cents/bushel, a $1.025,50. A cotação de janeiro encerrou em baixa de 1,11% ou $ -11,75 cents/bushel, a $1.044,75. O contrato de farelo de soja para outubro fechou em baixa de 0,04% ou $ -0,10/ton curta, a $ 282,90. O contrato de óleo de soja para outubro fechou em baixa de 1,07% ou $ -0,54/libra-peso, a $ 50,03.
ANÁLISE DA BAIXA
A soja negociada em Chicago fechou o dia e a semana em baixa. As cotações da oleaginosa registraram perdas significativas após a decepção do mercado com a falta de avanço concreto em questões agrícolas durante a ligação entre o presidente Donald Trump e o presidente chinês Xi Jinping.
“O fato de não haver nenhum produto agrícola específico mencionado é uma decepção”, disse Randy Place, analista do Hightower Report. “Nada que se possa apontar para dizer que fizemos um avanço.” A China foi responsável por aproximadamente 45% de todas as exportações de soja dos EUA no ano comercial de 2024-25.
A Bloomberg informou que, até 11 de setembro, a China não havia reservado um único carregamento de soja quase duas semanas após o início da nova temporada de comercialização, pela primeira vez, com registros que remontam a 1999. “Pequim, com estoques saudáveis em mãos, está sinalizando que tem paciência e capacidade para esperar – e que está disposta a usar as commodities como moeda de troca em negociações comerciais mais amplas”, segundo o artigo.
Com isso soja de Chicago fechou o acumulado semanal em baixa de -2,01%, perdendo $-21,00 cents/bushel. O farelo de soja caiu -1,6%, ou $ -4,7 por tonelada curta, e o óleo de soja recuou -3,17%, equivalente a $ -1,64 por libra-peso.
Análise semanal da tendência de preços
Fatores de alta
IGC REDUZ PRODUÇÃO MUNDIAL
O Conselho Internacional de Grãos (IGC) reduziu hoje o volume da produção global de soja para 2025/2026 de 430 para 429 milhões de toneladas em seu relatório mensal de estimativas agrícolas, ficando um pouco acima dos 428 milhões de toneladas da temporada 2024/2025.
Enquanto isso, o consumo para a nova safra agrícola aumentou de 430 para 431 milhões de toneladas, em comparação com 416 milhões de toneladas na safra anterior.
EUA-EXPORTAÇÕES DENTRO DO ESPERADO
Sem a presença chinesa, o relatório semanal do USDA sobre as exportações dos EUA variou de neutro a ligeiramente otimista, para o período de 5 a 11 de setembro, visto que reportou vendas de soja 2025/2026 em 923.000 toneladas, acima das 541.100 toneladas do relatório anterior e dentro da faixa estimada pelos produtores do setor privado, que era de 400.000 a 1.500.000 toneladas. O Egito, com 228,4 mil toneladas, foi o principal comprador de soja dos EUA.
EUA-EXPORTAÇÕES DE FARELO E ÓLEO
As vendas de farelo ficaram em 31.151 toneladas para o ano fiscal atual, com 151.344 toneladas para 2025/26, na faixa de 0 a 400.000 toneladas estimadas. Já as de óleo de soja totalizaram 22.367 toneladas, na média das estimativas comerciais de reduções líquidas de 5.000 toneladas e vendas de 41.000 toneladas.
EUA-AGRICULTORES AMERICANOS DEVERÃO RECEBER MAIS DE US$ 40 BILHÕES DE AJUDA
O governo federal americano deve gastar mais de US$40 bilhões em pagamentos aos agricultores em 2025, o segundo maior valor desde 1933, de acordo com dados do USDA. E estão pedindo mais US$ 23 bilhões. A soma quase recorde é alimentada por desastres ad-hoc e ajuda econômica aprovada pelo Congresso em dezembro passado. “Os agricultores estão passando por um dos piores momentos econômicos, creio eu, de toda a minha vida”, disse o presidente republicano do Comitê de Agricultura da Câmara, Glenn Thompson, da Pensilvânia, acrescentando que a necessidade de ajuda cresceu e que ele espera aprovar alguma assistência em um pacote de gastos agrícolas ainda este ano. O Congresso está atrasado há vários anos na aprovação de uma lei agrícola.
FATORES DE BAIXA
DECEPÇÃO COM A REUNIÃO DE TRUMP
O mercado ficou decepcionado com a falta de inclusão dos produtos agrícolas, especialmente a soja, na reunião de Trump com Xi-Jiping. Com isto a soja passou de uma cotação em torno de dois dólares de alta na primeira metade do dia para uma queda no pregão diário em Chicago, após as quedas dos dois pregões anteriores.
PRESSÃO SAZONAL DA COLHEITA
Entre os fatores que influenciam a tendência de baixa está a contínua falta de compras chinesas de novos grãos dos Estados Unidos, em uma situação sem precedentes recentes. Somam-se a isso os preços fracos do óleo e a pressão sazonal do progresso da colheita, agora em algumas das áreas agrícolas mais importantes.
BRASIL/CONAB-PRODUÇÃO E EXPORTAÇÃO MAIORES
Em sua primeira projeção para a safra 2025/2026 no Brasil, a Conab estimou hoje a produção de soja em 177,67 milhões de toneladas e as exportações de soja in natura em 112,12 milhões de toneladas, acima das 171,47 e 106,66 milhões de toneladas previstas para o ciclo atual e em comparação com as 175 e 112 milhões de toneladas previstas pelo USDA, respectivamente. Segundo a agência brasileira, a área plantada aumentaria de 47,35 para 49,08 milhões de hectares, enquanto a produtividade permaneceria praticamente inalterada, variando de 3.621 a 3.620 quilos por hectare. Em relação às exportações de subprodutos, a Conab projetou um aumento nas vendas de farelo, de 23,60 para 24,80 milhões de toneladas, mas manteve os embarques de óleo inalterados em 1,40 milhão de toneladas.
BRASIL-REDUÇÃO DA DEMANDA CHINESA
O Brasil está se tornando muito caro para os chineses. Por outro lado, o ritmo de cobertura das esmagadoras chinesas, para a janela outubro-novembro-dezembro está diminuindo. Nesta semana não foi vista nenhuma oferta para a China.
Fonte: T&F Agroeconômica