Por Dr. Argemiro Luís Brum
As cotações do trigo, em Chicago, recuaram nesta semana de transição para o mês de outubro. O bushel do cereal fechou a quinta-feira (02/10) em US$ 5,14, contra US$ 5,19 uma semana antes. A média de setembro ficou em US$ 5,13/bushel, com aumento de 0,98% sobre agosto. Já a média de setembro de 2024 havia sido de US$ 5,70/bushel.
Por outro lado, o relatório trimestral de estoques, na posição 1º de setembro, registrou uma alta de 6% sobre igual momento do ano anterior. Além disso, no dia 28/09 o plantio do trigo de inverno, nos EUA, registrava 34% da área realizada, contra 36% na média histórica. Já a colheita do trigo de primavera estava encerrada.
E Na Ucrânia, conforme o Ministério da Economia local, a área semeada com trigo de inverno será maior em 9% do que o previsto inicialmente. A área deverá ser de, pelo menos, 5,2 milhões de hectares. Para esta área aumentar, os produtores irão diminuir a área semeada com milho e girassol. Além disso, ainda haverá 200.000 hectares semeados com trigo de primavera. Em 2025 a Ucrânia produziu 22,5 milhões de toneladas de trigo, tendo exportado 15,7 milhões no seu ano comercial junho/24 a julho/25.
E na Rússia, as exportações de trigo, em 2025/26, foram estimadas, agora, em 43,4 milhões de toneladas, com recuo de 300.000 toneladas em relação a projeção anterior, pois as mesmas estão fracas. Segundo a SovEcon, entre julho e setembro elas teriam atingido a 11 milhões de toneladas, o mais fraco início de ano comercial desde 2022/23, quando o comércio foi afetado pela guerra contra a Ucrânia.
E no Brasil, os preços do cereal continuam em queda. A média gaúcha veio para R$ 65,08/saco, enquanto as principais praças locais registraram R$ 64,00. Já no Paraná os preços estiveram entre R$ 65,00 e R$ 67,00/saco.
O valor médio no Paraná, em setembro, é o menor desde abril de 2024, em termos reais. E no Rio Grande do Sul, os valores atuais são os mais baixos desde janeiro de 2025. Três fatores explicam este comportamento: a entrada mais intensa de trigo procedente da atual colheita (como era esperado); da desvalorização do dólar frente ao Real; e da queda nos preços internacionais. Além disso, a suspensão temporária das retenciones (taxas de exportação) na Argentina levou compradores a reduzir ainda mais suas ofertas, forçando vendedores a aceitar valores menores. De acordo com dados do Cepea, em setembro (até o dia 26), a média do trigo no Rio Grande do Sul foi de R$ 1.262,67/tonelada, com recuo de 2,2% frente à agosto/25 e de 9,2% sobre a de setembro/24, em termos reais (valores deflacionados pelo IGP-DI). Já no Paraná, a média foi de R$ 1.354,35/tonelada, com recuo mensal de 5,5% e queda anual de 10,3%.
Como a nossa safra será menor, mais uma vez, neste ano, diante da demanda existente no país haverá necessidade de maiores importações de trigo em 2025/26. O principal fornecedor será a Argentina, que espera colher 22 milhões de toneladas nesta atual safra. Além disso, o preço do produto argentino está melhor, ao redor de US$ 215,00/tonelada, contra US$ 242,00 para o trigo russo e US$ 231,00 para o trigo dos EUA. A produção mundial de trigo, neste ano, é muito grande, pressionando os preços internacionais do produto. Assim, o cereal acompanha o ciclo de baixa de preços das demais commodities mundo afora (cf. CJ International Brasil).
Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).