Por T&F Agroeconômica, comentários referentes à 17/10/2025
FECHAMENTOS DO DIA 17/10
O contrato de soja para novembro fechou em alta de 0,87% ou $ 8,75 cents/bushel, a $1.019,50. A cotação de janeiro encerrou em alta de 0,80% ou $ 8,25 cents/bushel, a $1.036,75. O contrato de farelo de soja para dezembro fechou em alta de 1,48% ou $ 4,1/ton curta, a $ 281,0. O contrato de óleo de soja para dezembro fechou em alta de 0,51% ou $ 0,26/libra-peso, a $ 51,13.
ANÁLISE DA ALTA
A soja negociada em Chicago fechou o dia e a semana em alta. O mercado reagiu positivamente a fala de Donald Trump nesta sexta-feira em entrevista para a FOX “vamos nos dar bem com a China”. O analista americano Bem Potter afirmou “Uma coisa é certa: nunca houve um presidente como Donald Trump –especialmente quando se trata do mercado de grãos. Enquanto os comerciantes se obcecam com os últimos detalhes das relações comerciais (ou a falta delas) com a China, cada comentário relevante do Presidente parece chocar os preços dos grãos para cima ou para baixo. Felizmente, os preços dos grãos responderam positivamente após a afirmação de Trump” este pode ser o resumo da semana, que começou tumultuado com Trump afirmando que colocaria 100% de tarifas contra a China e nesta sexta ele acenando aos Chineses, como sempre.
A soja também foi impulsionada pela forte demanda dos processadores dos EUA e as taxas de esmagamento historicamente altas aliviaram algumas preocupações sobre a falta de demanda para exportações para a China. A ADM, comerciante global de grãos, está oferecendo incentivos para que os agricultores dos EUA entreguem soja a uma importante unidade de processamento neste mês, informou a Reuters nesta sexta-feira.
Com isso a soja em Chicago fechou o acumulado da semana em alta de 1,27%, ou $ 12,75 cents/bushel. O farelo de soja subiu 2,18%, ou $ 6,0 por tonelada curta. O óleo de soja avançou 2,32%, ou $ 1,16 por libra-peso no período.
Análise semanal da tendência de preços
FATORES DE ALTA
a) EUA-Chuvas desaceleram a colheita e produtividades menores: A soja está sendo negociada em alta no pregão diário de Chicago, influenciada pelas previsões de chuvas para grande parte do Centro-Oeste durante o fim de semana, o que pode desacelerar o ritmo da colheita, e pelos persistentes comentários sobre produtividades provavelmente inferiores às projetadas pelo USDA, o que resultaria em um volume final de produção nos EUA inferior aos 117,05 milhões de toneladas estimados pela agência em seu relatório de setembro, antes da paralisação do governo americano que impediu o mercado de acessar o relatório de estimativas, previsto para ser publicado na quinta-feira da semana anterior. Vale lembrar que, nos dias anteriores a esse relatório não publicado, os traders estimavam a colheita em 116,24 milhões de toneladas;
b) EUA-Acordo com China na pauta: Após o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar na sexta-feira passada que seu governo imporia tarifas adicionais de 100% sobre produtos importados da China a partir de 1º de novembro, o próprio presidente reconheceu hoje, em entrevista à FOX, que a tarifa “não é sustentável, mas esse é o número”. Ele acrescentou: “Fui forçado a fazer isso”, referindo-se às medidas tomadas pelo governo chinês em relação às restrições à exportação de terras raras. “Acho que vamos nos entender com a China, mas precisamos chegar a um acordo justo. Tem que ser justo”, disse Trump. Em vez dessas novas declarações, que já soam repetitivas e não geram ações concretas em prol da retomada do comércio agrícola entre os dois países, os comerciantes concentram seu interesse no encontro que ocorrerá entre Trump e Xi Jinping na Coreia do Sul entre os dias 29 e 30 deste mês, convencidos de que será um ponto de virada nesta segunda guerra comercial;
c) EUA-Excelentes dados de esmagamento: O mercado de soja, por sua vez, comemora os excelentes números de moagem de setembro nos Estados Unidos, que permitiram adiar temporariamente os contratempos nas exportações devido à falta de compras chinesas. Foram 5,39 MT em setembro, contra a expectativa do mercado de 5,09 MT e 4,83 MT produzidas em setembro no ano passado d) EUA tentam vender soja para Argentina e América do Sul: O Secretário de Agricultura dos EUA, Rollins, confirmou conversas com países sul-americanos, possivelmente com a Argentina, para vender soja americana e melhorar o comércio bilateral. A Argentina comprou mais de 4,5 MT de soja paraguaia neste ano.
FATORES DE BAIXA
a) CHINA-Demanda enfraqueceu: A China fez uma única compra de soja brasileira para entrega em novembro, marcando sua primeira transação desde o feriado da Semana Dourada. A demanda chinesa permanece fraca, por enquanto, apesar da necessidade de entre 8 e 9 milhões de toneladas de soja para dezembro e janeiro. Para abastecer as indústrias o governo fará leilão de 3,5 milhões de toneladas de seus estoques reguladores.
b) ARGENTINA-aumento das exportações: Ontem, em seu relatório mensal de estimativas agrícolas, o Ministério da Agricultura da Argentina elevou sua projeção para as exportações argentinas de soja para a safra 2024/2025 de 9 para 12,3 milhões de toneladas, o maior volume desde os 13,4 milhões de toneladas embarcados na safra 2009/2010, quando a colheita foi de 52,68 milhões de toneladas, ante os atuais 51,10 milhões de toneladas. Assim, o aumento anual nas exportações de soja foi de 169,74%, ante os 4,56 milhões de toneladas embarcados na safra 2023/2024, quando a produção totalizou 48,20 milhões de toneladas.
c) BRASIL- Pêndulo da balança entre EUA e China: As relações estremecidas entre EUA e CHINA tem um fiel da balança: a produção brasileira de soja da safra 2025/26. Se ela for realmente, como prevê a CONAB, ao redor de 177,6 MT, cerca de 6,5 MT a mais do que a safra anterior, a China terá cacife para enfrentar os EUA e permanecer não-comprando soja americana por mais um ano; se, porém, houver algum problema climático e a produção for significativamente menor, o cacife estará do lado americano, porque a China precisará se abastecer nos Estados Unidos.
d) BRASIL/EUA-CHINA-Qual a diferença de preço? A soja é negociada somente sobre prêmios e nunca no flat primeiro. Como foi dito, os prêmios da soja brasileira estão hoje a 167 Paranaguá para out 160 para nov, 155 para dez, 55 para fev e 30 para março e maio. Para os EUA, o prêmio é metade do brasileiro (73 para out, 83 para nov e dez, 79 para fev). É só somar com as cotações da CBOT e fazer a conta.
Fonte: T&F Agroeconômica