O uso dos herbicidas pré-emergentes é fundamental para reduzir os fluxos de emergência das plantas daninhas, e com isso proporcionar melhores condições para o desenvolvimento inicial da lavoura. Além disso, os herbicidas pré-emergentes contribuem para o aumento da uniformidade de emergência das plantas remanescentes, facilitando o posicionamento de herbicidas pós-emergentes.
Em culturas comerciais como a soja, os pré-emergentes, também conhecidos como herbicidas residuais, podem ser aplicados tanto na modalidade plante-aplique, quanto na modalidade aplique-plante. No sistema plante-aplique, o pré-emergente é aplicação imediatamente após a semeadura da cultura, já no sistema aplique-plante, a pulverização do herbicida ocorre antes da semeadura da cultura. Ambas as modalidade apresentam vantagens e limitações, havendo maiores cuidados no sistema plante-aplique para evitar efeitos indesejados na cultura agrícola, como a ocorrência de fitotoxicidade em plântulas.
Qual o método mais eficiente para o controle das plantas daninhas ?
Ao analisar possíveis diferenças na eficiência de controle e seletividade à soja quando pré-emergentes são aplicados anteriormente, ou logo após a semeadura da cultura, Pedroso; Avila Neto; Dourado Neto (2020) observaram que o momento de aplicação de herbicidas pré-emergentes em relação à semeadura da soja pode alterar significativamente a eficiência de controle de alguns ingredientes ativos sobre plantas daninhas, porém sem afetar a seletividade destes.
Figura 1. À esquerda, sistema aplique-plante (pulverização antes da semeadura); à direita, sistema plante-aplique (pulverização imediatamente após a semeadura).

Conforme analisado pelos autores, alguns princípios ativos de herbicidas residuais apresentaram maior performance no controle das planta daninhas quando aplicado após a semeadura da cultura (tabela 1). Em tese, a aplicação pós-semeadura possibilita um maior controle pré-emergente da área de solo revolvida durante o processo de semeadura, onde normalmente se concentram fluxos de emergência das plantas daninhas. Nesse sentido, tecnicamente, desde que seja corretamente conduzida e posicionada, a aplicação de herbicidas residuais na modalidade plante-aplique, tende a fornecer um maior controle inicial das plantas daninhas, fato corroborado por Pedroso; Avila Neto; Dourado Neto (2020).
Tabela 1. Porcentagens de controle de caruru (Amaranthus spp.) registradas 39 dias após a pulverização do herbicida em diferentes modalidades de aplicação.

Consequentemente, conforme observado por Pedroso; Avila Neto; Dourado Neto (2020) na média observada no estudo, a produtividade obtida no sistema plante-aplique foi aproximadamente 600 kg ha-1 superior a produtividade obtida no sistema aplique-plante, independentemente do herbicida avaliado, fato provavelmente proveniente do maior controle de plantas daninhas no sistema plante-aplique (tabela 2).
Tabela 2. Produtividade (kg ha-1) registradas para a soja cv. BMX Potencia RR.

No entanto, vale destacar que a utilização de herbicidas residuais na modalidade plante-aplique, demanda um planejamento detalhado e alto nível de conhecimento técnico, já que a aplicação do herbicida deve ocorrer de forma integrada e sincronizada com a semeadura, e não deve ocorrer após a semente iniciar o processo de germinação. Para esta modalidade sempre é importante conferir a possibilidade com o fabricante e a recomendação em bila do produto a ser aplicado.
Logo, é essencial definir corretamente a dose e o momento ideal de aplicação do herbicida pré-emergente, levando em conta fatores climáticos e ambientais. Quando essas variáveis não são consideradas, seja pelo uso de doses excessivas ou pela aplicação em condições adversas, há risco de fitotoxicidade na soja e de queda na eficiência do controle das plantas daninhas.
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Referências:
PEDROSO, R. M.; AVILA NETO, R. C.; DOURADO NETO, D. PRE-EMERGENT HERBICIDE APPLICATION PERFORMED AFTER CROP SOWING FAVORS PIGWEED (Amaranthus spp.) AND WHITE-EYE (Richardia brasiliensis) CONTROL IN SOYBEANS. Revista Brasileira de Herbicidas, 2020. Disponível em: < https://www.weedcontroljournal.org/wp-content/uploads/articles_xml/2236-1065-rbh-S2236-10652020000190010048500472/2236-1065-rbh-S2236-10652020000190010048500472.pdf >, acesso em: 21/10/2025.