O mercado brasileiro de arroz permanece em modo de espera, com poucas novidades operacionais e negociações cada vez mais esparsas. Segundo o analista e consultor de Safras & Mercado, Evandro Oliveira, os destaques fornecidos desenham um quadro de pressão continuada: oferta elevada, custo de armazenagem oneroso (estimado em aproximadamente 3% ao mês) e negócios limitados — combinação que desestimula compras e alimenta retenção seletiva de estoques por parte de agentes que ainda podem postergar vendas.
Em termos agronômicos, a implantação do arroz irrigado no Rio Grande do Sul aproxima-se do fim: resta menos de 20% da área para semear. O que traz previsibilidade operacional no curtíssimo prazo, mas pouco alívio estrutural para o desequilíbrio entre oferta e demanda já existente”, lamenta o analista.
As chuvas do início de novembro produziram efeitos mistos e emblemáticos: por um lado, restabeleceram umidade e facilitaram a regularização da lâmina d’água — condição técnica positiva para estabelecimento e uniformidade das lavouras; por outro, causaram saturação em áreas pontuais e restringiram o ritmo de semeadura, gerando janelas de atraso que podem afetar áreas isoladas.
O principal vetor de ajuste esperado no horizonte próximo é a redução de área plantada — mecanismo clássico de resposta à baixa rentabilidade. “As mensagens indicam essa redução como medida predominante no Brasil e em vizinhos, consequência direta da crise de margens e das dificuldades de acesso a crédito”, pondera o consultor.
Porém, há uma exceção estratégica e crítica: o Paraguai não seguirá essa trajetória de retração. “Ao contrário, o país não enfrenta excesso de estoques internos e, segundo os dados, tem sua produção organizada prioritariamente para exportação”, lembra Oliveira.
Mesmo que o Brasil reduza área, os fluxos paraguaios podem suprir sobras industriais e varejistas, impedindo a recomposição de preços domésticos que dependeria de menor oferta. Em termos operacionais, isto implica que a válvula de escape tradicional — queda de oferta doméstica levando a recuperação de cotações — terá sua eficiência reduzida enquanto houver fluxo paraguaio em volumes crescentes destinados ao mercado brasileiro.
A média da saca de arroz no Rio Grande do Sul (58/62% de grãos inteiros, pagamento à vista) encerrou a quinta-feira cotada a R$ 53,75, queda de 1,61% em relação à semana anterior. Na comparação com o mesmo período do mês passado, a baixa foi de 7,89%, enquanto, em relação a 2024, a desvalorização atingiu 53,30%.
Fonte: Rodrigo Ramos/ Agência Safras News




