Como o milho remove grandes quantidades de nitrogênio do solo, em geral, cerca de 70% do que é requerido pela cultura é exportado para os grãos, isso representa uma demanda de cerca de 25 a 27 kg de N por tonelada de biomassa produzida (SANGOI et al., 2016). Em virtude disso, o uso da adubação nitrogenada para complementar a quantidade suprida pelo solo, quando se deseja produtividades mais elevadas, é de extrema importância, e deve-se atentar para que esta aplicação seja eficiente, na quantidade certa, no momento ideal e que não gere perdas para o agricultor como por lixiviação e volatilização.
Épocas de aplicação
Para que o agricultor saiba a época ideal de aplicação de nitrogênio e como irá proceder com seu parcelamento, existem algumas questões que devem ser observadas, que são:
- A demanda de nitrogênio pela cultura do milho durante seu desenvolvimento;
- As doses de N a serem aplicadas;
- O potencial de perdas do nutriente pelo solo.
Aplicação de N no momento da semeadura
Como o período de maior necessidade relativa de N no milho vai da emissão da 4ª até a 8ª folha, uma alternativa bastante utilizada com o plantio direto e semeadura do milho em sucessão de gramíneas é a aplicação de 10 a 30 kg/ha de N no momento da semeadura, essa dose tem objetivo de evitar o excesso de sais no sulco da semeadura e possíveis perdas por lixiviação. Em trabalhos analisados onde testou-se uma dose maior de N aplicada na semeadura, o valor recomendado se limitou entre 30 a 60 kg/ha, demostrando efeito negativo devido ao efeito tóxico do N quando exceder este valor.
- Aplicação de N em cobertura
Para a planta suprir sua demanda de N, a adubação de cobertura deverá ser realizada até o estádio V8. Se o agricultor utilizar de 30 a 40 kg/ha de N na semeadura, por exemplo, a adubação de cobertura pode ser realizada entre os estádios de 4 a 5 folhas, ou seja, a partir do estádio V4, mas se não for utilizada a adubação nitrogenada na semeadura, a recomendação é de que se antecipe a adubação de cobertura até o estádio de 4 folhas.
A realização de mais de uma aplicação de cobertura, bem como a escolha do método e da época de aplicação é baseada nas [1] características do solo, [2] na época de semeadura, [3] no acúmulo de N nas diferentes fases de desenvolvimento da planta, [4] nas doses a serem aplicadas e [5] na disponibilidade hídrica, enfatizando que não existe uma única receita a ser seguida no manejo da adubação nitrogenada na cultura do milho.
Martins, 2013, em experimento conduzido em São Paulo, obteve uma diferença de peso de grãos de 8,23 kg/ha-1 utilizando apenas uma aplicação de N após a semeadura em estádio de 2 folhas para 8,68 kg/ha-1 em tratamento onde parcelou-se as aplicações de N nos estádios de 2, 4 e 8 folhas, respectivamente. O trabalho completo pode ser acessado no link: clique aqui.
Consumo de N em milho
Na cultura do milho a exigência é maior para o nitrogênio, seguida do potássio, cálcio, magnésio e fósforo. Na tabela abaixo pode-se observar a extração média de nutrientes pela cultura do milho para a produção de grão e para silagem, em diferentes níveis de produtividade.
Tabela 1. Extração média de nutrientes pela cultura do milho destinada à produção de grãos e silagem.

Segundo a Embrapa: “O fósforo é quase todo translocado para os grãos (77% a 86%), seguindo-se o nitrogênio (70% a 77%), o enxofre (60%), o magnésio (47% a 69%), o potássio (26% a 43%) e o cálcio (3% a 7%). Isso implica que a incorporação dos restos culturais do milho devolve ao solo grande parte dos nutrientes, principalmente potássio e cálcio, contidos na palhada. Quando o milho é colhido para silagem, além dos grãos, a parte vegetativa também é removida, havendo, consequentemente, alta extração e exportação de nutrientes (…)” Matéria completa clique aqui.
Cuidados para evitar perdas de N no solo:
A volatilização, a lixiviação e a desnitrificação são as principais desvantagens quando se utiliza a ureia como fonte de adubo nitrogenado, reduzindo a produtividade das culturas. A intensidade com que ocorrem essas perdas são influenciadas pelas condições climáticas, cobertura e tipo de solo, pelas práticas culturais e pelo manejo do fertilizante e a interação desses fatores garantirá a eficiência da utilização do N.
Na figura 1 pode-se observar a perda acumulada de N-NH3 sem aplicação de ureia (SN) e com aplicação de 50kg ha-1 N-ureia (CN) na pré-semeadura, semeadura e em cobertura, na presença (CR) e na ausência (SR) de resíduos culturais. As barras verticais indicam a diferença mínima significativa para cada época.

Para acessar o trabalho complete clique aqui.
Mas como evitar essas perdas?
- Através da incorporação mecânica da ureia no solo;
- Parcelamento das aplicações;
- Aplicação na presença de umidade, por chuva ou por irrigação (20-30 mm), logo após a aplicação da ureia;
- Trabalhar com produtos diferenciados, que oferecem uma redução dessa perda, como emulsão catiônica e solvente que reduza essas perdas;
- Uso de ureia de liberação mais lenta.
Porém deve-se sempre analisar a viabilidade desses usos, para que o custo-benefício seja sempre satisfatório para o produtor.
Para ajudar na redução das perdas, a ureia revestida com polímeros também é uma alternativa para o produtor que necessita aplicar em período não chuvoso, reduzindo as perdas de N. Na figura 3, Martins et.al., (2010), em experimento, demostram a vantagem de se utilizar ureia revestida com polímeros através da avaliação da Produtividade de grãos de milho, em função das doses de ureia comum e ureia revestida por polímeros, aplicadas aos sete dias após a semeadura, seguidas de um período de 15 dias sem chuvas significativas em Jaboticabal, SP, safra 2011/2012.

Dessa forma, é possível afirmar que o nitrogênio é um elemento muito dinâmico no solo, e influenciado por fatores climáticos. Ele tem de ser manejado de acordo com as condições locais e com o potencial de produtividade da cultura e da região em que forem utilizados, visando sempre a escolha do melhor método de aplicação, bem como suas quantidades para garantir sua eficiência e maior ganho econômico para o produtor rural.
Redação: Andréia Procedi – Equipe Mais Soja.