A repetida utilização dos mesmos herbicidas nos últimos anos, tem causado à pressão de seleção em algumas espécies de plantas daninhas, com consequente surgimento de populações resistentes. O primeiro caso de resistência de capim-amargoso ao herbicida glyphosate foi registrado no Paraguai no ano de 2005. No Brasil, a resistência de capim-amargoso (Digitaria insularis) a este herbicida foi registrada pela primeira vez no ano de 2008, no estado do Paraná. Em 2016, na região Centro Oeste do país, foi registrada a resistência de capim-amargoso aos herbicidas inibidores da ACCase, como fenoxaprop e haloxyfop (Heap, 2019).


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Nesse sentido, o Supra Pesquisa vem realizando, em parcerias com o HRAC-BR, Cooperativas e demais colaboradores, um intenso e constante trabalho de monitoramento de plantas daninhas, dentre elas o capim-amargoso (Figura 1), capim-branco (Chloris spp.) e o capim pé-de-galinha (Eleusine indica). Inclusive, resultados preliminares indicam novos casos de resistência a serem relatados, além de identificar a abrangência e magnitude do problema.

Para o controle de capim-amargoso resistente ao glyphosate (Figura 2), uma alternativa muito utilizada é o uso de graminicidas, como clethodim e haloxyfop. Contudo, é importante ressaltar que como a planta possui capacidade de rebrota (rebrota a partir do rizoma também), a aplicação única de herbicidas, mesmo em altas doses, não é suficiente para um controle eficaz de capim-amargoso perenizado, com necessidade de aplicações sequenciais de graminicidas em associações.

O Supra Pesquisa vem desenvolvendo pesquisas em busca de soluções e alternativas, no controle de capim-amargoso e outras folhas estreitas, desde 2014. O grupo atua na condução de experimentos no campo e em casa-de-vegetação (Figura 3), com manejo de herbicidas em pré e pós-emergência, associado a Boas Práticas no Manejo Integrado de Plantas Daninhas (MIPD).

Um dos exemplos dessas inúmeras pesquisas, e que ilustra esse drama nos sistemas produtivos, é um ensaio conduzido em Maripá-PR. Esse experimento foi conduzido após a implantação da soja, com aplicação realizada em estádio V4 de desenvolvimento da cultura (Tabela 1). As plantas de capim-amargoso encontravam-se em pleno florescimento com média de 8 a 10 perfilhos, 80 cm de altura e a infestação era de 6 plantas por m2. Os tratamentos glyphosate + clethodim e glyphosate + haloxyfop não apresentaram diferença entre si no controle, mas foram superiores a aplicação isolada do graminicida, ao final do período de avaliação (Figura 4).

Outro experimento, semelhante ao anterior, foi conduzido em Palotina-PR, instalado após a semeadura da cultura da soja, entretanto nessa área a infestação era maior e as plantas de capim-amargoso estavam perenizadas provenientes de rebrotas. No dia da aplicação a soja estava no estádio V4 e as plantas de capim-amargoso estavam em pleno florescimento com média de 16 a 18 perfilhos, 90 cm de altura e a infestação era de 10 plantas por m2. Neste experimento (Tabela 2), os tratamentos com glyphosate associado aos graminicidas, também apresentaram maior controle em relação a aplicação dos graminicidas isolados (Figura 5), porém aos 35 DAA nenhum dos tratamentos proporcionaram controle efetivo (>80%).

O problema no controle pode ser explicado pela formação de rizomas (um caule subterrâneo com alta reserva – Figura 1), já que as plantas estavam perenizadas, dificultando extremamente o controle e evidenciando a necessidade de aplicações sequenciais. Além disso, os resultados demonstram que o manejo adequado do capim-amargoso deve iniciar na dessecação pré-semeadura, impedindo sua perenização, ou no mínimo esgotando as reservas das plantas já perenizadas. O manejo ideal nesse caso seria a realização das aplicações dos herbicidas nos estádios inicias de desenvolvimento e fazer o uso de pré-emergentes, para segurar os fluxos de germinação. O grande destaque é para o uso de outros herbicidas na rotação de mecanismos, que podem e devem ser utilizados, como o glufosinate (pós), imazapic+imazapyr (pré e pós), assim como, diferentes pré-emergentes, que já vem sendo testados pelo Supra Pesquisa, e estão apresentando performance significativas.


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Observando que as reservas do capim-amargoso estão presentes no colmo e no rizoma, que o rizoma começa a ser formado a partir dos 45 dias após a emergência (DAE), que as brotações podem vir do colmo e do rizoma, que as brotações do colmo são protegidas pela bainha, que há múltiplas brotações (caule cespitoso), que a floração pode iniciar a partir dos 60 dias (DAE) e que uma planta de capim-amargoso pode produzir até 75 mil sementes. Ou seja, deixar o capim-amargoso se estabelecer e perenizar é um grande problema.

Portanto, o controle químico no MIPD deve buscar aplicações em plantas mais jovens, aplicações sequencias em plantas perenizadas e uso de pré-emergentes. Essas ações devem possibilitar a rotação de mecanismos de ação de herbicidas (evitando a pressão de seleção e geração de populações resistentes de capim-amargoso), diminuindo assim a interferência nas culturas e as perdas na produtividade do sistema.

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Fonte: Informativo Supra Pesquisa, Ano II, Nº 3, Abril de 2019. Universidade Federal do Paraná (UFPR) – Setor Palotina Grupo de Pesquisa em Sistemas Sustentáveis de Produção Agrícola (Supra Pesquisa).



 

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