O objetivo desse trabalho foi avaliar o crescimento inicial de plantas de soja em
função da aplicação de diferentes doses de bioestimulante via semente e verificar sua eficiência conforme a dosagem.

Autores: Josilaine Gonçalves da Silva¹; Jean Pierre Moreira de Almeida2; Felipe Bega Cardoso Terra3; Milton Ferreira de Moraes4

Introdução

A soja Glycine max (L.) é a oleaginosa mais cultivada no mundo. No Brasil é a cultura que apresenta maior crescimento nos últimos tempos, ocupando aproximadamente 50% da área agrícola plantada, com uma área plantada de 33,9 milhões de hectares e uma produção total estimada em aproximadamente 95 milhões de toneladas (CONAB, 2017). Os bioestimulantes podem, dependendo de sua composição, concentração e proporção das substâncias, estimularem o crescimento vegetal e, dessa forma, aumentar a capacidade de absorção de nutrientes e água (Silva et al., 2008). Dentre os produtos tidos como bioestimulantes, o acetato de zinco amoniacal (ZC) tem sido usado recentemente como estimulador de crescimento radicular em um grande número de culturas, tais como milho, soja, feijão, trigo e canola. A aplicação de algas marinhas na agricultura é relatada desde a antiguidade, quando romanos coletavam as algas do mar e depositavam as mesmas no solo realizando um manejo para o cultivo de hortaliças (Alves;Fernandes, 2014). As principais aplicações das algas marinhas na agricultura são o controle direto de fitopatógenos pela atividade antimicrobiana dos extratos, indução de mecanismos de defesa vegetal e promoção do crescimento da planta (Dapper et al., 2014). O objetivo desse trabalho foi avaliar o crescimento inicial de plantas de soja em função da aplicação de diferentes doses de bioestimulante via semente e verificar sua eficiência conforme a dosagem.

Material e Métodos

Dois experimentos foram realizados na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Campus Cuiabá – MT, dentre os meses de março a julho de 2017. A cultivar utilizada foi a TMG 132, cultivar de ciclo médio, maturação relativa de 8,5 e tipo de crescimento determinado. Utilizou-se os seguintes produtos comerciais: 1) Aca plus®: classificado como um fertilizante foliar, composto em sua formulação por 7% de nitrogênio e 8,5% de zinco, dose recomendado 2 mL Kg-1 de semente. 2) Improver®: composto de 2% de molibdênio e 96,13% extrato de algas (Ascophyllum nodosum), dose recomendado 2 mL Kg-1 de semente. Foram utilizadas doses: iguais a 0; 0,5; 1; 2 e 4 vezes a dose comercialmente recomendada dos produtos.

Foram semeadas duas sementes em vasos do tipo Leonard modificado (Santos et al., 2009) com volume de 2 dm3, contendo areia lavada. As plantas emergidas nos vasos foram colhidas aos 15 dias após o início da emergência, lavadas cuidadosamente em água corrente, medida os comprimentos de raiz e de parte aérea das plantas e o peso da matéria seca Os experimentos foram conduzidos em delineamento inteiramente casualizados (DIC) e posteriormente submetidos à análise de variância, com aplicação do teste de F. Para as comparações de médias de tratamentos utilizado o teste de médias de Tukey (p<0,05).

Resultados e Discussão

Ao realizar a checagem dos dados das médias de todos os parâmetros realizados relativos ao experimento 1 (Tabela 1) avaliando doses de acetato de zinco amoniacal, observou-se que os tratamentos que com adição de acetato de zinco amoniacal apresentaram diferenças estatística nos atributos de comprimento médio de raiz (CR), quando comparados a testemunha.

Tabela 1. Comprimento da parte aérea (CPA), comprimento de raiz (CR), peso da matéria seca da parte aérea (MSA), peso da matéria seca da raiz (MSR) em plantas de soja com doses crescentes de acetato de zinco amoniacal. Cuiabá-MT 2017.

Estes dados estão de acordo com os obtidos por Milléo & Cristófoli (2015), visto que estes autores obtiveram respostas altamente positivas com a aplicação via semente deste mesmo produto na cultura de soja. Os dados referentes as médias do experimento 2 (Tabela 2), avaliando o comprimento da parte aérea (CPA), comprimento de raiz (CR), peso matéria seca de parte aérea (MSA) e peso matéria seca de raiz (MSR), observou-se que os tratamentos com a dose recomendada (2 mL Kg de semente-1) e o dobro da dose (4 mL Kg de semente-1) apresentaram melhores médias de comprimento médio de parte aérea (CPA) e comprimento médio de raiz (CR), quando comparado a testemunha (sem uso do bioestimulante). Esses dados corroboram com os resultados encontrados por Martella (2016), que observam que doses padrões e o dobro da dose aplicados via semente melhoram os aspectos produtivos da cultura.

Tabela 2. Comprimento da parte aérea (CPA), comprimento de raiz (CR), peso da matéria seca da parte aérea (MSA), peso da matéria seca da raiz (MSR) em plantas de soja com doses crescentes de extrato de algas. Cuiabá-MT 2017.

Conclusão

O uso do bioestimulante e do fertilizante mineral pode ser uma forma de oferecer a planta um melhor desenvolvimento inicial. A aplicação do acetato de zinco amoniacal (ACA Plus®), demonstrou incrementos significativos no comprimento inicial das raízes das plantas.

A aplicação de bioestimulante mineral simples (Improver®) quando usado a dose padrão e o dobro acarreta em melhoria nos parâmetros iniciais da cultura (comprimento de parte aérea e raiz).


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Referências

Alves, A.; Fernandes, A. L. T.; Composto de algas traz maior produtividade ao café. Revista Campo & Negócios, Uberlândia-MG, 06 de Outubro de 2014,

COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Acompanhamento da safra brasileira: Grãos safra 2016/2017. Ago. 2017. Disponível em <http://www.conab.gov.br> Acesso em: set. de 2017.

DAPPER, T. B.; PUJARRA, S.; OLIVEIRA, A. J.; OLIVEIRA, F. G.; PAULERT, R. Potencialidades das macroalgas marinhas na agricultura. Revista em agronegócios e Meio Ambiente, 7:295-313, 2014

MARTELLA, L. D.; Qualidade fisiológica de sementes de soja tratadas com fertilizante mineral e bioestimulantes. Curitibanos, SC, 2016, 29 p. Trabalho de conclusão de curso. Universidade Federal de Santa Catarina, 2016.

MILLÉO, M. V. R.; CRISTÓFOLI, I. Resposta da cultura da soja (Glycine max L. Merril) á aplicação de acetato de zinco amoniacal via semente. Revista Scientia Ágraria, 16:1-16, 2015.

SANTOS, C. E. R; BEZERRA, R. V.; FREITAS, A. D. S.; SEIDO, S. L.; MARTINS, L. M. V.; RUMJANEK, N. G.; XAVIER, G. R. Modificações de vasos de Leonard com garrafas Pet. Seropédica, EMBRAPA – CPTAS, 2009, 4p (Comunicado Técnico, 124).

SILVA, T. T. A.; VON PINHO, E. V. R; CARDOSO, D. L.; FERREIRA, C. A.; ALVIM, P. O.; COSTA, A. A. F. Qualidade fisiológica de sementes de milho na presença de bioestimulantes. Ciência Agrotecnologia. 32:840-846, 2008.

Informações dos autores

1Engenheira Agrônoma, Dra. E-mail: josilainegsilva@gmail.com;

2Mestrando em Agricultura Tropical, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Cuiabá/MT. E-mail: jeanpierremda@gmail.com;

3Engenheiro Agrônomo. E-mail: fb_agro@hotmail.com;

4Professor, Dr. Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Barra do Garças/MT. E-mail: moraesmf@yahoo.com.br.

Disponível em: Anais do II Congresso Online para Aumento de Produtividade do Milho e Soja (COMSOJA), Santa Maria, 2019.

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