O controle de plantas daninhas é fundamental para garantir boa produtividade dos cultivos agrícolas. Em terras baixas onde o cultivo de arroz irrigado é predominante, algumas plantas daninhas como o capim-arroz (Echinochloa spp.) e o papuã (Urochloa plantaginea) apresentam difícil controle em virtude das similaridades biológicas com as plantas de arroz além de interferir drasticamente na produtividade da cultura. Segundo AGOSTINETTO et al. (2007), as perdas de produtividade na cultura do arroz quando a entrada de água na lavoura ocorre aos 20 dias após a aplicação dos tratamentos herbicidas e para uma densidade de uma planta de capim-arroz por metro quadrado podem chegar a 11,3%, destacando a importância do controle dessa planta daninha.

Figura 1. Perda de produtividade de grãos de arroz em função da população de plantas de capim-arroz para diferentes períodos de entrada de água na lavoura. (1 dias após o tratamento com herbicidas (DAT), 10 DAT e 20 DAT) aos 21 dias após a emergência da cultura.

Adaptado: AGOSTINETTO et al. (2007).

Mas além do controle das plantas daninhas, é fundamental diminuir a densidade de sementes dessas plantas no solo (banco de sementes do solo) visando diminuir a emergências de novas plantas e consequentemente diminuindo a interferência na produtividade dos cultivos agrícolas.

Em trabalho intitulado “Rotação de Culturas e Preparo do Solo Sobre o Banco de Sementes de Plantas Daninhas em Terras Baixas”, GOULART et al. (2019), avaliaram a influência que a rotação de culturas e os cultivos sob sistema plantio direto e convencional exercem sob o banco de sementes do solo, especialmente para sementes de capim-arroz e papuã.

O trabalho foi conduzido nas safras 2015/16, 2016/17 e 2017/18 onde foi avaliado o banco de sementes em duas profundidades distintas do perfil do solo (0 a 5 e de 5 a 10 cm) sob dois anos de cultivo. Os autores utilizaram as culturas do arroz, soja e sorgo para compor os tratamentos de monocultivos e rotação de culturas, sob os manejos de solo plantio convencional (com revolvimento do solo) e sistema de semeadura direta (sem revolvimento do solo), conforme observado na tabela 1.

Tabela 1. Tratamentos utilizados por GOULART et al. (2019) com seus respectivos sistemas de manejo do solo e rotação de culturas.

Fonte: GOULART et al. (2019).

Após a condução do experimento a campo e análise de dados, os autores concluíram que o maior incremento de sementes de capim-arroz e papuã no banco de sementes do solo se deu com o monocultivos do sorgo, visto que para o papuã, o maior incremento foi observado quando utilizado o monocultivos de sorgo, conduzido sob sistema de semeadura direta.

Em parte esse maior incremento pode ser justificado pela não utilização de herbicidas pós-emergentes na cultura do sorno, tendo assim um maior desenvolvimento das plantas daninhas. O fato enfatiza a importância do controle químico na redução de sementes do banco de sementes do solo. No arroz irrigado, a utilização da lâmina de água também auxilia na redução de sementes do banco de sementes do solo, principalmente se tratando do papuã, servindo como uma medida física de controle.



Tabela 2. Densidade de sementes viáveis de capim-arroz e papuã (m-2), em função de rotação de culturas e manejo de preparo do solo, avaliados em diferentes profundidades de coletas (0-5 e 5-10 cm).

Fonte: GOULART et al. (2019).

Os autores não observaram aumento do banco de sementes de capim-arroz e papuã para os monocultivos de soja e arroz nos dois anos de cultivo. Conforme GOULART et al. (2019) embora o sistema de preparo convencional do solo promova maior fluxo de germinação de diferentes sementes em decorrência do revolvimento do solo, o sistema de semeadura direta no solo permite que as sementes permaneçam nas camadas mais superficiais do solo, proporcionando melhores condições para a germinação e emergência das plântulas.

Levando em consideração os resultado obtido por AGOSTINETTO et al. (2007) em que uma planta.m-2 de capim arroz representa uma redução de aproximadamente 11,3% na produtividade do arroz, a quantidade de sementes contidas no banco de sementes do solo encontrada por GOULART et al. (2019) é alarmante. Supondo que essas sementes encontrem condições adequadas para germinação, sua interferência pode comprometer a produtividade de uma lavoura de arroz, sendo dessa forma, é imprescindível o controle da planta daninha.

O monocultivos do arroz, associado a pecuária uma realidade de grande parte das lavouras orizícolas gaúchas. GOULART et al. (2019) concluem que o monocultivos de arroz e soja em terras baixas por dois anos não influi no banco de sementes de capim-arroz e papuã no solo. Contudo, é necessário pensar em estratégias de cultivo que possibilitem a inserção de da rotação de culturas promovendo melhores condições de cultivo e maior uso da terra.

Veja também: Associação de sistemas de cultivo e herbicidas pré-emergentes para controle do capim-arroz



Referências:

AGOSTINETTO, D. et al. INTERFERÊNCIA DE CAPIM-ARROZ (Echinochloa ssp.) NA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO (Oryza sativa) EM FUNÇÃO DE ÉPOCAS DE IRRIGAÇÃO. Planta Daninha,Viçosa-MG, v. 25, n. 4, p. 689-696, 2007.

GOULART, F. A. P. et al. ROTAÇÃO DE CULTURAS E PREPARO DO SOLO SOBRE O BANCO DE SEMENTES DE PLANTAS DANINHAS EM TERRAS BAIXAS. Rev. Bras. Herb., v. 18, n. 4, e. 680, 2019.

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