Introdução

A incidência de oídio Blumeria graminis f.sp. tritici nas últimas safras de trigo vem sendo elevada (Figura 1). Os danos em função da doença podem chegar a 60 %, dependendo da suscetibilidade da cultivar utilizada, do momento de controle e dos produtos utilizados. O controle da doença pode ser realizado com o uso de cultivares resistentes e emprego de fungicidas, tanto em tratamento de sementes como na parte aérea. Para a efetividade do controle químico, é importante que as aplicações de fungicida sejam realizadas logo após o aparecimento dos primeiros sintomas.

Figura 1. Sinais e sintomas de oídio (Blumeria graminis f.sp. tritici) em trigo. Foto: Dirceu Gassen

Objetivo

O principal objetivo deste estudo foi avaliar distintos fungicidas para o controle de oídio de forma curativa, após o aparecimento dos sintomas.

Metodologia 

O trabalho foi conduzido na safra 2019, na área experimental da CCGL em Cruz Alta, RS. Foram avaliados diferentes fungicidas que, de forma curativa, foram aplicados após a observação de sintomas (cerca de 25 % de severidade de oídio). Os tratamentos avaliados e os produtos utilizados em cada tratamento são listados na Tabela 1. Em todas as aplicações de fungicida, fez-se uso do adjuvante Aureo, na dose de 375 ml/ha . O volume de calda utilizado foi 150 l/ha. A cultivar utilizada no experimento foi TBIO Sossego, semeada em 18/06/2019 e colhida em 08/11/2019. Foram realizadas avaliações de produtividade (sacos/ha) e eficiência de controle de oídio (%), baseadas na área abaixo da curva de progresso da doença (ASCPD) de cada tratamento, comparando-se à testemunha. As médias foram comparadas entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.

Tabela 1. Tratamentos, doses utilizadas e estádios de aplicação de fungicidas realizados na cultivar de trigo TBIO Sossego. Safra 2019

Resultados 

Os tratamentos 2 – Tilt 500 ml ha e 3 – Tebufort 500 ml/ha apresentaram os menores controles de oídio (15 % e 27%, respectivamente), enquanto os tratamentos 4 – Versatilis 500 ml/ha e 5 – Versatilis 750 ml/ha foram os que apresentaram os melhores controles (44% e 48%, respectivamente), não diferindo estatisticamente entre si. Na sequência, estiveram os tratamentos 6 – Domark Excell 600 ml/ha (40% de controle) e 7 – Domark Excell 800 ml/ha (38% de controle). Ambos, também não diferiram estatisticamente
entre si (Figura 2).

Os tratamentos 4 – Versatilis 500 ml/ha , 5 – Versatilis 750 ml ha , 6 – Domark Excell 600 ml ha e 7 – Domark Excell 800 ml/ha não diferiram em produtividade, todos alcançando 66 sacos/ha . Em comparação aos demais tratamentos, estes superaram o tratamento 2 – Tilt 500 ml/ha em 16 sacos/ha e o tratamento 3 – Tebufort 500 ml/ha em 10 sacos/ha . Os melhores controles de oídio do ensaio se refletiram nas maiores produtividades observadas (Figura 2). Ainda assim, os tratamentos com Tilt e Tebufort agregaram, respectivamente, de 5 a 11 sacos/ha em relação ao tratamento 1 – Testemunha, onde não foram realizadas as duas primeiras aplicações com foco em oídio.

Figura 2. Produtividade de trigo em sacos/ha (representada pelas barras cinza) e eficiência de controle de oídio (%) (representada pelas barras verdes), obtidas nos distintos tratamentos realizados na cultivar de trigo TBIO Sossego. Cruz Alta, RS, 2020. Médias de produtividade seguidas pela mesma letra maiúscula e médias de controle de oídio seguidas pela mesma letra minúscula não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade de erro.

Conclusões 

Em ensaios conduzidos na CCGL nas três últimas safras, em que se variou o fungicida utilizado após a observação dos primeiros sintomas de oídio (ainda ao final do perfilhamento), foram obtidos controles de 60 % a 85 %, e portanto, superiores aos observados neste ensaio. Esses dados indicam que é importante controlar a doença logo após o seu aparecimento, a fim de obter bons níveis de controle e minimizar as perdas em produtividade. No entanto, os dados aqui apresentados demonstram que alguns ingredientes ativos, mesmo que sob condições de maior severidade da doença, o que dificulta o controle, possuem bom potencial para controle de oídio. Estes, se aplicados tão logo se percebam os primeiros sintomas de oídio no campo, poderão refletir em controles superiores aos observados neste experimento.

Cabe salientar que na escolha dos produtos a serem utilizados deve-se considerar o espectro de controle destes sobre as diversas doenças da cultura do trigo, que ocorrem, geralmente, de forma concomitante no campo.

Autora

Caroline Wesp Guterres – Doutora em fitotecnia com ênfase em fitopatologia – Pesquisadora da CCGL – E-mail: caroline.wesp@ccgl.com.br

Fonte: CCGL – Pesquisa e Tecnologia

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.