A ocorrência de plantas de soja apresentando abertura de vagens ainda verde e com a presença de grãos podres, vem sendo relatado em lavouras de soja no centro-oeste do país.  As causas do fenômeno ainda não foram esclarecidas e podem estar relacionadas a patógenos e/ou a condições ambientais desfavoráveis às plantas.

Aparentemente, não existiam relatos da ocorrência de anomalia das vagens no Rio Grande do Sul, porém no dia 04/03/2022, durante avaliações realizadas numa lavoura do campeonato “Soybean Money Maker”, a Equipe FieldCrops encontrou pela primeira vez esses sintomas em plantas de soja, no município de Barra do Ribeiro – RS. Sintomas semelhantes foram encontrados pela Crops Team em lavoura de um produtor no município de Alegrete – RS, no dia 05/03/2022.

Figura 1. Plantas de soja com abertura de vagens, em Barra do Ribeiro/RS. Foto: Vinicius Czapliski

Figura 2. Vagem contendo grão apodrecido, em Barra do Ribeiro/RS. Foto: Vinicius Czapliski

Figura 3. Planta de soja com a presença de vagem aberta, em Alegrete/RS. Foto: José Eduardo MinussiWinck

Figura 4. Vagens com a presença de grão podre no interior em Alegrete/RS. Foto: José Eduardo MinussiWinck

Existem relatos de que o fenômeno de abertura prematura e apodrecimento de vagens está associado à ocorrência de Macrophomina phaseolina e à compactação do solo, ocasionando limitado crescimento radicular. Porém, na área da Barra do Ribeiro, que apresentava sintomas da anomalia, análises de solo realizadas pelo Campeonato Soybean Money Maker evidenciaram a presença de raízes de soja a 80 cm de profundidade, indicando que o problema pode não ter relação direta com o aprofundamento das raízes da soja.

A ocorrência de altas temperaturas durante o ciclo da cultura foi assinalada como um dos fatores predisponentes à ocorrência da anomalia das vagens, o que de fato foi observado em ambos os locais entre outubro de 2021 e fevereiro de 2022, com temperaturas máximas diárias superiores a 35ºC durante vários dias. Além disso, a deficiência hídrica também tem sido relatada como uma das causas desse fenômeno. Na Figura 6, encontram-se os dados de precipitação e/ou a irrigação para os dois locais onde os sintomas foram observados. A precipitação acumulada entre 01/10/2021 e 28/02/2021 em Barra do Riberio foi de 456 mm, enquanto em Alegrete foi de 652 mm. Ambas lavouras apresentaram componentes de rendimento que indicam produtividade acima de 4.000 kg/ha, o que não configuraria déficit hídrico acentuado.

Figura 5. Temperaturas máximas registradas em Alegrete e Barra do Ribeiro entre outubro de 2021 e fevereiro de 2022.

Figura 6. Precipitação e irrigação para para Alegrete e Barra do Ribeiro entre outubro de 2021 e fevereiro de 2022.

Os relatos feitos até o momento relacionam a anomalia das vagens ao genótipo de soja, em que a incidência do fenômeno varia de acordo com as cultivares. Ao analisarmos as lavouras lindeiras mais próximas destas áreas, com diferentes cultivares não encontramos sintomas do fenômeno, mostrando uma possível relação entre a ocorrência da anomalia das vagens e a cultivar de soja.

Autores: Equipe Fieldcrops, Crops Team e Protecrop. Enrico FleckTura, José Eduardo Minussi Winck, Leonardo Silva de Paula, Cristian Savegnago, Daniel Debona, Eduardo Lago Tagliapietra e Michel Rocha da Silva



Foto de capa: Vinicius Czapliski

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