Durante o período em que uma cultura agrícola se encontra no campo, uma série de cuidados são necessários para que esta cultura tenha um bom crescimento e desenvolvimento vegetal, resultando em boa produtividade. Com a soja não é diferente, e dentro desses cuidados que integram o manejo da cultura, o monitoramento de insetos pragas e seu controle é fundamental para garantir a sanidade e qualidade da lavoura.
A forma mais usual para controle de insetos na cultura da soja, é por meio da aplicação de inseticidas, sendo esses em sua maioria de origem química, os quais necessitam de alguns cuidados durante seu uso. Dentre alguns fatores que interferem diretamente na eficiência de aplicação do produto, podemos destacar a deriva. A deriva consiste no desvio de trajetória do produto aplicado, fazendo com que ele não atinja o alvo desejado de forma eficiente e diminuindo sua eficácia. A deriva é principalmente influenciada pela velocidade do vento, tamanho e adesão das gotas de pulverização CUNHA (2008).
Além de prejudicar a ação do inseticida dificultando o contato com o alvo desejado, a deriva pode ocasionar problemas ambientais, tais como contaminação de cursos d’água, mortalidade de inimigos naturais e agentes polinizadores ARAUJO (2019), além de resultar em maior custo de produção para o produtor rural.
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Visando colocar a quantidade certa de ingrediente ativo no alvo, sem contaminar o ambiente, minimizando risco e de forma economicamente viável, a tecnologia de aplicação surge com ferramentas que auxiliam na melhoria da eficiência das aplicações de agrotóxicos MATTHEWS (2002) e uma dessas ferramentas é o adjuvante.
O adjuvante quando adicionado na calda de pulverização, tem como objetivo melhorar o espalhamento da gota e molhamento do dossel da cultura, além de em alguns casos diminuir a quantidade de espuma na calda. SASAKI et. al, (2015). Tendo em vista que a soja apresenta dossel denso após o fechamento das entre linhas e que uma das dificuldades de se controlar pragas é atingir os terços médios e inferiores da planta através das pulverizações, os adjuvantes podem ser ferramentas essenciais para se conseguir o melhor molhamento desses terços da planta quanto utilizados em conjunto com volumes de calda e ingrediente ativo corretos.
Avaliando a ação de três adjuvantes (Oro-solve, Wetcit Gold e Orobor N1) quando utilizados nas doses de 1,5 L.100L-1; 0,25L.100L-1; e 0,25L. 100L-1 respectivamente, juntamente com o inseticida Engeo Pleno 0,25L.100L-1, MARUBAYASHI et. al, (2019) encontraram resultados que demonstraram que em condições conhecidas de velocidade do vento em 2m.s-1 , para as alturas de aplicação em relação ao nível do túnel de vento onde ocorreram os teste, (0,3; 0,5; 0,7; 0,9 e 1,1m), pressão de aplicação, umidade, temperatura média do ar e distintas distancias horizontais em relação a barra de aplicação, os adjuvantes auxiliam na diminuição da deriva (figura 1).
Figura 1. Dispersão de gotas de pulverização no túnel de vento em função de diferentes caldas de inseticidas: Sem adjuvante (a), com Oro-solve (b), com Wetcit Gold (c) e com Orobor N1 (d).Fonte: MARUBAYASHI et. al, (2019)

Com base nos resultados observados, nota-se que a medida em que a altura de aplicação em relação ao nível do túnel é aumentada, a deriva é diminuída, da mesma forma para a distância de aplicação em relação a barra. Dentre os adjuvantes testados, melhores resultados na diminuição da deriva foram encontrados por MARUBAYASHI et. al, (2019) na utilização de Oro-solve, seguido por Wetcit Gold e Orobor N1. Para ambos os adjuvantes testados, a maior diminuição da deriva foi observada aos 15m em relação a barra de pulverização (figura 2).
Figura 2. redução da deriva em função das distâncias horizontais e da adição de adjuvantes a calada de inseticida.

Sendo assim, MARUBAYASHI et. al, (2019) conclui que para os adjuvantes Oro-solve, Wetcit e Orobor N1, nas condições de uso citadas anteriormente, bem como em combinação ao inseticida Engeo Pleno, permitem uma redução média de 28, 31 e 51% da deriva a 5, 10 e 15 m de distancia da barra de pulverização respectivamente. Estes resultados demonstram a importância do uso dos adjuvantes na utilização de aplicações de inseticida, permitindo maior eficácia para atingir o alvo, representando redução de custos, eficiência na pulverização e diminuindo riscos de contaminação ambiental.
Outras tecnologias vêm sendo empregadas para aumentar a eficiência da pulverização, a exemplo a pulverização eletrostática, que trata de carregar eletricamente a gota pulverizada, fazendo com que a diferença de potencial elétrico cause atração entre gota e planta. SASAKI et. al, (2015) demonstra que o uso de adjuvantes aliados a tecnologia de pulverização eletrostática aumenta a eficiência da tecnologia, uma vez que os adjuvantes tendem a melhorar a eletrificação das gotas. Contudo toda tecnologia tem seu custo, e este deve ser avaliado pelo produtor e técnico responsável visando o melhor atendimento as necessidades da propriedade e melhor eficiência do manejo da cultura.
Referências
ARAUJO, W. L. TOXICIDADE DE INSETICIDAS SOBRE ABELHAS SEM FERRÃO. Universidade Federal de Santa Maria; Programa de Pós-Graduação em Agronomia. Santa Maria, p. 73, 2019.
CUNHA, J. P. A. R., SIMULAÇÃO DA DERIVA DE AGROTÓXICOS EM DIFERENTES CONDIÇÕES DE PULVERIZAÇÃO. Ciênc. Agrotec., Lavras, v. 32, n. 5, p. -, set, 2008.
MARUBAYASHI et. al, REDUÇÃO DE DERIVA DE PULVERIZAÇÃO DE INSETICIDA PELO USO DE ADJUVANTES. Simpósio Internacional de Tecnologia de Aplicação, p. 458 – 461, set, 2019.
MATTHEWS, G. A. The application of chemicals for plant disease cotrol. In: WALLER, J. M.; LENNÉ, J. M.; WALLER, S. J. Plant pathologist s pocketbook. Londres, p. 345-353, 2002.
SASAKI et. al, ADJUVANTES NAS PROPRIEDADES FÍSICAS DA CALDA, ESPECTRO E EFICIÊNCIA DE ELETRIFICAÇÃO DAS GOTAS UTILIZANDO A PULVERIZAÇÃO ELETROSTÁTICA. Ciência Rural, Santa Maria, v.45, n.2, p.274-279, fev, 2015