A maior parte da biomassa das plantas está constituída por água, por exemplo, na soja aproximadamente 70-90% da sua massa esta constituída de água, variando segundo o estágio de desenvolvimento, sendo essencial nos processos fisiológicos e bioquímicos (Taiz et al., 2017). No estabelecimento da lavoura (desde a semeadura até o V2), um dos principais componentes de produtividade está sendo definido, o número de plantas por área, por isso, essa fase é muito sensível ao déficit ou excesso hídrico.
A demanda hídrica na cultura da soja pode atingir valores de 9mm por dia em condições potencias, coincidindo entre a fase de floração (R1) e enchimento de grãos (R5) (Figura 1), no entanto, essa demanda depende principalmente do fechamento do dossel mais do que do estágio de desenvolvimento visto que tem uma relação entre o Indice de área foliar (IAF) e a transpiração, portanto, o coeficiente máximo da cultura (Kc) é atingido no momento em que o IAF está superior ao IAF critico (quantidade de folhas necessárias para ocorrer a interceptação do 95% da radiação solar), e não em um estádio de desenvolvimento específico.
Figura 1. Evapotranspitação real (ETr) da cultura (simulação com modelo DSSAT – CROPGRO) representada nas colunas e o coeficiente de cultura (Kc) da FAO na linha preta, em relação aos estágios de desenvolvimento da soja.

Ao longo do ciclo de desenvolvimento da cultura, uma lavoura com potencial de produtividade de 6,0 t ha-1 necessita de aproximadamente 800mm de água, no entanto, além da quantidade também é importante a distribuição das chuvas e/ou irrigações ao longo do ciclo, sobretudo na fase de enchimento de grãos (R5). De maneira geral, para cada milimetro de água durante o ciclo, se for aproveitado com a máxima eficiência, é possível produzir aproximadamente 9kg grão (Zanon et. al., 2016).
Já em estudos realizados por Tagliapietra et. al. (2021), a demanda total de água aumenta com o aumento do GMR, isso devido à duração do ciclo. Os valores de exigência de água para a região Sul do Brasil para cultivares com GMR ≤ 5.5 é de 765mm, para GMR 5.6 a 6.4 é 830mm e para GMR ≥ 6.5 seria 875mm (Figura 2), dessa maneira, cultivares de menor ciclo apresentam maior eficiência no uso da água.
Figura 2. Produtividade da soja (t ha-1) em relação ao suprimento de água (mm) durante a estação de cultivo (Semeadura – R7) da soja para GMR ≤ 5.5 (A), GMR 5.6 a 6.4 (B) e GMR ≥ 6.5 (C).

Referências bibliografias.
TAGLIAPIETRA, E. L. et al. Ecofisiologia da soja: visando altas produtividades. Santa Maria, ed. 2, 2022
TAIZ, L., et al. Fisiologia e Desenvolvimento Vegetal. Porto alegre, ed 6. Artmed. 2017
WINCK, J. E. M., et al. Ecofisiologia da soja: visando altas produtividades. Santa Maria, ed. 3, 2025
ZANON, A. J. et al. Climate and management factors influence soybean yield potencial in a subtropical environment. Agronomy Journal, v. 108, n.4, p. 1447-1454, 2016. Disponivel em: < https://acsess.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.2134/agronj2015.0535 >, acesso: 13/07/2025