Com característica que permitem ao fungo infectar a soja em qualquer período do desenvolvimento da planta, a ferrugem-asiática da soja, causada por Phakopsora pachyrhizi é uma das mais preocupantes e devastadoras doenças que incidem sobre a cultura. Os danos variam muito em função do estádio em que acomete a soja, severidade e sensibilidade de cultivar, podendo chegar a 90% de redução da produtividade em casos mais extremos (Godoy et al., 2023).
Para o manejo medidas como o controle preventivo são essenciais para o controle eficiente da ferrugem asiática. Com relação ao o controle químico da ferrugem-asiática, o Comitê de Ação a Resistência a Fungicidas (FRAC-BR), orienta que todo o programa controle da doença deva ser iniciado de forma preventiva à ocorrência da ferrugem. Estratégias como a rotação de mecanismos de ação de fungicidas, bem como a associação de grupos químicos contribuem para o controle da ferrugem e manejo da resistência do fungo a fungicidas.
Vales destacar que o fungo necessita de água livre (molhamento foliar) para infectar a planta, sendo assim, condições de elevada umidade e chuvas frequentes, como o vivenciado na maior parte da região Sul do Brasil, na safra 2023/24, tem contribuído para o aumento dos casos de ferrugem na soja. Comparando os períodos de novembro de 2022 a janeiro de 2023 com o mesmo período da safra atual (novembro de 2023 a janeiro de 2024), tem-se um aumento de aproximadamente 83% dos casos de ocorrência da ferrugem-asiática, aumento impulsionado principalmente pelos casos de ocorrência na região Sul do país.
Figura 1. Ocorrência dos casos de ferrugem-asiática da soja nas safras 2022/23 e 2023/24. Período de 01/11/2022 a 23/01/2023 e de 01/11/2023 a 23/01/024.

O mapa de dispersão dos casos de ocorrência da doença, do Consórcio Antiferrugem, mostra que os principais estados atingidos são o Paraná e o Rio Grande do Sul. O aumento expressivo desses casos de ocorrência da ferrugem nessas regiões, em comparação a safra anterior, é consequência principalmente das condições climáticas, em especial a influência do fenômeno El Niño que alterou a dinâmica de chuvas nessas regiões, possibilitando condições mais favoráveis a ocorrência da ferrugem-asiática.
Figura 2. Mapa da dispersão dos casos de ferrugem-asiática no Brasil, safra 2023/24 (23/01/2024).

Atualmente, 218 casos de ocorrência da ferrugem-asiática foram relatados na safra 2023/24, incluindo casos em soja voluntária. Vale destacar que em função dos atrasos de semeadura, resultando em semeaduras tardias, é de se esperar que ainda haja o aumento dos casos de ferrugem até o final da safra, tornando necessário maior cautela no manejo da doença.
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Referências:
CONSÓRCIO ANTIFERRUGEM. OCORRÊNCIAS. Consórcio Antiferrugem: Parceria público-privada no combate à ferrugem asiática da soja, 2024. Disponível em: < http://www.consorcioantiferrugem.net/#/main >, acesso em: 23/01/2024.
FRAC-BR. NOVAS RECOMENDAÇÕES PARA O MANEJO DA FERRUGEM ASIÁTICA DA SOJA. Comitê de Ação a Resistência a Fungicidas, Brasil, 2024. Disponível em: < https://www.frac-br.org/recomendacoes-ferrugem-asiatica-da- >, acesso em: 23/01/2024.
GODOY, C. V. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS PARA O CONTROLE DA FERRUGEM-ASIÁTICA DA SOJA, Phakopsora pachyrhizi, NA SAFRA 2022/2023: RESULTADOS SUMARIZADOS DOS ENSAIOS COOPERATIVOS. Embrapa, Circular Técnica, n. 195, 2023. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1154837/eficiencia-de-fungicidas-para-o-controle-da-ferrugem-asiatica-da-soja-phakopsora-pachyrhizi-na-safra-20222023-resultados-sumarizados-dos-ensaios-cooperativos >, acesso em: 23/01/2024.