Para que as plantas possam expressar seu potencial produtivo, recursos básicos como radiação solar, água e nutrientes do solo necessitam estar prontamente disponíveis e em níveis adequados para pleno crescimento e desenvolvimento vegetal. Embora muito se trate sobre níveis de fertilidade do solo, visando adequar os teores de nutrientes à demanda das culturas agrícolas, é essencial garantir não só a quantidade adequada de nutrientes, como também a disponibilidade deles para as plantas.

Um dos principais fatores responsáveis por limitar a disponibilidade dos nutrientes do solo para as plantas é o pH do solo, mais especificamente o pH inadequado. Para a grande maioria dos nutrientes, existe uma faixa de pH onde se concentra a maior disponibilidade deles para as plantas, sendo normalmente compreendida entre 5,5 e 6,5 (figura 1).

Figura 1. Disponibilidade de nutrientes no solo em função do pH.

Fonte: Embrapa (2013)

Além de afetar a disponibilidade dos nutrientes no solo, alguns estudos demonstram que o pH do solo, também influencia na eficiência de alguns fertilizantes (adubos), sendo que, dependendo da condição de pH do solo e do fertilizante empregado, reduções de até 80% na eficiência do insumo podem ser observadas, como observado para o nitrogênio no pH 4,5 (figura 2).

Figura 2. Calagem X Eficiência dos adubos.

Visando reduzir as perdas de eficiência dos adubos, bem como aumentar a disponibilidade dos nutrientes no solo, uma das principais estratégias utilizadas é a correção do pH através da calagem do solo. Sobretudo, para definir a real necessidade de corrigir o solo, bem como tipo de corretivo a ser usado e quantidade necessária, é essencial realizar um diagnóstico do solo, por meio da análise química da fertilidade do solo.

Para tanto, deve-se realizar a amostragem de solo das áreas de cultivo, respeitando algumas orientações com relação a época, profundidade de coleta e sistemas de cultivo. Segundo Escpsteguy et al. (2016), a amostragem de solo pode ser feita em qualquer época do ano. Entretanto, considerando que são necessárias de duas a três semanas para a preparação, a análise química e o retorno dos resultados, deve-se amostrar o solo aproximadamente dois a três meses antes do plantio ou da semeadura.



Para a profundidade de coleta, deve-se levar em consideração alguns parâmetros para cada sistema de cultivo, diferenciando principalmente o sistema convencional do sistema plantio direto consolidado. Partindo do pressuposto de que em lavouras de plantio direto consolidado, foram realizadas as devidas correções do solo na implantação do sistema, recomenda-se que a coleta de solo nessas áreas seja realizada na profundidade de 0 a 10 cm, com monitoramento eventual da camada de 10 a 20 cm. Já no sistema de cultivo convencional, onde há o revolvimento do solo, deve-se considerar a profundidade de 0 a 20 cm para a coleta de solo para a análise química da fertilidade do solo (Escpsteguy et al., 2016).

Tabela 1. Sugestão de camadas de solo e amostradores de solo, para diferentes sistemas ou condição de cultivo.

*Recomendações estabelecidas para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina (1)A amostragem separando as camadas de 0 a 10 e de 10 a 20 cm é necessária para o monitoramento eventual da acidez em subsuperfície e recomendação da calagem, conforme Capítulo 5; (2)Procedimento alternativo ao da pá-de-corte (ver figura 3.5); (3)Para as espécies perenes frutíferas e florestais, incluindo também a roseira de corte como espécie ornamental, os resultados da análise da camada de 0 a 20 cm podem ser usados para corrigir a camada de 0 a 30 cm ajustando a dose a ser aplicada nesta camada para 1,5 vezes a dose de calcário ou fertilizante recomendada para a camada de 0 a 20 cm. Fonte: Escpsteguy et al. (2016)

A quantidade de amostras por área pode variar em função do sistema de cultivo e/ou tecnologia empregada, sendo que para lavouras onde há agricultura de precisão, é comum a amostragem de solos em maior número, para a melhor representatividade das condições químicas do solo da área, sendo muitas vezes confeccionados mapas de fertilidade, com o intuído de direcionar o aporte de nutrientes ou correção do solo.

Vale lembrar que a amostragem do solo e a análise química da fertilidade solo são os primeiros passos cara a sua correção, principalmente se tratando de níveis de pH e teor de nutrientes do solo, funcionando como uma espécie de “exame” do solo, desde que seguidas as orientações técnicas pré-estabelecidas.


Veja mais: Qual o intervalo entre calagem e semeadura?



Referências:

ESCOSTEGUY, P. A. V. et al. AMOSTRAGEM DE SOLO E PLANTAS. Manual de Calagem e Adubação: Para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, Cap. 3, Comissão de Química e Fertilidade do Solo, RS/SC, 2016. Disponível em: < https://www.sbcs-nrs.org.br/docs/Manual_de_Calagem_e_Adubacao_para_os_Estados_do_RS_e_de_SC-2016.pdf >, acesso em: 23/03/2023.

SFREDO, G. J. CALAGEM E ADUBAÇÃO DA SOJA. Circular Técnica, n. 61, 2008. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/soja/busca-de-publicacoes/-/publicacao/470943/calagem-e-adubacao-da-soja >, acesso em: 23/03/2023.

Foto de capa: Vanessa Bertolazzi

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