Por Argemiro Luís Brum

Enquanto a paralisação de grande parte do setor público dos EUA continua (shutdown), poucas estatísticas circulam no front externo neste momento. O fechamento de Chicago, na quinta-feira (16), ficou em US$ 10,10/bushel, contra US$ 10,22 uma semana antes.

Dito isso, o esmagamento de soja nos EUA, em setembro, chegou a 5,38 milhões de toneladas, superando as expectativas do mercado, sendo que o volume é 11,6% acima do que o processado em setembro do ano passado.

Mesmo assim, o mercado cedeu, pois o evento principal foi o retorno de ações comerciais negativas entre China e EUA, quando se esperava que a situação pudesse melhorar. Ou seja, os discursos anteriores de Trump, neste sentido, mais uma vez se mostraram sem razão e credibilidade. Com isso, as relações entre os dois países voltaram a piorar. A ponto de a China iniciar uma cobrança de taxa sobre os navios estadunidenses que estão em docas de portos chineses e sobre os que estão chegando. Esta cobrança teria iniciado no último dia 14/10 e monta a US$ 56,00/tonelada líquida, “basicamente o mesmo valor que os US$ 50,00 por tonelada líquida que os EUA estão cobrando dos navios chineses”. Pequim também combinou de aumentar as taxas ao longo do tempo, até 17 de abril de 2028, com as mesmas datas de vigência aplicadas pelos EUA, caso a guerra comercial continue. “No curto prazo, isso resultará em um aumento nos custos para os consumidores dos EUA, uma diminuição nos lucros para os transportadores e um pequeno declínio na demanda por exportações para os EUA em certas categorias”, segundo o presidente da Câmara de Comércio Americana na China.

Espera-se uma reunião entre os presidentes dos dois países, no final de outubro, na qual a expectativa é de que esse problema comercial se resolva, mesmo que parcialmente. Mas se o problema continuar, os prêmios nos portos brasileiros e argentinos se manterão firmes, pois faltam 10 milhões de toneladas de soja para os chineses cobrirem os embarques de novembro, dezembro e janeiro (cf. Agrinvest Commodities).

E no Brasil, os preços da soja melhoraram um pouco, puxados pelos prêmios. O câmbio recuou para níveis de R$ 5,45 e Chicago também cedeu, como vimos. Assim, a média gaúcha fechou a semana em R$ 123,15/saco, enquanto as principais praças locais trabalharam com valores entre R$ 120,00 e R$ 121,00/saco. Nas demais localidades brasileiras pesquisadas, os valores giraram entre R$ 118,00 e R$ 125,00/saco.

O Brasil continua com forte demanda pela sua soja, devido ao conflito comercial entre China e EUA, levando os chineses a continuarem mais presentes no mercado sulamericano. Mesmo assim, o preço da tonelada brasileira se mantém estável em relação ao último ano, tendo ficado em torno de US$ 429,70 nos primeiros dias de outubro. Em tal quadro, os exportadores querem prêmios entre US$ 2,05 e US$ 2,10/bushel, com os preços nos portos girando entre R$ 140,00 e R$ 141,00/saco, sendo estes os melhores das últimas quatro semanas (cf. Brandalizze Consulting).

Neste sentido, vale destacar que o país exportou 2,17 milhões de toneladas de soja nas duas primeiras semanas de outubro, chegando a quase metade do total exportado em todo o mês de outubro de 2024 (cf. Secex).

Quanto ao plantio da nova safra, o mesmo atingiria a 12,8% da área, contra 8,4% na média dos últimos cinco anos neste período (cf. Pátria AgroNegócios). Já no Mato Grosso, o mesmo chegava a 21,2% nesta semana, ficando acima da média, que é de 17,2%. Devido as dificuldades de preço, custos de produção e outros fatores, a área semeada crescerá pouco, ao redor de 1,7%, chegando a 13 milhões de hectares, enquanto a produção final do Estado está projetada em 47,2 milhões de toneladas, ou seja, um recuo de 7,3% sobre o ano anterior (cf. Imea).

Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).



 

FONTE

Autor:Informativo CEEMA UNIJUÍ

Site: Dr. Argemiro Luís Brum/CEEMA-UNIJUÍ

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