A colheita da soja, nos EUA, estando encerrada, o mercado se volta cada vez mais para o plantio da oleaginosa na América do Sul e o clima que ocorre nesta região de produção.
Ao mesmo tempo, na semana encerrada em 20 de novembro, os EUA embarcaram 799.042 toneladas de soja, ficando o volume dentro das projeções do mercado. Com isso, até o momento, as exportações de soja estadunidense, no atual ano comercial, atingem a 10,9 milhões de toneladas, ou seja, 45% a menos do que o exportado no mesmo período do ano passado.
Por outro lado, surgiu a notícia de que um possível acordo entre Rússia e Ucrânia estaria próximo. Isso mexeu com o mercado, derrubando os preços do petróleo no mercado mundial nesta semana e puxando para baixo os preços do óleo de soja, porém, o movimento não se sustentou por muito tempo.
Em tal contexto, o bushel da soja, em Chicago, fechou a quarta-feira (26) em US$ 11,31, contra US$ 11,22 uma semana antes (na quinta-feira foi feriado nos EUA devido ao Dia de Ação de Graças). Lembrando que a média de outubro foi de US$ 10,34/bushel, com aumento de 1,5% sobre setembro. De fato, o mês de novembro/25 foi todo ele com o bushel da soja acima dos US$ 11,00 em Chicago, sendo que desde julho/24 a média mensal não ultrapassava estes US$ 11,00.
Por trás desta recuperação está a retomada das compras chinesas de soja estadunidense. Neste sentido, chegou a notícia, nesta quinta-feira (27), de que a China teria comprado cerca de 12 cargas de soja dos Estados Unidos nesta semana. As compras dos volumes excepcionalmente grandes intensificam o aumento nas compras chinesas após o recente degelo nas relações comerciais entre os EUA e a China. Cada carga tem cerca de 60.000 a 65.000 toneladas. Todas as cargas estão programadas para embarque em janeiro nos terminais da Costa do Golfo dos EUA e nos portos do Noroeste do Pacífico. Em paralelo, a China cancelou a importação de uma carga de 69.000 toneladas de soja do Brasil e ainda suspendeu as compras de soja de cinco unidades após uma suposta contaminação, conforme informações da “Folha de São Paulo”. O “Globo Rural” confirmou que o governo brasileiro já foi comunicado do ocorrido. Segundo esta fonte, “uma carga de 69 mil toneladas de soja no navio “Shine Ruby” estaria contaminada com 10 toneladas de trigo tratado com agrotóxicos. O Brasil não tem autorização para exportar trigo à China, e os agrotóxicos usados são proibidos no país asiático. A China também suspendeu as importações de soja de duas unidades da Cargill em São Paulo, uma da Louis Dreyfus Company (LDC) em São Paulo, uma da CHS também em São Paulo, e uma da 3tentos no Rio Grande do Sul”. As citadas empresas não teriam se pronunciado, até o momento da divulgação da notícia, sobre o ocorrido.
As compras ocorrem apesar de a soja dos EUA ter um preço mais alto do que a oferta brasileira. Isso nos leva a imaginar que o real motivo talvez seja justamente o retorno das compras de soja norte-americana, já que os chineses estão muito estocados em soja, pois o procedimento chinês está muito semelhante ao ocorrido no início dos anos 2000, quando a China suspendeu temporariamente as compras de soja brasileira alegando mistura de soja vermelha (tratada) na soja a ela vendida. Isso provocou baixa nos preços de forma geral e particularmente no Brasil. Agora, tal movimento atinge os prêmios no país, levando os mesmos para níveis negativos em alguns momentos.
E aqui no Brasil, os preços do saco de soja, em termos médios, continuam oscilando entre R$ 118,00 e R$ 128,00. Um ano atrás o valor oscilava entre R$ 120,00 a R$ 148,00. No Rio Grande do Sul, as principais praças continuaram praticando R$ 124,00/saco. Isso ocorre apesar de Chicago estar com o bushel praticamente um dólar e meio mais elevado em relação a um ano atrás, porém, os prêmios nos portos, agora, recuaram bastante e o câmbio trouxe o Real para R$ 5,35 por dólar, contra R$ 5,80 um ano antes.
Dito isso, no Mato Grosso, o clima seco e a falta de chuva persistia em todo o estado, havendo muitas queixas de produtores diante da falta de chuva regular e atrasos no plantio. Neste contexto, segundo a Conab, o plantio da soja no país, até o dia 22/11, atingia a 78% da área esperada, contra 75,8% na média. O Mato Grosso atingia 99,1% da área semeada, enquanto o Rio Grande do Sul ficava com 47%, contra 37,2% na média para a data indicada.
Enfim, em meio à COP30, o agronegócio brasileiro apresentou evidências de que é possível crescer preservando o meio ambiente. Um levantamento inédito, realizado pela Serasa Experian, mostrou que 90,7% das áreas de soja monitoradas na Amazônia Legal e no Cerrado estão em conformidade socioambiental, ou seja, sem sobreposição com desmatamentos recentes.
Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).







