Por Argemiro Luís Brum
A cotação da soja, para o primeiro mês cotado em Chicago, nesta última semana de outubro, subiu fortemente, tendo atingido seu mais alto valor desde o dia 25/07/2024, com o fechamento desta quinta-feira (30) ficando em US$ 10,91/bushel, contra US$ 10,44 uma semana antes. A expectativa de um acordo comercial entre EUA e China, que favorecesse a soja estadunidense, estava no centro deste movimento. A reunião ocorreu neste dia 30/10 e efetivamente tratou, também, da soja. Mesmo o mercado o considerando insuficiente, pois houve apenas uma trégua na guerra comercial e não exatamente um acordo, a China teria se comprometido a voltar a comprar a oleaginosa dos EUA. Não houve metas em quantidade e valores, salvo uma redução de 57% para 47% nas tarifas médias aplicadas pelos EUA sobre os produtos chineses. Apesar de o acordo em si ser positivo, resta verificar se a China irá cumpri-lo, pois em 2018, no primeiro mandato de Trump, houve acordo semelhante e os chineses não chegaram a cumpri-lo como o estipulado.
Outro fator que ajudou a alta do grão em Chicago foi a melhoria das cotações do farelo. Este subproduto chegou a bater em US$ 315,60/tonelada curta no dia 30/10, a sua melhor cotação desde o dia 23/01/2025.
Afora isso, mesmo com a paralisação do serviço público estadunidense, saíram dados de exportações. Assim, na semana encerrada em 23/10 os embarques de soja dos EUA somaram 1,06 milhão de toneladas, ficando perto do limite mínimo esperado pelo mercado. Assim, o total embarcado pelo país, no atual ano comercial, atinge a 6,7 milhões de toneladas, ou seja 37% a menos do que o registrado em igual período do ano anterior. Aliás, os embarques desta semana registraram o menor volume semanal em 18 anos nos EUA.
Já no Brasil, mesmo com um câmbio em baixa (R$ 5,35/dólar durante a semana), os preços melhoraram puxados por Chicago e a manutenção de prêmios elevados nos portos brasileiros. Assim, a média gaúcha fechou a semana em R$ 125,22/saco, enquanto as principais praças locais ficaram em R$ 124,00. Já nas demais regiões brasileiras, os preços oscilaram entre R$ 119,00 e R$ 124,00/saco.
Dito isso, o plantio da nova safra brasileira de soja chegava a 36% da área esperada, ficando nos mesmos níveis do ano anterior para esta época (cf. AgRural). Apesar de um clima geral favorável, existem preocupações no Mato Grosso, onde o calor é intenso e as chuvas estão irregulares. Neste Estado, o plantio já atingiu a 60% da área esperada de 13 milhões de hectares, contra a média de 57,3% (cf. Imea).
E em Goiás, o plantio está bastante atrasado, atingindo a 16% da área esperada nesta semana, que é de 5 milhões de hectares. Este atraso começa a comprometer o calendário ideal para o plantio da safrinha de milho em 2026 cf. Ifag).
Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).







