Por Argimiro Luís Brum
A cotação do trigo em Chicago, para o primeiro mês cotado, chegou a bater em US$ 5,05/bushel durante a corrente semana, sendo esta a mais baixa cotação desde o dia 13 de agosto do ano passado. Posteriormente, houve pequena recuperação, com o produto fechando a quinta-feira (01/05) em US$ 5,19/bushel, contra US$ 5,29 uma semana antes. A média de abril fechou em US$ 5,35/bushel, representando um recuo de 1,5% sobre a média de março. Para comparação, em abril do ano passado a média havia sido de US$ 5,64/bushel.
Dito isso, as condições do trigo de inverno estadunidense, no dia 27/04, se apresentavam com 19% entre ruins a muito ruins, 32% regulares e 49% entre boas a excelentes. Já o trigo de primavera, na mesma data, estava com 30% da área semeada, contra 21% na média histórica. Do total semeado, 5% estava germinado, estando dentro da média histórica para a data.
Por outro lado, os embarques estadunidenses de trigo, na semana encerrada em 24/04, somaram 646.564 toneladas, ficando acima do esperado pelo mercado. Este foi o maior volume exportado em sete meses. Com isso, no atual ano comercial o volume total já exportado soma 19,4 milhões de toneladas, sendo 15% acima do registrado no mesmo período do ano anterior.
Vale destacar ainda que o mercado mundial de trigo apresenta muitas incertezas para 2025/26, especialmente diante das dúvidas quanto a produção da Rússia e da Ucrânia, que permanecem em guerra, e que representam, somadas, cerca de 30% das exportações globais do cereal. Por enquanto, o USDA projeta uma colheita de trigo, na Ucrânia, de 17,9 milhões de toneladas, com recuo de 23% sobre o ano anterior, o que a torna a menor colheita dos últimos 13 anos naquele país. Além da guerra, há problemas de clima seco nas regiões produtoras ucranianas. E na Rússia, como já destacado no comentário passado, a projeção de colheita, para 2025/26, varia entre 79,7 milhões e 82,5 milhões de toneladas, número semelhante ao do ano anterior. “A menor produção russa de 2024/25, porém, resultará em uma queda nas exportações para o nível mais baixo dos últimos três anos, embora o preço do trigo russo atrativo, ainda mantenha a demanda” (cf. Portal do Agronegócio).
E na União Europeia, segundo o serviço de monitoramento Mars, a produtividade média do trigo local deverá atingir a 6.030 quilos/hectare, ou seja, 100,5 sacos/hectare. Se confirmada, esta produtividade será 8% acima da registrada em 2024 (cf. Forbes).
E no Brasil, os preços, para o trigo de qualidade superior, recuaram para R$ 73,00/saco no Rio Grande do Sul, e se mantiveram em R$ 80,00 no Paraná.
Enquanto no Rio Grande do Sul o plantio ainda está iniciando, no Paraná o mesmo, embora lento, avança dentro de inúmeras incertezas de mercado. Segundo o Deral, a área a ser semeada no Paraná deverá cair ainda mais do que os 16% indicados, devendo recuar 22% em relação ao ano anterior, ficando em 886.700 hectares. Mesmo assim, se o clima ajudar, a produção deverá aumentar 24%, permitindo uma colheita de 2,85 milhões de toneladas, graças a um aumento de 56% na produtividade média esperada, que chegaria a 3.200 quilos/hectare (53,3 sacos/hectare).
Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).