Por Argemiro Luís Brum
A cotação do trigo, em Chicago, no primeiro mês cotado, voltou a cair abaixo dos US$ 5,00/bushel em alguns dias da semana, mas o fechamento da quinta-feira (16) melhorou um pouco, ficando em US$ 5,02/bushel, porém, abaixo dos US$ 5,06 registrados uma semana antes.
As estatísticas internacionais foram poucas diante da paralisação dos serviçoes públicos dos EUA, algo que já dura duas semanas.
E aqui no Brasil, os preços do trigo continuam recuando. As principais praças gaúchas praticaram R$ 62,00/saco, enquanto no Paraná os valores estiveram entre R$ 64,00 e R$ 66,00. No caso do Rio Grande do Sul o recuo semanal foi de dois reais por saco. E estamos falando de produto de qualidade superior.
Efetivamente, segundo dados da Secex, em setembro o preço do trigo importado pelo Brasil, o qual faz forte concorrência com o produto nacional neste ano particularmente, foi o mais baixo desde novembro de 2020, ou seja, há quase cinco anos. A média foi de US$ 230,09/tonelada, o equivalente a R$ 1.235,12/tonelada, considerando-se o câmbio de R$ 5,37 no mês, como já destacamos no comentário passado. No mesmo período, a média do cereal no Rio Grande do Sul foi de R$ 1.259,39/tonelada, ou seja, mais caro do que o produto importado. O Brasil importou 568.980 toneladas de trigo em setembro, acumulando 5,249 milhões de toneladas na parcial do ano, o maior volume para o período desde 2007. Tal quadro mantêm muito lentos os negócios internos de trigo, mesmo diante de uma safra menor.
De fato, a colheita brasileira continua, com o Paraná alcançando 64% da área colhida nesta semana (cf. Deral), enquanto o Rio Grande do Sul estava em apenas 1% no dia 09/10. O volume total esperado continua sendo estimado ao redor de 7,5 milhões de toneladas no país.
Em termos da corrente semana, o mercado do cereal continuou travado no Rio Grande do Sul, com compradores e vendedores sem chegarem a um consenso sobre preços. Os moinhos estão ausentes e a exportação, mesmo oferecendo R$ 1.180,00/tonelada no porto, com pagamento em janeiro de 2026, não encontrou interessados. Internamente, os moinhos aguardam o cumprimento de contratos antigos, oferecendo valores entre R$ 1.050,00 e R$ 1.070,00/tonelada. Estima-se que ainda restem cerca de 2,4 milhões de toneladas de trigo gaúcho para comercializar, o que dificulta qualquer recuperação de preços. Já em Santa Catarina, a colheita começou de forma tímida e sem registro de novos negócios. Produtores pedem R$ 1.250,00/tonelada FOB, mas os moinhos oferecem o mesmo valor, porém, no CIF, travando as negociações. E no Paraná, os negócios seguem fracos, com cotações entre R$ 1.230,00 e R$ 1.300,00/ tonelada. As chuvas recentes prejudicaram a colheita e a qualidade do grão, enquanto os preços ao produtor recuaram 2,5% na semana, ampliando o prejuízo médio para quase 13% (cf. TF Agroeconômica).
Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).