Por Argemiro Luís Brum

A cotação do trigo em Chicago, para o primeiro mês cotado, recuou nesta semana, fechando a quinta-feira (12) em US$ 5,26/bushel, contra US$ 5,45 uma semana antes. Um mês antes a mesma chegou a bater em US$ 4,99/bushel.

O relatório de oferta e demanda do USDA, anunciado neste dia 12/06, apontou os seguintes números para o trigo, na safra 2025/26:

1) A produção de trigo nos EUA e os estoques finais neste país foram estabelecidos, respectivamente, em 52,3 milhões e 24,4 milhões de toneladas, sendo que, no caso dos estoques, houve recuo de cerca de 700.000 toneladas sobre o indicado em maio;

2) O preço médio ao produtor estadunidense do cereal foi levemente elevado para US$ 5,40/bushel para o novo ano comercial;

3) A produção mundial de trigo praticamente não se alterou, ficando em 808,6 milhões de toneladas;

4) Já os estoques finais mundiais foram reduzidos em quase três milhões de toneladas, sendo estimados, agora, em 262,8 milhões de toneladas;

5) A produção argentina de trigo continua estimada em 20 milhões de toneladas, enquanto a do Canadá e da Austrália ficam, respectivamente, em 36 e 31 milhões de toneladas;

6) Já a produção brasileira de trigo ficou projetada em 8 milhões de toneladas, sendo que nossas importações chegariam a 6,7 milhões neste novo ano comercial.

Enquanto isso, a colheita do trigo de inverno, nos EUA, atingia a 4% da área no dia 08/06, contra 7% na média. Ao mesmo tempo, as condições das lavouras restantes se apresentavam com 54% entre boas a excelentes, 30% regulares e 16% entre ruins a muito ruins. Já o trigo de primavera apresentava 82% das lavouras germinadas, contra 81% na média. As condições de suas lavouras era de 53% entre boas a excelentes, 38% regulares e 9% ruins.

Quanto aos embarques do cereal, na semana encerrada em 05/06, os EUA atingiram a 290.957 toneladas, ficando pouco acima do volume mínimo esperado pelo mercado. Em todo o atual ano comercial, iniciado em 1º de junho, os embarques estariam 43% abaixo do registrado no mesmo período do ano anterior.

Enquanto isso, a safra de trigo da Rússia poderá atingir a 82,8 milhões de toneladas neste ano, segundo números revisados pela SovEcon, a partir de uma área semeada de 27,8 milhões de hectares.

E na Ucrânia, problemas climáticos devem reduzir a safra de trigo local. Por enquanto, a mesma está mantida em pouco mais de 22,7 milhões de toneladas pelo governo, porém, analistas privados locais estimam que a produção recue para 21,7 milhões. Segundo o Ministério da Agricultura local, a safra total de grãos ucraniana pode cair 10% neste ano, ficando em cerca de 51 milhões de toneladas, devido ao clima ( cf. Investing).

Já no Brasil, o preço do cereal, para o produto de qualidade superior, se manteve em R$ 70,00/saco no Rio Grande do Sul e R$ 80,00 no Paraná. Em Santa Catarina, valores entre R$ 75,00 e R$ 80,00.

Por aqui, analistas privados, como não podia deixar de ser, diante da forte redução esperada na área semeada, avançam que a produção final brasileira, em 2025, será de apenas 7,69 milhões de toneladas, enquanto a Conab espera algo em torno de 8,2 milhões. Com isso, os estoques finais deverão fechar 2025/26 em apenas 255.000 toneladas, com uma redução de 44,3% sobre o que se esperava inicialmente e recuo de 38,1% em relação ao ano anterior. Assim, não surpreende que as importações continuem crescendo. Segundo a Secex, nos primeiros cinco meses do corrente ano o país importou 3,09 milhões de toneladas de trigo, sendo este o maior volume, neste período, desde 2001 (24 anos). Em 12 meses, encerrados em maio/25, o Brasil importou quase 7 milhões de toneladas de trigo, volume que não era visto há seis anos, ou seja, desde 2019. O avanço na disponibilidade de trigo da Argentina, nos últimos dois anos, favoreceu as compras brasileiras. Desta forma, os moinhos nacionais seguem com estoques importantes, sem necessidade de aquisições intensas neste período de entressafra brasileira.

Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).



 

FONTE

Autor:Informativo CEEMA UNIJUÍ

Site: Dr. Argemiro Luís Brum/CEEMA-UNIJUÍ

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