Por Argemiro Luís Brum

As cotações da soja, em Chicago, nesta primeira semana de dezembro, recuaram um pouco em boa parte da mesma, chegando a US$ 9,83/bushel no dia 04/12. Posteriormente, houve uma recuperação, com o primeiro mês cotado fechando a quinta-feira (05) em US$ 9,93/bushel, contra US$ 9,89 uma semana antes. Já a média de novembro ficou em US$ 9,94, representando um recuo de 0,8% sobre a média de outubro. Em relação a novembro de 2023, o recuo é bem mais significativo, atingindo a 26%, pois a média de um ano antes foi de US$ 13,44/bushel.

Enquanto isso, na semana encerrada em 28/11, os EUA embarcaram 2,1 milhões de toneladas de soja, ficando dentro do esperado pelo mercado. Com isso, em todo o atual ano comercial, até o momento, os estadunidenses já exportaram 21,8 milhões de toneladas da oleaginosa, ou seja, 31% acima do que no mesmo período do ano anterior.

E na Argentina, a nova safra de soja, que vem sendo semeada, está em boas condições, graças às chuvas recentes. Nesse momento, 98% das lavouras plantadas estão com umidade suficiente no vizinho país. Lembrando que a Argentina é o maior exportador mundial de óleo e farelo de soja. Os produtores locais, até o início de dezembro haviam semeado 44,4% dos 18,6 milhões de hectares esperados.

Por sua vez, na União Europeia, as importações de soja, neste novo ano comercial 2024/25, iniciado em julho, somam 5,46 milhões de toneladas até o início de dezembro, correspondendo a 12% acima do mesmo período do ano anterior. Ao mesmo tempo, suas importações de farelo de soja aumentaram 29% no período, chegando a 8,15 milhões de toneladas. Lembrando que o Brasil é a principal origem da soja e do farelo de soja importados pelos europeus, até o momento desta temporada, com 45% e 50% das importações destes produtos, respectivamente. Enfim, lembramos que as importações de óleo de palma, por parte da União Europeia, somaram 1,3 milhão de toneladas no período, ou seja, um recuo de 19% na comparação com o mesmo período do ano anterior.

E no Brasil, com um câmbio pouco acima de R$ 6,00 por dólar durante grande parte da semana, os preços da soja subiram um pouco. A média gaúcha fechou a semana em R$ 129,33/saco, enquanto as principais praças locais registraram valores entre R$ 127,00 e R$ 129,00. Nas demais regiões do país os preços oscilaram, neste início de dezembro, entre R$ 126,50 e R$ 142,00/saco.

A expectativa de produção de soja no Brasil, para esta nova safra, permanece entre 166 e 171 milhões de toneladas, segundo as diferentes consultorias privadas e órgãos públicos. Em isso ocorrendo, será um novo recorde histórico para o país. Ao mesmo tempo, diante de tal volume na produção, se projeta exportações entre 103 e 107 milhões de toneladas de soja para 2024/25. Por sua vez, os estoques finais, que para 2023/24 estão estimados em 2,1 milhões de toneladas, sobem para 6,1 milhões em projeção para 2024/25, mesmo com uma exportação recorde e uma demanda interna de 60 milhões de toneladas no próximo ano.

No Rio Grande do Sul, segundo a Emater local, a produção na safra atual de soja deverá ser superior a 21,6 milhões de toneladas, volume 18,6% maior do que o colhido na parcialmente frustrada safra passada. O plantio se dá sobre 6,8 milhões de hectares (aumento de 1,5%), enquanto a produtividade média esperada é de 3.179 quilos/ hectare (53 sacos/ha), o que representa um aumento de 13,2% sobre a produtividade obtida na safra anterior.

Já no Mato Grosso do Sul, o retorno das chuvas permitiu praticamente o encerramento do plantio. Espera-se um aumento de 6,8% na área semeada, com a produtividade média chegando a 51,7 sacos/hectare, o que levaria a uma produção final de 13,9 milhões de toneladas.

A partir de agora, em todo o país, o clima ditará o ritmo da safra e indicará se teremos ou não um novo recorde histórico de produção. Em isso ocorrendo, haverá pressão baixista sobre os preços no momento da colheita, que se inicia em janeiro no Norte e Centro-Oeste do país. Vale lembrar e destacar que os atuais preços estão sendo mantidos pelo câmbio, já que o prêmio apresenta viés de baixa na medida em que a safra for cheia. E Chicago mantendo-se nos atuais níveis, se o câmbio voltar ao seu padrão normal, hoje calculado em R$ 5,00/dólar, o preço médio da soja no país girará entre R$ 100,00 e R$ 125,00/saco. Aliás, não se descarta o retorno do câmbio, mais adiante, para patamares menos especulativos, pois o que está hoje sendo praticado foge da realidade apresentada pela economia nacional. A incógnita maior será o efeito Donald Trump nos EUA, quando assumir o governo local a partir de 20 de janeiro próximo.

Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).



 

FONTE

Autor:Informativo CEEMA UNIJUÍ

Site: Dr. Argemiro Luís Brum/CEEMA-UNIJUÍ

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