Por Dr. Argemiro Luís Brum

A cotação da soja, em Chicago, considerando o primeiro mês cotado, viveu uma semana de constantes recuos, tendo fechado a quinta-feira (24) em US$ 10,04/bushel, contra US$ 10,21 uma semana antes.

A pressão da boa safra que transcorre nos EUA e a falta de novidades em relação a abertura de comércio entre EUA e China, a qual poderia melhorar as exportações estadunidenses para o país asiático, são alguns dos motivos.

Em relação à safra, as condições das lavouras de soja estadunidenses, no dia 20/07, se apresentavam com 68% entre boas a excelentes, 25% regulares e apenas 7% entre ruins a muito ruins.

Por outro lado, as exportações de soja, por parte dos EUA, na semana encerrada em 17/07, ficaram dentro do esperado pelo mercado, mas em volume relativamente baixo de 364.990 toneladas. Assim, em todo o atual ano comercial, as exportações estadunidenses da oleaginosa atingem a 46,8 milhões de toneladas. Esse volume é 10% maior do que o registrado em igual momento do ano anterior.

Enquanto isso, as importações chinesas de soja, com origem no Brasil, subiram 9,2% em junho, em relação ao mesmo mês do ano passado. A China importou 10,6 milhões de toneladas de soja do Brasil no mês passado, correspondendo a 86,6% do total de suas importações da oleaginosa no mês. Dos EUA, as compras ficaram em 1,58 milhão de toneladas, o que corresponde a 12,9% do total mensal e 20,6% acima do importado do país norte-americano em junho do ano passado. Assim, em junho/25 as compras totais de soja, por parte da China, atingiram a 12,26 milhões de toneladas, sendo este o maior volume para o mês de junho na história. O forte crescimento nas compras tem sido puxado pela safra recorde no Brasil, já que no primeiro semestre deste ano os chineses importaram 31,9 milhões de toneladas de soja de nosso país. Mesmo assim, um recuo de 7,5% sobre o mesmo período do ano passado. Já em relação aos EUA, com as compras antecipadas antes do início da guerra comercial imposta por Donald Trump, a China importou 16,2 milhões de toneladas, com aumento de 33% sobre o volume registrado no primeiro semestre de 2024 (cf. Alfândega Chinesa). Daqui em diante, muito destas compras e suas origens irá depender das negociações comerciais sino-estadunidenses.

Dito isso, os desafios são crescentes para o mercado da soja diante das tensões geopolíticas mundiais que se fazem presentes. Para 2025/26 há riscos logísticos, pressões inflacionárias e guerras comerciais que impactam e continuarão impactando os mercados em geral. Sem falar nos conflitos armados regionais. Assim, se a produção de soja for significativa, apoiada por clima positivo, as margens dos produtores e das empresas tendem a ser mais apertadas. Os custos de produção tendem a se manter elevados e os preços pressionados para baixo. O custo dos fertilizantes e dos fretes internacionais continuarão instáveis. Segundo estudos, a margem esperada para o produtor de soja brasileiro, que foi de 176,5% na safra 2020/21, pode cair para apenas 15,3% em 2025/26. Para arrendatários, o cenário é ainda mais desafiador. Considerando, por exemplo, a dedução de 15 sacos por hectare destinados ao pagamento do arrendamento, muitas contas já não fecham. O sentimento é que a próxima safra brasileira de soja “será marcada por incertezas e margens estreitas” (cf. Biond Agro).

Enquanto isso, graças a prêmios um pouco mais firmes e exportações sustentadas, os preços no Brasil subiram um pouco, mesmo com um câmbio recuando para R$ 5,52 durante a semana. A média gaúcha chegou a R$ 124,45/saco e as principais praças registraram valores entre R$ 122,00 e R$ 123,00/saco. Nas demais regiões do país os preços oscilaram entre R$ 110,00 e R$ 122,00/saco, igualmente registrando melhora.

Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).



 

FONTE

Autor:Informativo CEEMA UNIJUÍ

Site: Dr. Argemiro Luís Brum/CEEMA-UNIJUÍ

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