Por Argemiro Luís Brum
A cotação da soja, para o primeiro mês cotado em Chicago, após trabalhar ao redor de US$ 10,25/bushel no início da presente semana, voltou aos patamares anteriores a partir do dia 02/07, com o fechamento do dia 03 de julho, quinta-feira, chegando a US$ 10,56/bushel, contra US$ 10,22 uma semana antes. Já a média de junho ficou em US$ 10,49/bushel, registrando um recuo de 0,19% sobre maio.
O relatório de plantio, divulgado dia 30/06, nos EUA, não trouxe novidades, confirmando um recuo de 4% na área semeada com soja naquele país. Por sua vez, o relatório de estoque trimestral, na posição 1º de junho, registrou um aumento de 4% sobre o mesmo período do ano anterior, com o volume estando em 27,5 milhões de toneladas.
O mercado do clima começa a pesar no sentimento do mercado, em Chicago, com as especulações se avolumando. Neste início de julho surgiram informações de clima mais seco em algumas regiões estadunidenses, fato que elevou o valor do bushel a partir do dia 2. Porém, de forma geral, a safra transcorre bem. A atenção, agora, se volta para o relatório de oferta e demanda do USDA, previsto para o próximo dia 11/07.
Outro elemento que ajudou a recuperar um pouco as cotações da soja, em Chicago, foi a nova elevação da cotação do óleo de soja. Após a libra-peso recuar para 51,82 centavos de dólar no dia 25/06, a mesma alcançou 55,06 em 02/07. Ou seja, um ganho de 6,2% em apenas cinco dias úteis. Este aumento no óleo se dá pela política estadunidense em favor da maior produção de biodiesel.
Enquanto isso, na Argentina as exportações do complexo soja (grão, farelo e óleo) atingiram a 6,1 milhões de toneladas, sendo 22% acima da média dos últimos cinco anos, que é de 5 milhões de toneladas. Esta performance se deu como antecipação ao retorno do imposto de exportação (retenciones) em 1º de julho naquele país. A Argentina é o maior exportador mundial de óleo e farelo de soja, e o terceiro maior exportador de soja em grão. Lembrando que o governo argentino reduziu, temporariamente, em janeiro, o imposto sobre as exportações de soja e seus derivados para 26% e 24,5%, respectivamente. A partir deste 1º de julho, esses impostos voltaram a seus valores originais de 33% e 31%, respectivamente. “Com o aumento dos impostos de exportação, o poder de compra do setor exportador argentino diminui. Tomando os valores atuais para os embarques em julho, o poder de compra teórico da exportação cai 9% na soja” (cf. Bolsa de Cereais de Rosário).
E no Brasil, os preços, diante de um câmbio que chegou a recuar para R$ 5,42 por dólar, voltaram a recuar um pouco. A média gaúcha veio a R$ 120,24/saco, enquanto as principais praças locais registraram R$ 118,00. Nas demais principais regiões produtoras do país, os valores oscilaram entre R$ 105,00 e R$ 119,00/saco.
Quanto a última safra de soja brasileira, a iniciativa privada aponta que o volume final teria ficado em 168,75 milhões de toneladas, o que seria um recorde histórico, apesar da quebra de 40% na produção gaúcha. O consumo interno de soja fica em 60 milhões de toneladas, e as exportações em 107 milhões. Com isso, os estoques finais brasileiros de soja, no atual ano comercial, ficariam em 4,95 milhões de toneladas (cf. Stone X).
Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).