Por Argemiro Luís Brum
As cotações do milho, em Chicago, ensaiaram um aumento nesta semana, porém, o mesmo não se sustentou e o primeiro mês cotado fechou a quinta-feira (17) em apenas US$ 4,02/bushel, contra US$ 4,07 uma semana antes.
O relatório de oferta e demanda do USDA, anunciado no dia 11, embora com elementos altistas para o milho safra 2025/26, acabou não fazendo efeito sobre as cotações em Chicago, por enquanto. De fato, a produção dos EUA foi reduzida para 398,9 milhões de toneladas e os estoques finais, em 2025/26, caíram para 42,2 milhões. Nos dois casos uma redução de cerca de dois milhões de toneladas sobre o indicado em junho. Igualmente a produção mundial foi reduzida, ficando agora em 1,264 bilhão de toneladas, com recuo de 2 milhões sobre junho, enquanto os estoques finais mundiais vieram para 272,1 milhões, com perda de 3 milhões de toneladas sobre junho. A produção brasileira continuou estimada em 131 milhões de toneladas e a da Argentina em 53 milhões. O preço médio aos produtores estadunidenses do cereal foi mantido em US$ 4,20/bushel para 2025/26.
Dito isso, os embarques de milho, por parte dos EUA, na semana encerrada em 10/07, somaram 1,29 milhão de toneladas, ficando dentro das expectativas do mercado. Em todo o atual ano comercial os EUA já embarcaram 57,8 milhões de toneladas, ou seja, 30% acima do realizado no mesmo período do ano anterior.
E no Brasil, os preços do cereal se apresentavam estáveis, com viés de novas baixas em algumas regiões. A média gaúcha fechou a semana em R$ 61,84/saco, enquanto as principais praças locais se mantiveram em R$ 60,00. Nas demais regiões brasileiras os valores oscilaram entre R$ 42,00 e R$ 62,00/saco.
Enquanto isso, a colheita da safrinha, no Mato Grosso, chegava a 40,2% da área no final da semana anterior, contra 76,3% na mesma época do ano passado e 59,4% na média histórica. Portanto, uma colheita ainda bastante atrasada. A estimativa é de uma safra recorde, ao redor de 54 milhões de toneladas naquele Estado, uma alta de 14,5% sobre o resultado da safra anterior (cf. Imea).
Por sua vez, o Centro-Sul brasileiro atingia a 40% da área de safrinha colhida até o dia 10/07, contra 74% realizados na mesma época do ano anterior (cf. AgRural). Já no conjunto do país, segundo a Conab, a colheita chegava a 41,7% da área no dia 12/07, contra 74,2% no ano anterior e 51,1% na média histórica.
E especificamente no Paraná, segundo o Deral, a safrinha de milho estava colhida em 40% da área, havendo perdas de qualidade em algumas áreas já que 16% das lavouras a colher se apresentavam, nesta semana, em condições ruins.
Enfim, as exportações brasileiras de milho, em julho, continuam em ritmo baixo. Nos primeiros nove dias úteis do mês, o país exportou 338.426 toneladas, contra um total de 3,55 milhões de toneladas em todo o mês de julho do ano passado. Assim, a média diária deste mês de julho é 75,7% mais baixa do que a de julho de 2024 (cf. Secex). Dito isso, começa a aparecer sinais de recuperação nas vendas externas do cereal. Afinal, é no segundo semestre que o Brasil aumenta significativamente suas exportações de milho. Os indicativos de navios contratados para julho, neste momento, estariam ultrapassando as 4 milhões de toneladas. Resta esperar que isso venha a se confirmar na prática. Importante se faz destacar que existem mudanças na logística de transporte. Agora, em vez de Santos e Paranaguá, que tradicionalmente concentram os embarques, os portos de Itaqui e Santarém, no Norte do país, vêm ganhando protagonismo nesta safra.
Além disso, o Irã tem sido o principal destino do milho brasileiro no primeiro semestre, mas enfrenta desafios logísticos e diplomáticos que geram incertezas para o restante do ano. Já o Japão, que em 2019 foi o maior comprador do Brasil, pode voltar a ampliar suas compras caso reduza sua dependência do milho estadunidense (cf. Royal Rural).
Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).