Por Argemiro Luís Brum
As cotações do trigo, em Chicago, ficaram estáveis nesta semana. O primeiro mês cotado fechou a quinta-feira (10) em US$ 6,03/bushel, voltando ao mesmo valor de uma semana atrás, após ter recuado para US$ 5,89 no dia 04/10.
Nos EUA, o plantio do trigo de inverno, no dia 06/10, alcançava 51% da área total esperada, contra 52% na média histórica. Desta área semeada, 25% estava germinado, percentual igual a média histórica para a data.
A partir desta informação, o mercado aguardava o relatório de oferta e demanda do USDA, que seria divulgado no dia 11, o qual iremos comentar em detalhes no próximo boletim.
Em paralelo, a Rússia, o maior exportador mundial de trigo, até o dia 08/10 havia colhido 85 milhões de toneladas do cereal, com previsão de a safra total neste ano ficar entre 86 e 94 milhões de toneladas, contra 92,8 milhões no ano anterior e o recorde de 104,2 milhões em 2022. Se o volume superior indicado for alcançado, a quebra de safra inicialmente esperada não se confirmará.
E no Brasil, os preços se estabilizaram, porém, com viés de baixa na medida em que a colheita do trigo avança no Paraná. Assim, no Rio Grande do Sul as principais praças ficaram em R$ 68,00/saco, enquanto a média recuou para R$ 66,73. No Paraná, as principais praças permaneceram com R$ 77,00/saco para o produto de qualidade superior.
Dito isso, enquanto no Paraná a colheita atingia a 73% da área nesta semana, com ainda 20% de lavouras a colher em condições ruins, no Rio Grande do Sul a colheita não iniciou e, nesta semana, choveu novamente de forma constante e intensamente em todas as regiões produtoras, prejudicando muitas delas em algumas regiões.
Pelo lado da demanda, os moinhos gaúchos estão muito ligados às importações procedentes da Argentina e do Uruguai. Em setembro o Rio Grande do Sul importou 48.820 toneladas de trigo, enquanto todo o Brasil comprou 592.130 toneladas, sendo este o maior volume para o mês desde 2016. Com isso, entre janeiro e setembro do corrente ano, o país já importou 5,15 milhões de toneladas de trigo, superando em 23% o que foi importado em todo o ano de 2023 (Secex).
E conforme já havíamos projetado no comentário passado, analistas privados apontam que a safra nacional de trigo deve mesmo ficar abaixo de 8 milhões de toneladas neste ano. No estágio atual, sem considerar a perda de qualidade de parte do produto colhido, tudo aponta para uma safra final entre 7,4 e 7,8 milhões de toneladas. Com isso, em 2024/25 as importações totais do cereal deverão aumentar em torno de 16% sobre o ano anterior. Todavia, pelos números anteriormente indicados este volume poderá chegar a um aumento ao redor de 25%. E isso que a moagem de trigo, no país, foi reduzida para 11,6 milhões de toneladas neste novo ano.
Enfim, em Minas Gerais a Associação dos Triticultores locais espera um recuo de 50% na atual produção de trigo, ficando a mesma em 250.000 toneladas após um longo período de seca. Já em Goiás haverá aumento na produção, com a mesma devendo superar as 300.000 toneladas pela primeira vez na história, em especial graças às áreas irrigadas. No Distrito Federal e na Bahia a produção será de 12.000 e 60.000 toneladas respectivamente. Já em São Paulo, a produção final deverá alcançar 360.000 toneladas, volume considerado positivo para aquele Estado.
Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).