As cotações da soja voltaram a subir em Chicago! O motivo é um dos piores possíveis, para os brasileiros: a dificuldade de plantio da nova safra, situação que atinge também a Argentina, fato que leva a projeções de uma colheita menor no início de 2024. Tudo isso em função do clima, onde o excesso de chuvas não dá tréguas no sul do Brasil, enquanto o Centro-Norte enfrenta escassez de umidade.
Assim, o bushel da soja, para o primeiro mês cotado, chegou a US$ 13,85 no dia 15/11, antes de recuar no dia 16, quando fechou a US$ 13,60, contra US$ 13,27 uma semana antes. A cotação do dia 15/11 foi a mais elevada desde o dia 14/08 para o primeiro mês cotado. Com os problemas existentes também na Argentina, maior exportador mundial de farelo e óleo de soja, as cotações destes dois subprodutos subiram forte em Chicago igualmente. O farelo disparou para US$ 473,60/tonelada curta, no dia 14/11, a mais alta desde o dia 16 de março passado, considerando o primeiro mês cotado. Já o óleo subiu para 53,05 centavos de dólar por libra-peso, após ter atingido apenas 49,36 no dia 03/11.
Enquanto isso, a colheita da soja nos EUA, até o dia 12/11, chegava a 95% da área, contra 91% na média histórica.
E aqui no Brasil, mesmo com um câmbio ao redor de R$ 4,85 em boa parte da semana, as altas em Chicago e a melhoria parcial dos prêmios no Brasil, elevaram os preços da soja obviamente. Mas o motivo, como comentado, não é bom: possível quebra de safra. Assim, a média gaúcha fechou a semana em R$ 139,96/saco, com as principais praças negociando o produto entre R$ 138,00 e R$ 140,00. No restante do país, os preços oscilaram entre R$ 117,00 e R$ 128,00/saco.
Ainda há analistas que esperam uma safra nacional de soja superior a 163 milhões de toneladas, porém, muitos outros já avançam um volume final abaixo de 160 milhões.
Por enquanto, até o dia 09/11 o plantio da soja no país chegava a 61% da área esperada, contra 69% no mesmo período do ano anterior. É o ritmo mais baixo de plantio desde 2020/21. Já há corte de 1,1 milhão de toneladas na projeção de produção do Mato Grosso, devido ao atraso na semeadura e a falta de chuvas sobre as áreas plantadas. E novos cortes deverão vir nas semanas futuras se o clima não melhorar. E isso ocorre na maioria dos Estados produtores, sendo que no Sul do país é o excesso de chuvas que traz preocupações. (cf. AgRural)
Especificamente no Mato Grosso, segundo o Imea, o plantio da nova safra atingia a 91,8% da área no dia 10/11, estando ainda atrasado diante da média histórica (95,5%). Já no Mato Grosso do Sul, conforme a Famasul, o plantio da nova safra de soja atingia a 78% da área no final da semana anterior, contra 81,3% da média histórica. Espera se, ainda, um aumento de 6,5% na área de soja do Mato Grosso do Sul, com a mesma chegando a 4,3 milhões de hectares, com uma possível produção de 13,8 milhões de toneladas (produtividade de 54 sacos/hectare). Porém, esta produção já parece estar comprometida pela seca. Assim, seguindo o comportamento nacional, diante dos problemas climáticos, o preço médio da soja sul-matogrossense subiu para R$ 128,00/saco na semana encerrada em 13/11.
Em termos gerais, os produtores nacionais de soja esperam que o clima se ajuste e que a soja, com seu tradicional poder de recuperação, consiga reagir diminuindo a quebra até o momento da colheita. Porém, muitos produtores no Centro-Oeste informam que haverá quebra grande na produção da oleaginosa, pois o produto perdeu o arranque e o replantio nunca gera resultado igual. Na região de Sorriso, por exemplo, produtores acreditam em uma quebra, por enquanto, entre 12% e 15% na produção final do maior município produtor da oleaginosa no país. Consideram que, se obtiverem 55 sacos/hectare (contra 64 sacos no ano passado), será um feito histórico.
Por outro lado, reflexo de todo este novo quadro nacional, segundo a Datagro Grãos, até o dia 03/11 a safra de soja de 2022/23 havia sido negociada em 88,1% de seu total, ficando abaixo da média que é de 94,4% para esta data. Já para a safra 2023/24, que está sendo semeada, a comercialização continua lenta, diante das dúvidas quanto ao que será produzido. A mesma chegava a 23,8% da produção esperada, na mesma data, contra a média histórica de 32,2%.
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).