Com a forte alta de 3,33% do dólar os vendedores preferiram ficar fora, nesta quarta-feira, para sentir a tendência do dólar que, eventualmente, poderá fazer subir ainda mais os preços. O que se depreende da análise do mercado, neste momento, sabendo que mais ou menos 75% do nosso câmbio depende do exterior, é que:
- Voltou a forte aversão a risco no mundo diante de renovados temores sobre impactos econômicos do Covid-19 e depois de os EUA reascenderem preocupações sobre guerra comercial;
- Os Estados Unidos criaram novo foco de tensão mundial, considerando alterar as tarifas de vários produtos europeus como parte da disputa de aeronaves dos parceiros comerciais, de acordo com um aviso do Gabinete do Representante Comercial dos EUA na terça-feira;
- O Fundo Monetário Internacional (FMI) piorou de forma expressiva sua estimativa para a contração da economia brasileira em 2020, passando a ver retração de 9,1%, contra recuo de 5,3% previsto em abril. Se confirmado, seria o pior resultado da série história que começou em 1900. O FMI também revisou para baixo estimativas para a economia global
- O Brasil segue perdendo dólares, segundo dados do fluxo cambial, os quais mostraram saída líquida de 2,369 bilhões de dólares no acumulado entre os dias 15 e 19 de junho. Em 2020, o déficit na conta do fluxo cambial contratado é de 12,580 bilhões de dólares, contra resultado positivo de 3,507 bilhões de dólares no mesmo período de 2019.
Com isto, especialistas de câmbio acreditam que “ainda vamos ter muitos soluços nos mercados no curto prazo”, segundo Adriano Cantreva, sócio da Portofino Investimentos. Para ele, o cenário de médio e longo prazo ainda aponta real em desvalorização, para patamares perto da faixa entre 5,50 por dólar e 5,75 por dólar.
“Não há grandes fatores para justificar apreciação do real. No passado tínhamos os juros mais altos, hoje não mais. O real tem de andar com as próprias pernas, mas andar com as próprias pernas significa maior diferencial de crescimento a favor do Brasil, e nisso vemos o país em desvantagem”.
Diante disto, e de um pequeno interesse da China para safra velha, os preços que as Tradings puderam oferecer nos portos do Sul do país ou seus equivalentes nos demais estados subiram 0,04%, nesta quarta-feira, para a média de R$ 111,97/saca. Com isto, a alta acumulada em junho também subiu para 4,15%.
No interior, a média dos preços subiu 0,38% para R$ 105,63/saca, elevando os ganhos do mês para 5,21%.
No RS os preços subiram 3 reais/saca
O preço da soja para exportação sobre rodas no porto gaúcho de Rio Grande recuperou 3 dos 4,5 reais/saca que tinha perdido no dia anterior e voltou para R$ 113,00 para julho. No interior, os preços recuaram 1 real/saca para R$ 109,00/saca em Cruz Alta e permaneceram inalterados em R$ 109,00/saca em Ijuí e Passo Fundo.
No Paraná vendedores na defensiva, mesmo com preços subindo entre 1 e 4 reais/saca
Apesar da forte alta do dólar (e talvez por isto) a maioria dos vendedores paranaenses de soja preferiu ficar de fora do mercado nesta quarta-feira, aguardando uma definição da tendência do dólar, que analisamos acima. Na semana passada tinham vendido entre R$ 112/113/saca e garantiram o pagamento das contas de agosto.
Para os agricultores, o mercado de balcão subiu mais 1 real/saca para R$ 97,00/saca nesta quarta-feira na região dos Campos Gerais. Na mesma região, no mercado de lotes, os preços avançaram 3 reais/saca para R$ 110,00, FOB Ponta Grossa, para entrega Agosto e pagamento final de agosto e os mesmos 3 reais para R$ 110,00 no interior dos Campos Gerais, para retirada agosto pagamento final de agosto.
Para abril/abril de 2021 o preço subiu 2 reais/saca para R$ 100,00 em Ponta Grossa. Para exportação, em Paranaguá, os preços também subiram 3 reais/saca, para R$ 114,00/saca para entrega e pagamento em agosto.
Fonte: T&F Agroeconômica