O mês de maio foi marcado por um cenário desafiador no mercado de arroz, especialmente no Rio Grande do Sul, o principal produtor brasileiro do cereal, que enfrentou uma das maiores tragédias climáticas da história. As fortes chuvas e inundações dificultaram a logística de escoamento, deixando agentes preocupados e adiando novas negociações. Essas precipitações impactaram diretamente o carregamento da matéria-prima comercializada nas semanas anteriores, agravando ainda mais a situação.
Com a retomada dos sistemas de emissões de notas fiscais na última semana de maio, indústrias priorizaram os carregamentos de aquisições já realizadas, enquanto compradores optaram por aguardar o leilão de compra de arroz importado anunciado pela Conab, com um lote de 300 milhões kg de arroz beneficiado polido.
A busca por um direcionamento diante da calamidade no RS intensificou-se, com agentes especulando quanto aos impactos das chuvas sobre a oferta e disponibilidade do produto para os próximos períodos. Mesmo com dificuldades logísticas, o setor arrozeiro buscou rotas alternativas para continuar as negociações, impactando no custo com transporte. Diversos agentes, porém, estiveram ausentes do mercado devido à disparidade de preços entre compradores e vendedores e entre diferentes regiões. De modo geral, apesar de caírem após o aumento expressivo na primeira quinzena do mês, as cotações médias de maio superaram as de abril.
PREÇOS REGIONAIS – De 30 de abril a 31 de maio, o Indicador CEPEA/IRGA-RS (58% de grãos inteiros, com pagamento à vista) avançou 11,68%, fechando a R$ 119,63/sc de 50 kg no dia 31. No comparativo mensal, a valorização foi de expressivos 12,19%, de R$ 101,91/sc de 50 kg em abril/24 para R$ 114,34/sc em maio/24.
Dentre as microrregiões que compõem o Indicador CEPEA/IRGA-RS, o cenário também foi altista. A mais intensa entre um mês e outro, de 14,08%, ocorreu na Fronteira Oeste, com média de R$ 115,95/sc em maio/24 – esta região foi a única com rodovias desobstruídas, tornando-se um corredor essencial para o transporte de grãos de outras praças. Na Campanha, o cereal se valorizou 12,76% de abril para maio, com a média passando para R$ 110,79/sc. Na Planície Costeira Externa e Interna, os aumentos foram de 12,74% e 11,43%, com respectivas médias de R$ 116,59/sc e 116,23/sc.
As regiões da Zona Sul e Depressão Central, esta última a mais afetada pelas fortes chuvas, registraram altas de 11,09% e 10,35%, para R$ 114,90/sc e R$ 109,74/sc, nesta ordem. Para as demais faixas de rendimento acompanhadas pelo Cepea, o preço médio do produto com 50% a 57% de grãos inteiros no Rio Grande do Sul subiu 11,56% entre abril/24 e maio/24, passando a R$ 110,58/sc de 50 kg. Para os grãos com 59% a 62% de inteiros, o aumento foi de 12,47%, a R$ 116,17/sc. Quanto ao de 63% a 65% de grãos inteiros, o valor avançou 12,35% na mesma comparação, a R$ 116,49/sc.
VAREJO – Dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA15, considerado uma prévia da inflação), divulgados pelo IBGE no dia 29 de maio, apontaram variação positiva de 0,44% nos preços de um conjunto de produtos e serviços vendidos no varejo e consumidos pelas famílias brasileiras em maio/24. Especificamente em relação ao arroz, houve queda de 1,25% na média de preços de 16 de abril a 15 de maio, comparativamente ao período anterior, acumulando avanço de 25,09% nos últimos 12 meses, na média nacional.
CAMPO – Dados da Conab indicam que 100% da área em Mato Grosso e em Santa Catarina foi colhida. Em Tocantins e Goiás, o percentual alcançado até dia 26 de maio era de 96% nos dois estados, um atraso de 4 pontos percentuais frente ao mesmo período de 2023. No Maranhão, 64% foram colhidos, 28% abaixo do desempenho registrado na safra anterior. Especificamente no Rio Grande do Sul, a colheita avançou durante as janelas de condições climáticas favoráveis e estava quase concluída conforme dados da Emater – RS do dia 30 de maio. Havia regiões com algum percentual ainda a ser colhido, e algumas áreas com possível perda total, embora não tenham sido publicados números oficiais.
Confira a análise agromensal do arroz completa, clicando aqui!
Fonte: CEPEA






