Por Prof. Dr. Argemiro Luís Brum

O primeiro mês cotado para a soja, em Chicago, registrou alta importante ainda no dia  11/04, quando bateu em US$ 10,42/bushel (mais alta cotação desde o dia 20/02), porém, perdeu um pouco de força no transcorrer da semana. Com isso, o fechamento da quinta-feira (17) ficou em US$ 10,36/bushel, contra US$ 10,29 uma semana antes.

Dito isso, o plantio iniciou nos EUA, sendo que até o dia 13/04 o mesmo havia atingido a 2% da área esperada, ficando dentro da média histórica.

Por sua vez, as importações de soja por parte da China recuaram fortemente em março, atingindo o nível mais baixo para o mês desde 2012. Diante da guerra comercial imposta pelos EUA e o atraso na colheita brasileira, os chineses reduziram os embarques. Assim, as importações chinesas em março atingiram a 3,5 milhões de toneladas, ou seja, 36,8% do ocorrido no mesmo mês do ano passado. De janeiro a a março a China importou um total de 17,1 milhões de toneladas da oleaginosa, ou seja, um recuo de 7,9% sobre o mesmo período do ano anterior. O mercado esperava um volume entre 17,3 e 18 milhões de toneladas. A maior parte do volume importado foi de soja brasileira. Para o período abril-junho o mercado espera que os chineses comprem 31,3 milhões de toneladas, continuando com a preferência pela soja brasileira (Alfândega da China).

Somente na semana anterior, mais de 60 navios carregados com soja foram comprados pelos chineses, sendo este um recorde para o período. A pressão compradora chinesa sustenta prêmios portuários interessantes, embora os mesmos tenham recuado nesta última semana. Isso e mais Chicago relativamente firme, apesar da guerra comercial, e o câmbio, que oscila ao redor de R$ 5,80 e R$ 5,90 por dólar novamente, vêm mantendo preços interessantes no Brasil, com viés de alta no curto prazo, apesar da colheita recorde. Tudo isso somado poderá resultar, em abril, em exportações recordes para o mês no Brasil, com as mesmas podendo superar as 13,5 milhões de toneladas registradas em abril de 2024 (cf. Agrinvest Commodities).

Mas esse movimento poderá perder força na medida em que existe a possibilidade de um acordo comercial entre EUA e China que ponha fim às agressões feitas por Trump no comércio com o país asiático. A queda dos prêmios nesta semana da Páscoa já refletiram esta possibilidade.

Enquanto isso, na União Europeia, o ano comercial 2024/25, que se encerra em 30 de junho, registra, até 13/04, 11 milhões de toneladas de soja importadas, com 8% acima do mesmo período do ano anterior. Já as importações de canola somaram 5,3 milhões de toneladas, ficando 16% acima do registrado no ano anterior. E as importações de farelo de soja atingiram 14,8 milhões de toneladas, sendo 26% acima do ano anterior.

Enfim, em óleo de palma, as compras europeias somaram 2,2 milhões de toneladas, recuando 20% sobre o mesmo período do ano anterior (cf. Reuters).

E na Argentina, o governo local eliminou o chamado dólar blend, que era um tipo de câmbio que vinha sendo utilizado até agora como um estímulo às exportações. A decisão foi comemorada pelo setor produtivo e também pela agroindústria local, uma vez que a flutuação do dólar deve favorecer a formação dos preços e, consequentemente, dos negócios, em especial na soja e derivados (cf. Agrinvest Commodities).

E no Brasil, a colheita chegou a 90% da área no início da presente semana, devendo chegar ao fim rapidamente (cf. Pátria AgroNegócios). Na oportunidade, o Rio Grande do Sul atingia a 50% da área colhida. A quebra gaúcha, em relação ao esperado, gira ao redor de 50%, atingindo em muitas regiões (caso do Noroeste) quase 70% (cf. Emater). Segundo dados revisados da Abiove, a produção nacional de soja ficará em  169,6 milhões de toneladas, correspondendo a 10% acima do colhido na safra anterior.

Já as exportações totais do ano deverão alcançar 108,5 milhões de toneladas, também cerca de 10% acima do registrado no ano anterior. Enfim, os estoques finais de soja no Brasil, em 2025, deverão ficar em 5,4 milhões de toneladas, com alta de 30,4% sobre o ano anterior.

Enfim, no primeiro quadrimestre do ano (janeiro-abril) os embarques do Brasil deverão somar 41 milhões de toneladas de soja, ficando perto da metade dos embarques de 97,3 milhões de toneladas registradas em todo o ano de 2024. A guerra comercial entre EUA e China está auxiliando nesta performance nacional. Em continuando este ritmo, a Anec estima que as exportações totais de soja, em 2025, possam chegar a 110 milhões de toneladas. A forte demanda chinesa, por enquanto, impede que a safra recorde deste ano, no país, traga os preços para níveis menores do que os atualmente praticados.

Efetivamente, a semana termina com a média gaúcha, no balcão, fechando em R$ 128,31/saco, porém, as principais praças locais praticaram R$ 126,00. Nas demais regiões do país, os preços oscilaram entre R$ 107,00 e R$ 124,50/saco.

Fonte: CEEMA UNIJUI

Autor: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum- Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (PPGDR/FIDENE/UNIJUI)

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Autor:Prof. Dr. Argemiro Luís Brum

Site: CEEMA UNIJUÍ

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