O ambiente de negócios do arroz segue marcado por estagnação, cotações pressionadas e ausência de estímulos concretos. “A tão esperada recuperação sazonal de preços no segundo semestre, que em anos anteriores servia de alívio para produtores e indústrias, torna-se cada vez menos provável”, lamenta o analista e consultor de Safras & Mercado, Evandro Oliveira.
O cenário é marcado por uma conjunção de fatores negativos: ampla disponibilidade de estoques, exportações ainda aquém do necessário e concorrência externa crescente. “Propostas, que meses atrás alcançavam até R$ 84 por saca de 50 quilos CIF porto, agora se limitam a R$ 70–71 por saca, representando perda clara de competitividade e ajuste forçado do mercado à nova realidade de excesso de oferta”, exemplifica o analista.
De acordo com dados oficiais do Secex/MDIC, o Brasil exportou em agosto um total de 195,3 mil toneladas (base casca), sendo 64,6 mil t do casca e 88,2 mil t do beneficiado (majoritariamente quebrados). Do lado das importações, o país recebeu 132,4 mil toneladas (base casca), com destaque para 86,4 mil t de arroz beneficiado e 5,4 mil t do casca.
No acumulado da temporada comercial 2025/26 (março a agosto), as exportações somam 839,8 mil toneladas, crescimento de 19,6% em relação às 702,1 mil toneladas do ciclo anterior. Já as importações recuaram 8,8%, totalizando 765,35 mil toneladas, contra 838,88 mil toneladas no mesmo período de 2024.
“O saldo desse movimento foi um superávit de 74,46 mil toneladas entre março e agosto, revertendo o déficit de 136,78 mil toneladas registrado no mesmo intervalo do ano anterior”, lembra o consultor. “Embora o resultado represente avanço expressivo na balança comercial, ele ainda é insuficiente para compensar o excesso de produto disponível no mercado interno”, completa.
A média da saca de arroz no Rio Grande do Sul (58/62% de grãos inteiros, pagamento à vista) encerrou a quinta-feira cotada a R$ 67,49, queda de 1,96% em relação à semana anterior. Na comparação com o mesmo período do mês passado, a baixa era de 2,51%, enquanto, em relação a 2024, a desvalorização atingia 42,99%.
Fonte: Rodrigo Ramos/ Agência Safras News