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Argentina perde espaço nas exportações mundiais do complexo soja

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Pelas projeções atuais, a participação do farelo de soja argentino no comércio internacional deve cair para menos de 40% na safra 2020/21, mínimo em duas décadas

O principal produto de exportação da economia Argentina,  teve sérias dificuldades na atual safra devido à combinação de menor demanda de energia devido à pandemia, às margens negativas de processamento que prevaleceram durante boa parte da safra e os conflitos sindicais que atrapalharam o comércio entre dezembro e meados de janeiro.

Embora se espere uma ligeira recuperação no volume de esmagamento de soja para a nova safra, isso não seria suficiente para impulsionar a participação do complexo soja argentino no comércio internacional, que cairia pelo segundo ano consecutivo, a um patamar de 16% .

De 1990 para cá, a única vez que a participação do complexo soja argentino nas exportações mundiais ficou abaixo dessa marca foi na safra 2017/18, quando uma seca brutal dizimou a produção nacional de soja, que chegava a apenas 35 milhões de toneladas. Esses 16% também são metade do recorde de 32% que nosso país conseguiu alcançar na safra 2007/08, quando a Argentina conseguiu se firmar como o principal fornecedor de soja e derivados do mundo.

Até a safra atual, o maior exportador global é o Brasil, cuja participação no comércio atingiu o recorde de 45%. Os Estados Unidos, por sua vez, perderam participação relativa nas últimas décadas, apesar da expectativa do USDA de que na nova safra 2020/21, em acordo com a China, a participação de mercado do complexo soja norte-americano suba 5 pontos percentuais (pp), às custas da queda na relação da Argentina em 2 pp e no Brasil em 3 pp.

A queda da participação Argentina no comércio internacional de grão, farinha e óleo de soja é sustentada pela queda nos dois primeiros, já que o óleo é o único dos três produtos para o qual se projeta crescimento dos embarques nacionais na próxima safra. A seguir, cada um deles será analisado individualmente.

Embora a Argentina continue a ser o principal fornecedor de farelo de soja para o mundo, com exportações estimadas para a nova safra em torno de 26,5 milhões de toneladas (bem acima dos 16,8 Mt com que o Brasil contribuiria e dos 13 Mt americanos), a participação relativa total do país no mundo cairia abaixo de 40% pela primeira vez desde a safra de 2000/01, há exatamente 20 anos.

Participação nas exportações de farelo de soja da Argentina, Brasil e EUA no comércio mundial. Fonte: BCR

Em comparação com o máximo histórico registrado na safra 2016/17, a participação de mercado do farelo de soja argentino no comércio mundial perdeu quase 10 pontos percentuais, uma queda muito acentuada que tem sido aproveitada tanto pelo Brasil quanto pelos Estados Unidos.

Estados Unidos recupera parte do mercado cedido ao Brasil na exportação de soja

Acordo com a China por meio do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos espera que a América do Norte embarque na nova safra 2020/21 mais de 60 milhões de toneladas, um recorde histórico que representa uma participação nas exportações mundiais de 36%, a maior proporção na últimos 3 anos.

O Brasil, por sua vez, ainda seria responsável pelo abastecimento de 50% do mercado mundial de soja, um pouco abaixo dos 56% alcançados na campanha 2019/20.

Com uma previsão de embarques de soja de 6,5 milhões de toneladas, por sua vez, a participação da Argentina no total mundial cairia para 4% no novo ciclo. De 1997 para cá, em apenas um ano a participação no mercado argentino ficou abaixo dessa marca, a campanha de seca de 2017/18

Exportações de soja em grão. Fonte: BCR

Óleo de soja, único segmento em que cresce a participação da Argentina no comércio internacional

Com o abastecimento de 47% do consumo mundial, a Argentina recupera sua participação no comércio ante os 45% que representou na safra 2019/20, embora ainda longe do recorde de 57% que conseguiu atingir em 2005/06 e  2006/07. Condicionado pela menor demanda interna da indústria de biodiesel, o maior saldo exportável de óleo permite consolidar um crescimento nos embarques mesmo com a queda nos embarques tanto de grão quanto de farelo de soja.

As exportações projetadas acima de 5,5 milhões de toneladas de óleo de soja argentino estão em todo caso bem acima tanto dos 1,15 Mt que o Brasil embarcaria quanto dos 1,25 Mt dos EUA (em ambos os casos, 10% do total mundial).

Globalmente, o comércio internacional de óleo de soja ultrapassaria a marca de 12 milhões de toneladas pela primeira vez na história, o que representa um crescimento de 14% em relação à média expedida na última década.



Exportações Mundiais de óleo de soja. Fonte BCR
Fonte: Adaptado de Bolsa de Comércio de Rosário
Redação: Equipe Mais Soja

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