Os efeitos socioeconômicos e ambientais da produção de soja em sistemas metacoplados são tema de artigo publicado nesta segunda-feira (20), na seção de Relatórios Científicos da  Nature . Os autores avaliam empiricamente os efeitos da produção e do comércio da cultura sobre o desmatamento e o crescimento econômico dos municípios na região de Mato Grosso, fortemente influenciada pelos mercados nacional e internacional.

Segundo os pesquisadores, as interações entre a sociedade e o ambiente dentro e fora das fronteiras são agora mais influentes do que nunca, desafios de sustentabilidade sem precedentes. Por isso, propõe uma estrutura do metacoplamento, ou metacoupling, baseado nessas interações, para uma avaliação em diversas escalas temporais e espaciais. “Compreender as interações entre esses sistemas acoplados e seus múltiplos efeitos é crucial para orientar os processos de tomada de tomada de decisão ao desenvolvimento socioeconômico nas fronteiras agrícolas”, alertam.

O artigo é resultado do projeto “Revelando Sistemas Socioecológicos Metacoplados”, financiado pela agência governamental National Science Foundation e coordenado pela Universidade Estadual de Michigan (MSU, do inglês Michigan State University), dos Estados Unidos. São autores Ramon Felipe Bicudo da Silva, Andrés Viña e Emilio F. Moran, da MSU, Yue Dou, da Universidade Livre de Amsterdã, na Holanda, Mateus Batistella, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Embrapa Informática Agropecuária, e Jianguo Liu, da MSU. Silva também é professor no programa de doutorado em Ambiente e Sociedade da Unicamp e Viña integra ainda na Universidade da Carolina do Norte (EUA).

A principal diferença apontada pelos pesquisadores é que a maioria dos estudos desse tipo aborda apenas os impactos das interações distantes, chamadas de teleacoplamentos. São poucos os que consideram os efeitos complementares e interdependentes dessas interações dentro de sistemas acoplados e entre os sistemas adjacentes. Dessa maneira, eles verificaram os benefícios socioeconômicos e os impactos ambientais, como o desmatamento, tanto nos produtores de soja em Mato Grosso como naqueles recebidos na vizinhança.

“Esses resultados mostram que, enquanto os benefícios econômicos da produção de commodities agrícolas para os mercados globais tendem a ser, seus custos ambientais tendem a ser espacialmente generalizados”, afirmam os pesquisadores na publicação. Eles ressaltam que quase todos os lugares do mundo estão atualmente interconectados por meio de fluxos crescentes de pessoas, bens, capitais e informações.

Embora essas interconexões já existam há muito tempo, elas aumentaram consideravelmente nas últimas décadas, um exemplo da produção mundial de alimentos que dobrou nos últimos trinta anos. Assim, a dinâmica atual de mudança no uso e cobertura da terra está sendo moldada por novas janela, como a demanda cada vez maior por commodities globalizadas. Isso representa desafios sem precedentes para a gestão sustentável dos recursos naturais e o comércio internacional da soja pode servir de parâmetro para uma melhor compreensão desse processo e seus desafios.

Com uma visão mais abrangência dos impactos da produção de soja na região, os gestores públicos podem desenvolver políticas públicas e criar mecanismos que favoreçam o desenvolvimento não só dos grandes centros produtores, onde além da produção de grãos já existe uma estrutura mais consolidada do agronegócio como revendas, consultorias, escritórios de empresas internacionais do agronegócio, serviços, fábricas de processamento de grãos, etc., mas que incluam as novas áreas produtoras emergentes, beneficiando também as locais locais. Entre as ações estão políticas de crédito agrícola, empreendedorismo e incentivo às pequenas e médias empresas, para atender à demanda dos produtores ao mesmo tempo em que ampliam a oferta de serviços e atraem mais investimentos para a região, destacam os pesquisadores.

Artigo

Leia o artigo completo “ Efeitos socioeconômicos e ambientais da produção de soja em sistemas metacoplados”, no site da Nature Scientific Reports.

Fonte: Embrapa

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