Apesar do aumento nos custos de produção e de um aumento de área mais tímido, a safra 2025/26 de soja – que terá o plantio iniciado neste mês – deverá novamente bater recorde. Com clima favorável, os sojicultores tem tudo para romper outra marca e colher mais de 180 milhões de toneladas.
A produção brasileira de soja em 2025/26 deverá totalizar 180,92 milhões de toneladas, com elevação de 5,3% sobre a safra da temporada anterior, que ficou em 171,84 milhões de toneladas. A estimativa é de Safras & Mercado. Em 11 de julho, data da estimativa anterior, a projeção era de 179,88 milhões de toneladas.
Safras indica aumento de 1,2% na área, estimada em 48,21 milhões de hectares. Em 2024/25, o plantio ocupou 47,64 milhões de hectares. O levantamento aponta que a produtividade média deverá passar de 3.625 quilos por hectare para 3.771 quilos.
“As revisões foram pequenas e, claro, que só o plantio e a colheita vão confirmar de fato a área plantada e a produtividade. Ainda assim, a expectativa segue de aumento de área, mas nada muito agressivo como já vimos em outros anos, até porque os custos estão mais altos e as dificuldades de financiamento podem limitar o uso de tecnologia”, aponta o analista e consultor de Safras & Mercado, Rafael Silveira.
No Rio Grande do Sul, a aposta é de recuperação e safra cheia, mas sem aumento de área. Apenas contando com um clima regular. Em outros estados pode haver uma produtividade um pouco mais acomodada. Mas com a área nacional crescendo perto de 1,2%, a produção tende a subir novamente.
No Centro-Oeste, não se espera grandes avanços de área, mas as perspectivas de produção continuam boas. O Mato Grosso do Sul, por exemplo, deve se recuperar das perdas de 2025. “Já em Mato Grosso, há expectativa de expansão de área, mas com menor uso de tecnologia, o que pode reduzir um pouco a produtividade. Ainda assim, continua sendo uma safra muito grande. No Nordeste, deve haver avanço de área junto a boas produtividades”, resume o analista.
Oferta e demanda
As exportações de soja do Brasil deverão totalizar 108 milhões de toneladas em 2026, contra 105 milhões em 2025, com uma elevação de 3%. A previsão faz parte do quadro de oferta e demanda brasileiro, divulgado por Safras & Mercado. Não houve alteração na projeção de 2026 anterior, divulgado em julho. Para 2025, Safras elevou o número em 1 milhão de toneladas.
Safras elevou a projeção de esmagamento de 59 milhões para 59,5 milhões de toneladas em 2026. Para 2025 o número foi aumentadode 57 milhões para 58 milhões de toneladas em 2025. A consultoria não aponta importação em 2026. Para 2025, o volume importado está previsto em 150 mil toneldas.
Em relação à temporada 2026, a oferta total de soja deverá subir 8%, passando para 188,29 milhões de toneladas. A demanda total está projetada por Safras em 170,9 milhões de toneladas, aumentando 3% sobre o ano anterior. Desta forma, os estoques finais deverão se elevar em 136%, passando de 7,37 milhões para 17,39 milhões de toneladas.
“Além das revisões na safra 2025 e na expectativa para 2026, os principais movimentos foram no esmagamento e nas exportações. Como ainda não há definição clara sobre a relação China x EUA e os chineses seguem sem grandes compras de soja americana, enquanto os line-ups brasileiros continuam fortes, aumentamos as projeções de exportação para 105 milhões de toneladas. O esmagamento deve ficar perto de 58 milhões de toneladas em 2025”, explica o analista de Safras, Rafael Silveira.
“Esse movimento retira algo próximo de 2 milhões de toneladas do balanço e aperta um pouco o estoque brasileiro de soja em relação ao que tínhamos antes, mas ainda assim o país deve carregar um estoque de passagem de 2025 para 2026 bastante alto, muito superior ao da temporada passada”, completa Silveira. “Já olhando para a safra nova, também é esperado um esmagamento forte, que reduz um pouco os estoques projetados. Mas, sem quebras de safra, o Brasil pode encerrar 2026 com estoques ainda maiores”, conclui.
Fonte: Dylan Della Pasqua / Safras News