Este estudo objetivou avaliar o controle de azevém (Lolium multiflorum) e Trapoeraba (Commelina spp.) pela aplicação de diferentes combinações de herbicidas.

Autores: Mariana Macedo¹; Cassiano Salin Pigatto¹; Roberto Costa Avila2; Anelise Lencina da Silva3; André da Rosa Ulguim4; Cleiton José Ramão5; Filipe Selau Carlos6

Introdução

As plantas daninhas necessitam, para seu desenvolvimento, dos mesmos recursos exigidos pela cultura, podendo causar interferência direta, devido a competição por nutrientes minerais essenciais, luz e água; e interferência indireta, sendo hospedeiras alternativas de doenças (NUNES et al., 2002) e nematoides (INSERRA et al., 1989), reduzir qualidade de sementes e dificultar as operações de colheita das culturas importantes ao agronegócio. A competição se torna mais intensa conforme o grau de infestação e a semelhança entres as espécies quanto a utilização dos recursos (SILVA & DURIGAN, 2006).

Para evitar as perdas provocadas pelas plantas daninhas, o seu manejo é fundamental em muitos sistemas agrícolas, em que a utilização de herbicidas é alternativa. Destaca-se, porém, o frequente aumento dos relatos de biótipos de espécies de plantas daninhas resistentes aos herbicidas comerciais, havendo a necessidade de integração de métodos ou alterações no uso de herbicidas para atingir êxito. Ademais, é frequente também os relatos do aumento da incidência de plantas daninhas tolerantes nos sistemas agrícolas, sobretudo ao glifosato em virtude das tecnologias de culturas resistentes a esse herbicida.

A utilização de herbicidas com diferentes mecanismos de ação em aplicações sequenciais ou em mistura é alternativa para reduzir a pressão de seleção de resistência e tolerância, para que assim, ocorra um controle efetivo a longo prazo e se possa prevenir a evolução desses fenômenos (VIEIRA JÚNIOR et al., 2015). Em vista do exposto, este estudo objetivou avaliar o controle de azevém (Lolium multiflorum) e Trapoeraba (Commelina spp.) pela aplicação de diferentes combinações de herbicidas.

Material e Métodos

Foi conduzido experimento a campo, em área comercial no município de Uruguaiana, no ano de 2016. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, com quatro repetições, cujas unidades experimentais constaram de parcelas com as dimensões de 15 m² e área útil de 10 m². O fator de tratamento constou de diferentes combinações de herbicidas, totalizando 10 tratamentos (Tabela 1).

Tabela 1. Descrição dos tratamentos herbicidas e doses utilizadas. Uruguaiana, 2016.

A aplicação dos tratamentos foi realizada após a colheita da cultura da soja, com auxílio de pulverizador costal, pressurizado a CO2, calibrado para proporcionar um volume de aplicação de 120L ha-1, munido de pontas de pulverização do tipo leque 110.01. A infestação das plantas daninhas na área foi de ocorrência natural, sendo que no momento da aplicação, a s plantas de trapoeraba apresentavam estatura média superior a 30 cm e o azevém apresentava-se entre 3 folhas até 1 perfilho.

A variável analisada foi o controle de azevém e trapoeraba aos 35 dias após a aplicação dos tratamentos herbicidas (DAT). Destaca-se que após a aplicação, houveram períodos de temperaturas baixas com ocorrência de geadas que interferiram no desenvolvimento de trapoeraba, sendo verificado esse efeito nas plantas da testemunha sem aplicação, atribuindo-se o valor médio de 60% de dano à esse tratamento. As avaliações de controle foram realizadas em escala percentual, em que 0 (zero) representou ausência de injúrias e 100 (cem), a morte das plantas. Os dados foram submetidos à análise da variância (p≤0,05) e quando significativo, foram comparados pelo teste de Tukey (p≤0,05).

Resultados e Discussão

A análise da variância evidenciou significância do fator de tratamento para a variável analisada. Observou-se de forma geral, que o controle de azevém foi menor quando da ausência do herbicida glifosato na mistura, indicando não haver resistência dessa planta daninha a esse herbicida na área (Tabela 1). A combinação de 2,4-D + metsulfurom (T2) demonstrou se ineficiente no controle de azevém (< 9%), não diferindo da testemunha (T1) que não recebeu aplicação. Para trapoeraba observou-se que todos os tratamentos que incluíram flumioxazin, saflufenacil e/ou glifosato em sua composição evidenciaram resposta superior a 95% de controle (Tabela 2).

Tabela 2. Controle (%) de azevém (Lolium multiflorum) e trapoeraba (Commelina spp.) avaliado aos 35 dias após a aplicação dos tratamentos (DAT). Uruguaiana, 2016.

Por sua vez, o tratamento envolvendo a associação de glifosato + carfentrazone (T10) foi o único em que verificou-se 100% de controle, caracterizado pela necrose das plantas sem a verificação de partes verdes em colmos e folhas. Destaca-se, assim, que a aplicação de herbicidas inibidores da protoporfirinogenio oxidase (PROTOX) em mistura foram os que promoveram os melhores controles. Ressalta-se, todavia, que não verificou-se diferença entre os tratamentos T3 a T10, sendo todos superiores à testemunha sem aplicação de herbicidas (Tabela 2).

Conclusão

A aplicação de glifosato em mistura com outros herbicidas promoveram controle eficiente de azevém. A mistura com inibidores da PROTOX promove controle eficiente de trapoeraba.


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Referências

INSERRA, R.N.; DUNN, R.A.; MCSORLEY, R.; LANGDON, K.R.; RICHMER, A.Y. Weed hosts of
Rotylenchulus reniformis in ornamental nurseries of Southern Florida. Nematology Circular, Gainesville, n.171, 1989.

NUNES, C.D.M.; BRANCÃO, N.; RODRIGUES, R.S.; REIS, J.C. Ocorrência de brusone no azevém em diferentes locais do RS, Brasil. Fitopatologia Brasileira, Brasília, v.27, p.231, 2002.

SILVA, M. R. M.; DURIGAN, J. C. Períodos de interferência das plantas daninhas na cultura do arroz de terras altas. I – Cultivar IAC 202. Planta Daninha, v. 24, n. 4, p. 685-694, 2006.

VIEIRA JÚNIOR, N.S.; JAKELAITIS, A.; CARDOSO, I.S; REZENDE, P.N.; MORAES, N.C.; ARAÚJO, V.T. Associação de herbicidas aplicados em pós-emergência na cultura do milho. Global Science and Technology, v.8, n.1, p.1-8, 2015.

Informações dos autores

¹ Acadêmicos do Curso de Agronomia, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria/RS.

Acadêmico de pós graduação do Curso de Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria/RS.

Acadêmica de pós graduação do Curso de Agronomia, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria/RS.

Professor do Departamento de Defesa Fitossanitária, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria/RS.

Eng. Agr. MSc., Extensionista do Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA), Uruguaiana/RS.

Professor do Departamento de Solos, Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pelotas/RS.

Disponível em: Anais do II Congresso Online para Aumento de Produtividade do Milho e Soja (COMSOJA), Santa Maria, 2019.

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