O mofo-branco é uma das mais antigas doenças da soja, ocorrendo em diversas regiões produtoras do Brasil. A doença teve rápido crescimento na cultura da soja nos últimos anos, ocasionando perdas de até 70% na produtividade.

Já, Furlan (2005) cita que, em condições de clima favorável para o desenvolvimento do fungo, uma lavoura pode sofrer, em média, perdas que podem variar de 30% a 100 % em períodos chuvosos e quando não forem tomadas medidas preventivas de controle. Na soja, a maior incidência vai da floração plena (estádio R2) ao início da formação de grãos (estádio R5).


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A doença é causada pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum, apresenta alto potencial de prejuízo à cultura da soja quando as medidas de manejo não são realizadas de forma adequada. Esta doença é hospedeira em mais de 400 espécies de plantas registradas, entre as quais estão a cultura do feijão, algodão, tomate industrial, girassol, batata, crotalária, e outras espécies de hortaliças, com exceção das gramíneas.

Estima-se que mais de 20% da área de produção de soja brasileira esteja infestada pelo patógeno, compondo cerca de 7 milhões de hectares que necessitam da adoção de medidas de controle da doença atualmente.

O fungo é capaz de infectar qualquer parte da planta de soja, porém, as infecções iniciam-se com mais frequência a partir das inflorescências, das axilas dos pecíolos e dos ramos laterais. O patógeno pode atacar toda a parte aérea da planta, afetando folhas, hastes e vagens.

Em condições de umidade prolongada e temperaturas entre 10°e 21°C, os escleródios presentes no solo (estruturas de sobrevivência do fungo que podem sobreviver por até cinco anos à espera de condições favoráveis) germinam, dando origem aos apotécios.

Entre as recomendações de controle da doença, destaca-se o manejo da palhada, que serve de barreira física para passagem de luz até ao solo, fator importante para que ocorra a germinação do patógeno, formando assim um empecilho que acaba evitando a disseminação do fungo.

Na tabela 1, Feller (2014) avaliou a incidência de mofo-branco (%) na cultura da soja, em experimentos conduzidos sobre palhada de aveia, centeio e triticale nas regiões de Guarapuava e Palmas – PR, na safra 2012/2013.

Fonte: Feller (2014).

Nesse experimento, pode-se verificar que a testemunha apresentou incidência da doença bem mais elevada, comprovando que o uso da palhada tem resultado significativo no controle do mofo-branco. A palhada de centeio reduziu em 92,31%; 88,44% e 77,66% a incidência do mofo-branco nas avaliações INC1, INC2 INC3, respectivamente, em relação à testemunha em Palmas.

Pensando nisso, na terceira temporada do Dicas Mais Soja, a pesquisadora e fitopatologista da CCGL TEC, Caroline Wesp Guterres, comenta sobre as condições ideais para o desenvolvimento do mofo-branco e o manejo adequado para prevenção e controle da doença.



A pesquisadora destacou que a doença pode ser transmitida via semente, em virtude de poder estar associada à semente o escleródio, que é a estrutura de sobrevivência do fungo causador da doença, podendo também ter uma taxa de infecção associada ao micélio presente nas sementes, onde não se visualiza o escleródio mas também pode ser uma forma de contaminação.

Outra fonte de introdução da doença nas lavouras tem sido através de culturas utilizadas no inverno como o nabo e a canola, onde muitas vezes os produtores não dão muita atenção à qualidade dessas sementes que podem estar sendo uma fonte de introdução da doença nas lavouras.

Conforme cita a pesquisadora, essa doença geralmente ocorre em anos de maior umidade e temperaturas mais amenas nas lavouras, mas que é de extrema importância, pois pode reduzir de 20 a 35% da produtividade em condições normais, porém, em anos de condições favoráveis e mais severas, essa redução pode ser maior que 70%, podendo chegar a 100% de redução da produtividade.

Para o controle do mofo-branco, várias medidas são necessárias, segundo a pesquisadora, não havendo apenas uma medida que unicamente poderá resolver o problema da doença na lavoura. O ideal é evitar com que a doença seja introduzida na lavoura, atentando sempre para a qualidade das sementes que são inseridas na área.

Porém, quando a doença já está instalada na lavoura, algumas medidas podem ser recomendadas, como as seguintes:

  • Trabalhar a população e densidade de maneira que em anos mais chuvosos tenha-se uma população e uma densidade menores;
  • Realizar a rotação de culturas, principalmente utilizando gramíneas, tanto no verão como no inverno;
  • Manter sempre o solo coberto por palha pois a cobertura do solo evita com que a estrutura do fungo consiga chegar até as flores da soja, que é o principal sítio de infecção da doença;
  • Utilização de controle químico, tendo-se sempre em vista de que os produtos utilizados para o controle de mofo não são os mesmos utilizados para controle de outras doenças, sendo esses bem específicos como Fluazinam, Procimidona e Dimoxistrobina, que apresentam maior eficiência, com média de 80% de controle, sendo que medidas adicionais também são necessárias em virtude de não termos um controle 100% efetivo;
  • Controle biológico;
  • Escolha de cultivares com porte mais ereto e menor engalhamento.

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Sendo assim, para evitarmos que o mofo perpetue de uma safra para outra, a pesquisadora coloca que um bom manejo é fundamental e que não devemos utilizar apenas do controle químico para o controle da doença, uma vez que esses produtos não apresentam 100% de eficiência, devendo-se também ajustar a população e densidade de plantas, trabalhando-se sempre com a rotação de culturas.

Para ouvir a conversa da pesquisadora com o Mais Soja, assista o vídeo abaixo.

https://www.facebook.com/maissoja/videos/2577885192482697/?t=253



ElaboraçãoEquipe Mais Soja.


Foto de capa: Maurício Meyer

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