O monitoramento e controle de pragas na cultura da soja é fundamental em todos os estádios do desenvolvimento visando evitar perdas qualitativas e quantitativas dos grãos ou sementes. Nos estádios iniciais do ciclo de desenvolvimento da cultura é essencial atentar para pragas que possam causar reduções no estande de plantas ou comprometer o desenvolvimento da cultura.
Embora distintas condições ambientais e de cultivo possam resultar na incidência de diferentes pragas nas lavouras sojícolas brasileiras, algumas pragas são comumente encontradas no início do desenvolvimento da soja e precisam de atenção especial, tais como lagartas e corós. Dentre as lagartas mais comuns destacam-se a lagarta-rosca (Agrotis ípsilon); a Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus) e as lagartas do gênero Helicoverpa.
Figura 1. Principais pragas incidentes sobre a cultura da soja.

Os principais danos ocasionados pela lagarta-rosca estão relacionados com o corte das plantas jovens, reduzindo o estande de plantas. As lagartas possuem hábito noturno, escondendo-se durante o dia no solo, o que dificulta a visualização da praga. Podem atacar plântulas ou plantas já desenvolvidas, contudo, de modo geral a maior ocorrência do ataque da praga está direcionada a plantas no início do desenvolvimento.
Figura 2. Lagarta-rosca.

A lagarta-elasmo por ser um inseto polífago podem ser encontrados inclusive nas culturas de cobertura que antecedem o cultivo da soja, tais como trigo, aveia, a cevada entre outras. As principais consequências do ataque da praga são a raspagem das folhas pela alimentação da lagarta e a murcha das plantas em virtude da obstrução da passagem de água e nutrientes do solo para a parte aérea da planta.
Após a eclosão, as larvas alimentam-se inicialmente de matéria orgânica ou raspam o tecido vegetal para em seguida, penetrarem no colo da planta, um pouco abaixo do nível do solo, onde constroem uma galeria ascendente. Próximo ao orifício de entrada na planta, as larvas tecem um casulo formado de excrementos, restos vegetais e partículas de terra, sintomas que caracterizam a presença da praga na área. (Ávila & Grigolli, 2014)
Ávila & Grigolli (2014) destacam que o período da emergência até os estádios V2 – V3 são os períodos de maior susceptibilidade da cultura á praga.
Figura 3. Lagarta-elasmo.

As lagartas do gênero Helicoverpa apresentam alta capacidade destrutiva, podendo se alimentar de qualquer estrutura da planta, cotilédones, caules, folhas etc. Além disso, a praga apresenta alta capacidade de reprodução. Nos estádios iniciais do desenvolvimento da soja, devido ao consumo desordenado de plantas pode causar severas reduções no estande de plantas comprometendo a viabilidade do cultivo. Segundo Ávila & Grigolli (2014), além de caules e folhas, a praga pode atacar vagens e grãos, no período reprodutivo da cultura também pode consumir flores. Sendo assim, o monitoramento da praga desde o período inicial do desenvolvimento da soja é fundamental para o adequado posicionamento de produtos e controle da lagarta visando reduzir perdas de produtividade da soja.
Os danos ocasionados pelos coros estão relacionados com a redução do sistema radicular das plantas. As pragas podem se alimentar do sistema radículas da soja ou até mesmo dos nódulos fixadores de nitrogênio das raízes da soja. Quanto maior intensidade da infestação ou mais jovens as plantas, maiores os danos ocasionados pelas pragas. Segundo Ávila & Grigolli (2014) altas infestações da praga podem comprometer até 100% da viabilidade da lavoura.
Com a redução do sistema radicular das plantas a absorção de água e nutriente do solo fica comprometida, prejudicando o crescimento e desenvolvimento das plantas ou até mesmo inviabilizando a sobrevivências dessas. Dentre as principais espécies da praga destacam-se o coró-da-soja (Phyllophaga cuyabana) e o coró-da-soja-do-cerrado (Phyllophaga capillata).
Figura 5. Phyllophaga cuyabana

Tanto as lagartas quanto corós podem causar sérias perdas de produtividade na cultura da soja, causando reduções significativas no estande de plantas e comprometendo a viabilidade e rentabilidade do cultivo. Cabe destacar que assim como essas, outras pragas podem incidir sobre a cultura como lesmas, caracóis, besouros e percevejos. Os percevejos no período inicial do desenvolvimento da cultura não causam perdas significativas na produtividade, contudo, assim como para as demais pragas o monitoramento e identificação das espécies é fundamental para definir o momento de controle e o posicionamento de produtos.
Dentre as medidas de controle das lagartas e corós, pode-se destacar a rotação de culturas e o tratamento de sementes com inseticidas que proporcionem efeito residual. Outra alternativa de manejo é a utilização de inseticidas na dessecação das culturas de cobertura antecedendo a semeadura da soja.
Veja também: Recomendações para manejo de corós no Cerrado
Referências:
ÁVILA, C. J.; GRIGOLLI, J. F. J. PRAGAS DA SOJA E SEU CONTROLE. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Soja 2013/2014, 2014.
SEMENTES AGROCERES. MANUAL DE PRAGAS DO MILHO, SOJA E ALGODÃO. Tecnology Developmet by Monsanto, Sementes Agroceres.