O ritmo de plantio de soja neste início da safra 2019/2020 está lento na maioria das praças acompanhadas pelo Cepea na comparação com o mesmo período do ano passado, devido ao baixo volume de chuvas. O atraso pode atrapalhar produtores que optarem por semear o milho segunda safra.

No Paraná, enquanto Ponta Grossa apresenta ritmo de plantio parecido ao do ano passado, com 60% semeado, Cascavel e Londrina seguem atrasados. A primeira região tem 85% da área semeada, com necessidade de replantio em algumas áreas, frente a 100% no ano passado. Em Londrina, o semeio alcançou 30% do total, frente a 50% no mesmo período de 2018 – nessa região, o plantio se dá mais tardiamente.

Em Mato Grosso e Goiás, as atividades atingiram entre 25% e 30% da área, frente a 50% no ano passado. Em Dourados (MS), o ritmo de plantio registra atraso expressivo em relação ao ano passado, de apenas 12% neste ano, contra 50% em 2018.

Segundo dados do Cptec (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos), o volume de precipitação em setembro e no início de outubro foi inferior ao do mesmo período do ano passado nas principais regiões produtoras da oleaginosa, variando de 50 a 100 mm de chuva para os estados do Sul e com média de 50 mm para Mato Grosso e Goiás, fato que explica o atraso do plantio. Vale ressaltar que o inverno também foi bastante seco, o que prejudica o desenvolvimento inicial das plantas.

Outubro tende a ser um período em que o ritmo de semeadura se recupera, visto que maiores volumes de chuvas são esperados nas regiões produtoras e há grande capacidade das máquinas em realizar as operações. Os estados do Nordeste devem iniciar
o plantio entre o final de outubro e o início de novembro, com exceção de Balsas, no
Maranhão, cujo calendário se assemelha ao do Centro-Oeste.

Apesar de o plantio de soja ainda estar dentro de uma janela ideal para a cultura, produtores devem considerar o risco de algum contratempo, como veranico, diminuindo a chance de recuperação da cultura instalada e, como consequência, a produtividade, visto que aqueles que optam por realizar o plantio de segunda safra utilizam cultivares de soja precoces.

O atraso do plantio da primeira safra pode prejudicar economicamente os produtores que optam por semear o milho segunda safra, uma vez que parte dessa cultura pode ser plantada fora da janela ideal. A diminuição desse período implica em menores áreas para semeadura, aporte em tecnologia de sementes e, consequentemente, menor produtividade.

Gráfico 1. Produtividade média de milho 2ª safra por região de acordo com a época de semeadura. Fonte: Projeto Campo Futuro CNA. | Elaboração: Cepea-Esalq/USP/CNA.

Segundo dados do Projeto Campo Futuro da CNA, nas safras 2016/2017 e 2018/2019, o produtor obteve produtividade do milho segunda safra mais elevada frente a 2015/2016 e 2017/2018, quando o semeio de primeira safra se deu mais tardiamente. Esse prejuízo na produtividade de milho segunda safra foi de, em média, 33,3 sc/ha, 33,9 sc/ha e 21,25 sc/ha para Goiás, Mato Grosso e Paraná, respectivamente, representando queda de 30% na produtividade, de modo geral.

Fonte: Projeto Campo Futuro CNA. | Elaboração: Cepea-Esalq/USP/CNA.

Considerando-se a possibilidade de a produtividade diminuir 30%, o preço pago ao produtor pela saca de milho deveria ser, em média, 43% maior para que ele consiga obter receita bruta semelhante à da safra passada.

Fonte: Projeto Campo Futuro.

O projeto Campo Futuro é executado pela CNA em parceria com o SENAR e o Cepea/USP.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.