Avaliação da pulverização na cultura de algodão utilizando a tecnologia eletrovortex em diferentes taxas de aplicação

O presente trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade de aplicação utilizando a nova tecnologia EletroVortex, constituída pela junção de assistência de ar e carregamento eletrostático, na pulverização de três diferentes taxas de aplicação, sendo essas 75L.ha^-1; 50L.ha^-1; 40L.ha^-1.

Autores: MARCELLA GUERREIRO WEHRLE¹, CRISTIANO OKADA PONTELLI², TIAGO BERNANDES FIRME³, DANIEL PETRELI⁴, RODRIGO GOMES MADEIRA⁵

Introdução

Dentre os desenvolvimentos tecnológicos, os direcionados a máquinas agrícolas vem ganhando cada vez mais espaço no Brasil, os agricultores atuais estão se conscientizando da necessidade de tecnologias para ganho operacional e principalmente melhoria na produtividade. Diversas pesquisam destacam esse desenvolvimento, Fernandes (2018) correlaciona a necessidade de produção mais ágil de alimento e sua qualidade ao desenvolvimento tecnológico, acredita que essa necessidade impulsiona o mercado de máquinas agrícolas, que busca por tecnologias de ponta e que resulte em rendimento operacional e boa produção. Novas estratégias para reduzir custos de produção ajudam a desenvolver os procedimentos agrícolas para que sejam mais eficientes (Oliveira & Dalchiavon, 2019).

As máquinas agrícolas vêm sofrendo um aumento do porte e modernização devido a necessidade de maior eficiência nas lavouras, resultando em maior capacidade de operação (ECEN, 2010).  Muitos agricultores estão aderindo à tendência da diminuição do volume de aplicação para elevar a capacidade de campo operacional, a fim de minimizar os custos e aumentar o aproveitamento do tempo útil dos conjuntos mecanizados. Antuniassi e Baio (2009) mencionam que ao reduzir o volume de aplicação, há diminuição do número de reabastecimentos, e por consequência, diminuição dos tempos perdidos em deslocamento e preparo de calda. Quanto maior o período em que o pulverizador realiza a aplicação de fato, maior será a área em que o equipamento aplica em um dia de trabalho.

Material e Métodos

O experimento foi realizado em Campo Novo do Parecis, estado do Mato Grosso- Brasil a 400 quilômetros de Cuiabá, fazenda com área produtiva de 51,59 mil hectares. Instalado sobre a cultura do algodão, cultivar 906 GLT precoce, na fase reprodutiva, com 99 DAE, no mês de abril no ano de 2018. Utilizou-se um pulverizador Uniport 3030 da marca Jacto constituído com a tecnologia EletroVortex (assistência de ar vortex e carregamento eletrostático). As soluções testadas foram compostas por água e corante azul brilhante na dose de 3 gramas por litro de água, preparou-se 3000 litros de calda. Utilizou-se um talhão de 200 hectares para efetuar a aplicação e coleta dos alvos, cada parcela representava um volume de estudo, totalizando 4 parcelas de 32 metros X 500 metros, inseridas dentro do talhão. Os volumes de aplicação testados foram 75L.ha^-1 aplicação convencional (sem acionar a tecnologia EletroVortex), 75L.ha^-1 aplicação com a tecnologia EletroVortex, 50L.ha^-1 com tecnologia EletroVortex e 40L.ha^-1 com tecnologia EletroVortex.

As pontas de pulverização utilizadas foram ATR 3,0 para taxa de aplicação de 75L.ha^-1 com pressão de trabalho de 104 psi, ATR 2,0 para taxa de aplicação de 50L.ha^-1 pressão de trabalho de 75 psi e taxa de 40L.ha-1 utilizou a ponta de pulverização ATR 1,5 na pressão de 106 psi, velocidade de trabalho de 25 km.h^-1durante todo o experimento e vento de saída (vortex) no nível 5 que representa em torno de 110 km.h^-1. No centro de cada parcela foram selecionados os pontos amostrais para coleta dos alvos, folhas do algodão, utilizados para avaliação quantitativa de depósito de calda. Coletou-se 10 folhas do estrato superior da planta e 10 folhas do estrato inferior, selecionando 9 plantas por parcela para coleta. Após coleta foram armazenadas em saco plástico transparente e lavadas com 60 mL de água destilada por saco, o líquido obtido dessa lavagem foram depositados em recipiente plástico com tampa e armazenados em caixa térmica de isopor. Os recipientes foram levados para laboratório e a determinação da quantidade do marcador depositada em cada amostra foi realizada com espectrofotômetro, o líquido obtido foi lido em comprimento de onda de 630 nm.

Após lavagem das folhas com água destilada as mesmas foram acondicionadas em scanner para obtenção da área foliar, imagens analisadas com o programa ImageJ. Os dados de absorbância coletados no espectrofotômetro foram transformados em µL de calda por mL de solução de lavagem, de acordo com coeficiente angular da curva padrão da calda de cada tratamento contendo o corante. Conhecendo-se o volume de água utilizado na lavagem das amostras, a concentração de corante em cada calda e a área foliar da amostra determinou-se a quantidade de corante em cada amostra, calculando-se seu valor em μg cm-2 (REZENDE, 2011). A análise comparativa dos tratamentos foi feita pelo programa estatístico Minitab 17, utilizando o teste de Tukey a 95%.

Resultados e Discussão

Os resultados obtidos por meio das leituras laboratoriais por espectrofotômetro, demonstram diferença nos depósitos de acordo com a taxa de aplicação selecionada. Na tabela 1, pode-se observar estatisticamente que a aplicação com 40L.ha^-1 e 50L.ha^-1 foram significativamente superior devido a um maior depósito em comparação a aplicação convencional com 75L.ha^-1. A utilização de tecnologias adicionadas ao pulverizador auxilia na obtenção de uma melhor qualidade e segurança na pulverização defensivos agrícolas. Pesquisas demonstram que a redução da taxa de aplicação requer otimização da tecnologia de aplicação para que mantenha uma qualidade e a eficiência das aplicações (SOUZA; CUNHA; PAVANIN, 2012).

Tabela 1. Análise estatística obtida pelo programa Minita17, teste de Tukey a 95%, na comparação do depósito entre os tratamentos testados.

Analisando os estratos das plantas separadamente pode-se observar o comportamento das diferentes   taxas de aplicação selecionadas. O depósito no estrato superior como mencionado anteriormente apresentou diferença entre as taxas pulverizadas, quando o volume reduzido em conjunto com a tecnologia EletroVortex apresenta depósito superior em comparação a quase o dobro do volume pulverizado em uma aplicação convencional (Figura 1). A redução da taxa de aplicação resulta em aumento da eficiência operacional das pulverizações (SILVA, 1999; ANTUNIASSI et al. 2002; BOLLER; MARCHRY, 2007), assim sendo taxas de aplicações menores aumentam a autonomia e a capacidade operacional dos pulverizadores (CUNHA et al., 2006; BAYER et al. 2011). Em comparação das médias de depósito entre os resultados com taxa de aplicação de 40L.ha^-1 em relação a aplicação convencional de 75l.ha^-1, obteve-se um ganho de depósito de 27%. Na figura 1 os resultados demonstram esse comportamento discutido.

Figura 1. Resultado do depósito no estrato superior das plantas com diferentes taxas de aplicação através da estatística no programa Minitab17.

Conclusões

A redução da taxa de aplicação demostra um comportamento positivo em relação ao depósito do defensivo agrícola na cultura. Pode-se observar que os resultados de depósito na planta utilizando os volumes de aplicação de 50L.ha^-1 e 40L.ha^-1 quando comparados com a pulverização convencional, sem a tecnologia EletroVortex apresentou melhores resultados, significativos estatisticamente. Assim sendo, pode-se concluir nesse experimento que a tecnologia EletroVortex apresenta um comportamento satisfatório de depósito com taxas de aplicação reduzidas, quando comparada a pulverizações convencionais.

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Referências

ANTUNIASSI, U. R., VEIGA, C. M., QUEIROZ, P. C. Caracterização tecnológica da aplicação de defensivos na cultura da soja em plantio direto no Brasil. Documentos – Embrapa Soja. Londrina, v.181, p.337-337, 2002.

ANTUNIASSI, U.R.; BAIO, F.H.R. Tecnologia de aplicação de agrotóxicos. In: VARGAS, L.; ROMAN, E.S. (Org). Manual de manejo e controle de plantas daninhas. 2.ed. Passo Fundo: Embrapa Trigo, 2009, p.173-212.

BAYER, T.; COSTA, I. F. D.; LENZ, G.; ZEMOLIN, C.; MARQUES, L. N.; STEFANELO, M. S. Equipamentos de pulverização aérea e taxas de aplicação de fungicida na cultura do arroz irrigado. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 15, n. 2, p.192–198, 2011.

BOLLER, W.; MARCHRY, M. Efeito da pressão de trabalho e de pontas de pulverização sobre a eficiência de herbicidas de contato em soja. Engenharia Agrícola, v. 27, n. 3, p. 722-727, 2007.

CUNHA, J.P.A.R.; REIS, E.F.; SANTOS, R.O. Controle químico da ferrugem asiática da soja em função de ponta de pulverização e volume de calda. Ciência Rural, Santa Maria, v.36, n.5, p.13601366, 2006.

ECEN (2010) - Economia e Energia. Indicadores de Produtividade de Capital na Agropecuária Brasileira. [cit. 2018.08.10]. http://www.ecen.com/eee77/eee77p/indicadores_produtividade_capital_agropecuaria.htm.

OLIVEIRA V. C. E DALCHIAVON F. C., Investimentos na aplicação de defensivos agrícolas na região do Médio-Norte do estado Matogrossense. Revista de Ciências Agrárias , 2019, 42(1): 283-293.

SILVA, O. C. Tecnologia de aplicação de fungicidas. In: CANTERI, M. G.; PRIA, M. D.; SILVA, O. C.(Eds.). Principais doenças fúngicas do feijoeiro. Ponta Grossa: UEPG, 1999. p. 127-137.

SOUZA, L. A.; CUNHA, J. P. A. R.; PAVANIN, L. A. Deposição do herbicida 2,4-D Amina com diferentes volumes e pontas de pulverização em plantas infestantes. Revista Ciência Agronômica, v. 43, n. 1, p. 78-85, jan-mar, 2012.

Informações dos autores

¹Engenheira Agrônoma, Doutora. Pesquisadora do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento, Máquinas Agrícolas Jacto, Pompéia/SP. marcella.jesus@jacto.com.br;

²Engenheiro mecânico, Doutor. Gerente linha Otmis. Centro de Pesquisa e Desenvolvimento, Máquinas Agrícolas Jacto, Pompéia/SP. pontelli@jacto.com.br;

³Engenheiro mecânico, Mestre. Centro de Pesquisa e Desenvolvimento, Máquinas Agrícolas Jacto, Pompéia/SP. tiago.firme@jacto.com.br;

⁴Engenheiro Agrônomo, aluno de pós-graduação na Faculdade de Ciências Agronômicas, UNESP, Botucatu/SP. Especialista de tecnologia de aplicação na empresa Máquinas Agrícolas Jacto, Pompéia/SP. daniel.petreli@jacto.com.br;

⁵Engenheiro mecânico. Gerente de automotrizes do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento, Máquinas Agrícolas Jacto, Pompéia/SP. madeira@jacto.com.br.