O manejo de plantas daninhas é fundamental para garantir boas produtividades. A competição de plantas daninhas com plantas cultivadas por água, nutrientes e radiação solar compromete a produtividade da lavoura, podendo segundo PALARO et al. (2013) comprometer até 70% da produtividade da soja.
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Com a ampla utilização de culturas com a tecnologia RR, ou seja que apresentam resistência ao herbicida glifosato, foi possível alavancar a produtividade de culturas como a soja, facilitando o manejo e controle de plantas daninhas com o uso da ferramenta. Segundo VARGAS; MORAES; BERTO (2007) o glifosato é um herbicida pós-emergente sistêmico, não seletivo utilizado para o controle de plantas daninhas e comercializado desde 1976 no Brasil.
No entanto, ao decorrer do tempo, a má utilização da ferramenta contribuiu para a seleção de plantas daninhas resistentes ao herbicida. Em Live no canal Embrapa – Radar da Tecnologia Soja, o Pesquisador da Embrapa Fernando Adegas, aborda o tema resistência de plantas daninhas a herbicidas e explica as principais causas e medidas e serem tomadas para minimizar o problema. Segundo Adegas, os principais fatores que conferem resistência de plantas daninhas a um dado herbicida são “uma pressão de seleção pela utilização de um mesmo herbicida ou mecanismo de ação e altas doses ou sub doses”
O mecanismo de ação ao qual o glifosato pertence é o EPSPS – inibidor da enzima 5-enolpiruvilshikimate-3-fosfato sintase. Atualmente, conforme destacado por Adegas, há 52 casos de resistência ao glifosato no brasil. Dentre os casos mais preocupantes, principalmente para as regiões Sul do Brasil, estão o da Buva (Conyza sp.), do Azevém (Lolium multiflorum) e do Capim-amargoso (Digitária insularis).
Figura 1. Conyza sp. em meio ao cultivo de soja.

Figura 2. Lolium multiflorum
Figura 3. Digitária insularis
Das plantas daninhas citadas acima Adegas chama atenção para o tipo de resistência pois algumas plantas possuem resistência simples (isolado) como é o caso do capim amargoso e outras apresentando resistência múltipla como a Buva e o Azevém (figura 4), fato que segundo Fernando Adegas dificulta o controle das plantas daninhas.
Figura 4. Lista de plantas daninhas com resistência Isolado (simples) e múltipla a Herbicidas.

No entanto é possível pensar em estratégias de manejo buscando diminuir a pressão de seleção do herbicida a essas plantas daninhas.
Para o manejo da Buva, VARGAS & GAZZIERO (2009) recomendam uma série de cuidados e práticas visando controlar a infestação de plantas resistentes, segundo os autores, é fundamental trabalhar a rotação de culturas e o manejo da buva na entressafra da soja, sendo essas uma das principais alternativas. Além disso, os autores ainda recomendam a não utilização de herbicidas com o mesmo mecanismo de ação por mais que duas vezes seguidas na lavoura, trabalhando assim, com a rotação de mecanismos de ação.
Uma das principais dificuldades de se controlar plantas daninhas é a alta capacidade de dispersão de sementes das espécies infestantes e com isso a ampla contribuição para o banco de sementes do solo, contudo, se realizado o controle no momento correto, diminui-se consideravelmente a disseminação da espécie. É fundamental realizar o controle quando as plantas daninhas estão em início do desenvolvimento. O controle após as plantas daninhas atingirem seu desenvolvimento reprodutivo tende a apresentar baixa eficiência, além disso em alguns casos a dispersão das sementes já pode ter ocorrido.
Figura 5. Buva em estádio inicial do desenvolvimento.

Figura 6. Buva em estádio reprodutivo.

Para o Azevém, VARGAS et al. (2015) atribui ao manejo da resistência de Azevém ao glifosato práticas como a utilização de sementes certificadas, além da rotação de mecanismos de ação de herbicidas e a eliminação de plantas daninhas “voluntárias” das áreas de cultivo, sendo esta última uma forma de evitar a dispersão de sementes. Segundo VARGAS et al. (2015) alguns herbicidas graminicidas (seletivo) são uma opção ao controle de Azevém principalmente no manejo de cultivos de inverno, sendo eles apresentados na Figura 7.
Figura 7. Herbicidas Graminicidas que controlam o Azevém resistente e sensível ao glifosato.

Já para o Capim-amargoso, PALARO et al. (2013) destaca que a maior eficiência de controle da planta daninha se dá com o uso de herbicidas pré-emergentes, visto a vulnerabilidade de fragilidade das plantas no estádio inicial do seu desenvolvimento. Contudo, assim como para as demais plantas daninhas aqui citadas, a rotação de mecanismos de ação de herbicidas, aliado à rotação de culturas e eliminação de plantas daninhas “voluntárias” é a melhor alternativa para o manejo das plantas resistentes.
Confira a Live onde onde o Pesquisador Fernando Adegas trata da resistência de plantas daninhas.
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Referências:
PALARO, V. W. et al. CONTROLE QUÍMICO DE BIÓTIPOS DE CAPIM-AMARGOSO RESISTENTES AO GLYPHOSATE. Rev. Ciências Exatas e da Terra e Ciências Agrárias, v.8, n.1, p. 43-50, ago. 2013.
VARGAS, L. et al. AZEVÉM RESISTENTE: MANEJO E CONTROLE. II Colóquio Internacional sobre Plantas Daninhas Resistentes a Herbicidas, 2015.
VARGAS, L; GAZZIERO, D. L. P. MANEJO DE BUVA RESISTENTE AO GLIFOSATO. Embrapa, Documentos, n.91, 2009.
VARGAS, L; MORAES, R. M. A; BERTO, C. M. HERANÇA DA RESISTÊNCIA DE AZEVÉM (Lolium multiflorum) AO GLYPHOSATE. Planta Daninha, Viçosa, v. 25, n. 3, p. 567-571, 2007.
Redação: Maurício Siqueira dos Santos – Eng. Agrônomo, equipe Mais Soja.