O uso de substâncias bioestimulantes na cultura da soja, principalmente com o intuito de promover o aumento da produtividade é frequentemente tema de debate, especialmente em virtude dos distintos resultados obtidos em pesquisas científicas, que hora comprovam incrementos produtivos, hora não demonstram contribuições significativas.
Cabe destacar que uma gama de substâncias bioestimulantes tem como base, algum hormônio vegetal. Embora existam vários, os mais conhecidos são as giberelinas, citocininas, auxinas, etileno e ácido abscísico. Além da substância bioestimulante empregada na soja, vale frizar que os efeitos dessas substancias sobre as plantas estão condicionados ao uma série de fatores, tais como condições ambientais, nutrição vegetal, estádio do desenvolvimento da planta em quem a produto é aplicado, entre outros…
Grande parte dos hormônios vegetais atuam como promotores do crescimento vegetal, entretanto, em períodos determinados por estímulos fisiológicos e/ou ambientais, podem exercer mais funções (figura 1). A giberelina por exemplo, está associada à quebra de dormência fisiológica de sementes, possibilitando o crescimento e desenvolvimento do embrião e, como consequência, a germinação e emergência da plântula (Mortele et al., 2011).
Figura 1. Níveis Hormonais da planta em função da etapa de desenvolvimento.

Diversos estudos têm sido desenvolvimento visando identificar os efeitos das substâncias bioestimulantes em culturas anuais como a soja. Normalmente os produtos disponíveis no mercado apresentam em sua composição associações de hormônios vegetais, bioestimulantes, micronutrientes e/ou aminoácidos.
Levando em consideração que os hormônios vegetais são essenciais para o crescimento e desenvolvimento vegetal, em tese, quando aplicados em momento adequado, frente as exigências da planta (figura 1), é possível que respostas positivas sejam observadas.
Analisando as repostas produtivas da soja em função do uso de reguladores vegetais (bioestimulantes), Carvalho; Viecelli; Almeida (2013) observaram incrementos de produtividade superiores a 34% com o uso do bioestimulante, quando comparado a testemunha. Os autores avaliaram a cultivar BMX Don Mario 5.8i RR (Apolo), submetida a diferentes doses do bioestimulante composto por Cinetina, Ácido Giberélico, Ácido4-Indol-3-Ilbutírico.
Conforme observado por Carvalho; Viecelli; Almeida (2013), o emprego do bioestimulante na dosagem de 1,0 L ha-1 resultou na maior massa de 1000 grãos e produtividade na soja, diferindo estatisticamente da testemunha. Na metodologia empregada pelos autores, foram realizadas três aplicações do bioestimulante, respectivamente em V5, R1 e R3, destacando a importância do momento de aplicação para que bons resultados sejam obtidos em função da aplicação do bioestimulante.
Figura 2. Peso de mil grãos (g), em relação à aplicação de Cinetina, Ácido Giberélico, Ácido4-Indol-3-Ilbutírico na cultura do soja.

Resultados similares, demonstrando não só o aumento da produtividade da soja, como também a melhoria de características fisiológicas das plantas, foram observados por Bertolin et al. (2010), que obtiveram resultados que demonstram que o emprego de bioestimulantes na cultura da soja proporciona incremento no número de vagens por planta e produtividade de grãos tanto em aplicação via sementes quanto via foliar, destacando a importante contribuição dessa ferramenta, não só para o incremento da produtividade da soja, como para a melhoria dos componentes de produtividade da cultura. Vale destacar que o bioestimulante utilizado por Bertolin et al. (2010) continha 0,009 % de cinetina, 0,005 % de ácido giberélico e 0,005 % de ácido indolbutírico (ambos hormônios vegetais), aplicado em V5, R1 e R5.
Analisando o efeito do regulador de crescimento PRO-GIBB em diferentes dosagens na fixação da florada da soja, Silva et al. (2017) observaram que independentemente da dose, quando comparado a testemunha, o bioestimulante (PRO-GIBB) giberelina GA3, proporcionou aumento da produtividade. Logo, fica evidente a contribuição dos bioestimulante, especialmente os a base de hormônios vegetais, para o aumento da produtividade da soja, principalmente quando aplicados em períodos adequados.
Referências:
BERTOLIN, D. C. et al. AUMENTO DA PRODUTIVIDADE DE SOJA COM A APLICAÇÃO DE BIOESTIMULANTES. Bragantia, Campinas, v.69, n.2, p.339-347, 2010. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/brag/a/Pq3LJZyT43zwynhCKy7WrXb/?format=pdf&lang=pt >, acesso em: 24/02/2023.
CARVALHO, J. C.; VIECELLI, C. A.; ALMEIDA, D. K. PRODUTIVIDADE E DESENVOLVIMENTO DA CULTURA DA SOJA PELO USO DE REGULADOR VEGETAL. Acta Iguazu, Cascavel, v.2, n.1, p. 50-60, 2013. Disponível em: < https://e-revista.unioeste.br/index.php/actaiguazu/article/view/8166 >, acesso em: 24/02/2023.
MOTERLE, L. M. et al. EFEITO DE BIORREGULADOR NA GERMINAÇÃO E NO VIGOR DE SEMENTES DE SOJA. Revista Ceres, v. 58, n. 5, p. 651-660, 2011. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/rceres/a/CdXw3mpVT6pPD7Q34vTDxXF/?lang=pt >, acesso em: 24/02/2023.
SILVA, B. F. et al. AVALIAÇÃO DO EFEITO DO REGULADOR DE CRESCIMENTO PRO-GIBB GIBERELINA GA3 EM DIFERENTES DOSAGENS NA FIXAÇÃO DA FLORADA DA SOJA (Glycine max). 6ª Jornada Científica e Tecnológica da FATEC de Botucatu, 2017. Disponível em: < http://www.jornacitec.fatecbt.edu.br/index.php/VIJTC/VIJTC/paper/viewFile/1273/1584 >, acesso em: 24/02/2023.