O mercado brasileiro de trigo opera em compasso de espera, com negociações pontuais e pouca liquidez, enquanto agentes aguardam o edital da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) dos leilões de apoio à comercialização via PEP e Pepro. Segundo o analista de Safras & Mercado, Elcio Bento, a combinação entre incertezas climáticas e avanço da colheita mantém um ambiente de cautela, no qual compradores e vendedores buscam um ponto de equilíbrio para os preços.
No Paraná, a colheita avança rapidamente, com produtores tentando concluir os trabalhos antes de chuvas mais intensas. Mesmo com precipitações recentes, relatos de campo apontam manutenção da qualidade do trigo.
“O peso hectolítrico, ainda que levemente afetado em algumas áreas, permite a mescla de lotes e a obtenção de padrão Tipo 1. A expectativa é de concluir os trabalhos até o fim de novembro, restando 10% a 15% da área a ser colhida”, relata Bento.
As cotações permaneceram estáveis na semana. Nos Campos Gerais, os preços CIF para moinhos ficaram entre R$ 1.200 e R$ 1.250 por tonelada no mercado spot. Em Curitiba, as indicações giraram em torno de R$ 1.230 por tonelada, enquanto negócios a R$ 1.250 por tonelada CIF em Ponta Grossa foram registrados para entrega e pagamento em janeiro.
No Rio Grande do Sul, o mercado também opera com baixa liquidez e poucas negociações. O ritmo da colheita depende diretamente das condições climáticas.
Conforme o analista, apesar do avanço no início da semana, a previsão de chuvas pode interromper temporariamente os trabalhos e mantém o setor apreensivo. As ofertas para moinhos locais variaram entre R$ 1.140 e R$ 1.150 por tonelada posto indústria, equivalentes a R$ 1.000 a R$ 1.030 por tonelada no interior, dependendo da praça e qualidade.
O trigo nacional segue negociado bem abaixo da paridade de importação. Em Ponta Grossa (PR), o cereal a R$ 1.180 por tonelada está R$ 134,09 abaixo da paridade hard para o Estado (R$ 1.314,09/t). Em Carazinho (RS), o trigo cotado a R$ 1.020 por tonelada está R$ 244,46 abaixo do valor de referência hard para o Rio Grande do Sul (R$ 1.264,46/t). “A distância entre os preços internos e os custos de importação evidencia a pressão de venda sobre a safra nacional”, explica Bento.
Fonte: Ritiele Rodrigues – Safras News




