O uso de tecnologias como o sistema plantio direto (SPD), com uso de plantas de cobertura do solo e a prática de rotação de culturas, podem representar opção viável para reduzir os impactos no uso intensivo do solo e favorecer as propriedades químicas, físicas e biológicas do solo (Carneiro et al., 2008; Silva et al., 2011).
A sua eficácia se relaciona, dentre outros fatores, à quantidade e qualidade dos resíduos culturais. Dessa forma, as plantas de cobertura precisam apresentar elevada capacidade de produção de fitomassa, seus resíduos devem apresentar persistência sobre a superfície do solo e, sobretudo, capacidade de promover significativa ciclagem de nutrientes (Crusciol et al., 2005).
No sistema plantio direto (PD), em virtude da localização dos fertilizantes adicionados, da concentração de resíduos vegetais e da menor erosão de solo, ocorre, na camada superficial, acúmulo de matéria orgânica, cálcio + magnésio, de fósforo e de potássio (Sá, 1993; De Maria et al., 1999; Matowo et al., 1999; Santos & Tomm, 1999; Silveira & Stone, 2001).
Em trabalho apresentado e publicado nos anais do XLVI Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola, sessão de Engenharia de Água e Solo (EAS), realizado em Maceió – AL, Brasil, no ano de 2017, os autores Ícaro Camargo de Carvalho, Leandro Pereira Pacheco, Andressa Selestina Dalla Côrt São Miguel, Drielli Cândida Carolino Rodrigues e Diego Willian Macedo avaliaram a ciclagem do Ca e Mg em culturas de cobertura em sistemas agrícolas sob SPD na região de Rondonópolis-MT.
Os tratamentos utilizados pelos autores foram:
T1 – Pousio Convencional (PC);
T2 – Urochloa ruziziensis (Crotalária);
T3 – Pennisetum glaucum (Milheto);
T4 – Milho + U. ruziziensis;
T5 – Girassol + U. ruziziensis.
Os resultados encontrados pelos autores podem ser observados na figura abaixo.
FIGURA 1. Acúmulo, decomposição e tempo de meia-vida do Cálcio (A) e Magnésio (B) da fitomassa de culturas de cobertura na safra 2015/2016 em Rondonópolis, MT.
Esses autores concluíram que os sistemas de produção implantados com a U. ruziziensis na entressafra, em ambos nutrientes, apresentou maior acúmulo de cálcio e magnésio em sua fitomassa. Os menores tempos de meia-vida foram encontrados na U. ruziziensis e Milho+U. ruziziensis, com maior liberação inicial para o solo.
O trabalho pode ser acessado nos Anais do XLVI Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola – Maceió – AL, 2017.
Nos trabalhos desenvolvidos por Sá (1993), com vários tipos de solo, no estado do Paraná, observou-se aumento de 9 a 27 % no teor de matéria orgânica no PD sobre o preparo convencional de solo. O acúmulo de matéria orgânica ocorreu na camada de 0-10 cm. De Maria et al. (1999), em Rhodic Ferralsol, em Campinas (SP), em PD, verificaram acúmulo de matéria orgânica, de P e de K, na superfície do solo (0-5 cm), em relação à camada mais profunda (10- 20 cm). Santos & Tomm (1999), no estado do Paraná, em Latossolo Bruno álico, em PD, observaram valores Ca + Mg trocáveis diminuíram na camada de 0-5 cm, em relação à camada de 15-20 cm. Silveira & Stone (2001), no estado de Goiás, em Latossolo Vermelho férrico, em PD, verificaram maiores teores de Ca + Mg, de P e de K na superfície do solo (0-10 cm) do que na camada de 10-20 cm.
Dessa forma, a implantação de culturas de cobertura na safrinha em sistema plantio direto (SPD) é de fundamental importância para a produção de fitomassa e ciclagem de nutrientes como o Cálcio (Ca) e o Magnésio (Mg). O Ca está relacionado à estruturação das células, por ser agente cimentante das microfibrilas. Já o Mg está principalmente ligado à molécula de clorofila, pois seu átomo está centralizado nessas moléculas (TAIZ E ZEIGER, 2013).
Elaboração: Andréia Procedi – Equipe Mais Soja.